sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Adoráveis porres....

Não beber tem uma série de vantagens. Não beber e ter amigos bêbados também. Cada saída é quase um estudo sociológico e muito material para futuros textos. Quem bebe nunca entendo como eu posso ficar tão confortável bebendo coca-cola em eventos etílicos, então me explico mais uma vez não bebo porque eu não gosto, nem do gosto das bebidas- acho cerveja pior que remedi- nem de ficar tonta. Se eu tiver dirigindo, por mim pode beber até cansar, não faço o gênero “sóbria xarope”, que fica regulando o porre alheio. Só tem um porém, não carrego bêbados e tenho dito.

Me divirto horrores assistindo os excessos alheios. Já vi gente não saber o caminho de casa. Incontados celulares caindo junto com seus respectivos donos em piscinas. Gente rolando pelo canteiro central da L4 gritando “Eu não dou conta”. Perdi a conta de quantas vezes escutei “Eu nunca mais vou beber na vida” enquanto vomitavam até a alma. Já vi uma galera pegando os mais ogros (ou ogras) da balada e chamar de “meu amor” – acho que bêbado fica meio cego. E sempre tem os que dormem em algum canto no fim da noite. O mais divertido são as ligações do dia seguinte “Eu fiz isso mesmo?”, eu ainda sou legal, pergunto “quer mesmo saber?”.

Algumas verdades

Bêbado não mente, perde filtros. “Bebida entra, verdade sai”
Deus protege os bêbados, mas tudo tem limite.
Bêbado pra dizer que “Eu tô bêbado”, é porque já ta pra lá de Bagdá três coqueiros.

Personagens

Bêbada barraqueira. Digo bêbadA, porque pela minha experiência isso é bem coisa de mulher mesmo. Resolvem brigar com o ex, o atual, a atual do ex, o futuro, a amiga... Enfim resolvem brigar com o mundo todo e ficam corajosas.

Bêbado carente. A criatura bebe duas cervejas e já ta abraçando e dizendo que ama, que você é o melhor amigo que ele já teve, melhor irmão e por aí vai. Ah sim nesse mesmo caso tem a galera que faz declarações de amor por aí.

Bêbado pegajoso. Pra mim esse é o pior tipo, ele não consegue terminar uma frase sem pegar em alguma parte do seu corpo. Mal consegue ficar em pé e vem abraça, cutuca, beija....eu hein!

Bêbado intelectual
. Aqueles que bebem e querem discutir os problemas mundiais, como crise econômica, falta de ética na política, hipocrisia das pessoas. Mais uma vez diz minha experiência que é melhor deixar a criatura divagar sobre suas soluções para o planeta.

Bêbado “verdadeiro”. Esse eu sempre achei meio balela, é aquele que começa a falar um monte de “verdades” para as pessoas, aquilo que nunca teve coragem de falar, mas como o grau etílico já ta lá na China resolve que agora pode. Sempre achei fingimento de gente covarde, mas...

Adoro bares e eventos etílicos. Tudo bem, detesto show openbar, mas um por alguns motivos. O povo tem um desapego pela bebida, afinal é só ir lá e pegar outra mesmo, nisso começa a cair cerveja e vodka por todo canto, incluindo em mim. Depois é um festival de gente passando mal com cerveja quente e destilado barato.

Mas tudo isso pra dizer que quem não bebe tem história pra contar SIM. E outra Bebida antes de matar HUMILHA, eu já vi muita gente se humilhando por aí....


Tatiana Coêlho

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Todo carnaval tem seu fim...

Eu sempre gostei de carnaval, desde quando eu era pequenininha do tamanho de um botão. Gostava de escolher fantasias, aprender as coreografias, imitar as passistas de escola de samba, assistir aos desfiles, ver o povo na rua...Enfim, a bagunça toda. Meus pais nunca foram os foliões mais animados, na verdade meu pai, porque minha mãe adora, mas me levavam para muitas farras.

Nos meus 22 anos foram muitos destinos. Bahia, Pará, Goiás, Mato Grosso.... Mas esse ano, depois de vários, fiquei em Brasília. Não exatamente por opção, mas o fato é que passei o carnaval por aqui mesmo. Aqui é assim, quando a gente vê que não tem mais jeito, que vamos de fato ficar por aqui já começa o sofrimento. Sim, porque TODO MUNDO viaja, famosa frase “o último que sair apaga a luz”. As festas e blocos são vazios e é melhor ir ao cinema do que enfrentar carnaval de clube.

Mas esse ano até me surpreendi, teve show do Monobloco, único evento cheio da cidade, e festas promovidas pelo governo do estado, música em bares. A pergunta que fica é porque nenhum desses eventos lotou? Como disse uma amiga minha “Se o show do Cheiro de Amor na esplanada fosse pago teria lotado!”. Aqui é assim, as pessoas são boas demais pra se divertir com o povão, de graça.

Outro problema de Brasília é que nem todo mundo acha que lazer é importante, para alguns, apenas quem tem dinheiro pode se divertir. Mas esse ano, surpreenderam, fizeram festas em 14 lugares diferentes, para todos os gostos, não quero entrar no mérito de quanto a Brasília Tour levou nessa brincadeira, mas parece que agradou.

Enfim, até não foi tão sofrido ficar em Brasília esse ano. Tomara que continuem investimento no carnaval daqui, talvez um dia a gente construa uma identidade cultural ou mesmo uma tradição carnavalesca. E como todo carnaval tem seu fim...esse acabou e ano que vem espero mesmo viajar. “Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão com assim”.

Tatiana Coêlho

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A cidade do “Não pode”


Moro na cidade do “não pode”. Em Brasília, cada vez mais eu acredito que nada é permitido. Não pode beber em posto de gasolina, não pode conversar alto, não pode ter música em bares, ou seja não pode nada. Aqui sempre tem moradores, prefeitos da quadra, associação do bairro ou qualquer conselho de velhos pra impedir diversões noturnas. Depois das 22h todo mundo tem que dormir. Ah e shows e peças de teatro chegam em Brasília caríssimos, cultura é para poucos por aqui.


Somos campeões em multas na Lei Seca, tudo bem eu concordo com a lei e acho que tem que multar mesmo, pra mim quem bebe não dirige e ponto. Mas aqui não da pra beber perto de casa e nem mesmo em casa, porque algum vizinho vai reclamar do barulho. No projeto da cidade o “setor de diversões” seria o Conic, bem no meio da cidade, longe dos prédios residenciais, mas hoje é uma área de prostituição e acho que ninguém em sã consciência estaciona seu carro por lá.


A última novidade é o Galinho da Madrugada, um bloco tradicional do maravilhoso carnaval de Brasília, que este ano sairá com um fiscal do Ministério Público com um cronômetro. Depois de uma hora de desfile o bloco acaba, isso mesmo termina e cada um que vá para sua casa, caso insistam na festa serão multados em R$ 10 mil por hora. O bloco tem 17 anos, acho que é a única tradição do carnaval, ele e o Pacotão. Ano passado teve um problema, nem me lembro a gravidade, mas sei que ninguém morreu, por isso a prefeitura da quadra encrencou com o bloco.


No Lago Norte, meu bairro, é que a coisa é feia mesmo. Não tem nada, nem bar, nem boate, há uns anos tem um projeto de shopping que fecha dez da noite e a promessa de um Iguatemi. Já tentaram carnaval, bar, música ao vivo e tudo foi proibido. Até uma maldita ponte que sairia da porta da minha casa e cairia dentro da minha querida Universidade os velhos aposentados embarraram. Eles não precisam sair de casa nos horários comerciais, nem gastam a gasolina que eu gasto dando a volta.


Por fim nem tudo é tão ruim, algumas boates sobrevivem, bares, mas tudo longe dos bairros residenciais e duram apenas enquanto os moradores não encrencam. Isso acaba limitando, e muito, os lugares que freqüentamos. Não entendo o porquê do conservadorismo, também não vejo objetivo no silêncio absoluto, espero que um dia a chatice ao menos diminua, porque o incômodo não é freqüente tão pouco justificável. Quem sabe a cidade um dia vira “do pode”?!


Tatiana Coêlho

O Beijo que eu não dei

Olá Blogspot!

Resolvi mudar de provedor de blog, como todo munda usa o "blogspot" migrei os textos do "wordpress" para cá. E para recomeçar o espaço deixo o meu texto preferido, postado em Junho do ano passado!

Beijosss
Tati


(21 de Junho de 2008)

Já sabia que ia o encontrar. Sempre sei que ele vai vir falar comigo. Sei exatamente como será. Vou ouvir as primeiras palavras e depois não faço mais nem idéia do que ele fala. Naquele momento presto mais atenção na boca dele, do que efetivamente sai dela. Me intimido, ele percebe. Por fim eu acabo fugindo, ou não agindo. Mas a frustração não é tão grande, não precisava beijá-lo, talvez a mágica dele esteja aí, no fato de ainda ser perfeito porque faz parte do meu mundo da imaginação.

Mas qual a necessidade feminina? Que homens precisam de sexo já sabemos por dados fisiológicos. Mas o desejo das mulheres está um pouco além desse nível. Precisamos de olhares, de gestos, de palavras. O que realmente queremos é nos sentir desejadas. Talvez por isso damos mais uma chance para aquele cafajeste de marca maior, pelo simples fato que ele já descobriu o que, como e quando falar.

Se sentir desejada é tão, ou muito mais, importante do que o ato em si. Nos sentir bonitas e, em certo ponto, dominadoras. Ontem éramos três mulheres às 3h30 no carro, tudo bem que o álcool afetava um pouco as passageiras, mesmo assim escutei a frase mais inteligente sobre o assunto. “O sonho de uma mulher é ir linda à uma festa e dizer não”. Mas não qualquer “não”, mas dizer a negativa àquele que sempre perturbou todos os nossos sentidos.

Se a segurança de um relacionamento longo permite uma serie de vantagens nada se compara as paixonites que sentimos por aí. Que só de chegar perto o mundo para. Aquele que te desconcerta, que te olha e você sente sua mão suando e sua racionalidade saindo pelo ralo.

Se eu o tivesse beijado naquele momento ia ficar tensa da próxima vez que o visse, ia criar expectativas e muito provavelmente me decepcionar com elas. No fundo sei que não temos nada a ver um com o outro, mas sensualidade e química ultrapassam todos os limites. Da próxima vez sei como vai ser: ele vem fala no meu ouvido e eu me perco de novo.

Tatiana Coêlho

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Depilação NELES!

(4 de Fevereiro de 2009)

Eu acho que todos os homens deveriam passar pelo trauma da depilação ao menos uma vez na vida, assim entenderiam nosso drama. Bom meu primo resolveu fazer a barba com cera e a história é grande, mas vale a pena ser lida! Relato DELE, só mexi no português!!!! Mulheres divirtam-se!!!!!!!!!

“Tudo começou quando eu fiz minha barbinha pela primeira vez, tudo bonitinho, bundinha de neném. Só que depois três dias tudo começou a empolar, como não sabia de nada continuei fazendo com gilette até que fui ao dermatologista e ele me passou sabonetes e cremes. Não deu em nada. Comecei a fazer com a máquina, não era a mesma beleza inicial, mas quebrava o galho. Mais três dias e os pêlos voltaram a encravar. Novos cremes, horas na pinça, creme quando acorda, creme para dormir e mais creme quando pudesse passar. E nada resolvido!

Não consegui melhorar o quadro de rosto com bolas feias. Só aí comecei a pensar em fazer com cera. Pensei e nada fiz. Às vezes, para poder desencravar todos os pêlos tinha que deixar a barba crescer quase que nem a do papai Noel. Até que a máquina quebrou. Tempo passando e nada de comprar outra máquina e a barba crescendo. Voltou a idéia da cera. No trabalho não dava mais pra ficar com a barba “estilo natal”.

Uma pesquisa tranqüila, uns vídeos no youtube, algumas leituras sobre. A cada dez comentários na internet apenas um era positivo (em relação a dor). Criei coragem e fui lá testar. Começou a aventura!

Primeiro salão. Só fazia com a máquina e me indicaram um barbeiro. (quase fiquei por lá mesmo)

Segundo salão. Era na casa de uma dona, interfonei e ela não estava. (tudo conspirando para a velha e tranqüila máquina)

Terceiro salão. Também não fazia, me indicaram outro.

Quarto salão. Lá me disseram que ia doer tanto, mas tanto que eu não aguentaria, por isso não fariam. Mais uma vez eu voltava à idéia da máquina!

Quinto e último salão. Quando falei que queria fazer a barba com cera ela abriu o maior sorriso do mundo e disse que teria o maior prazer em me depilar. Fiquei com MUITO medo dela. Fiz algumas perguntas para que ela me encorajasse e só ouvi que iria doer memo. Fez um teste na minha mão e me deixou pensando, eu olhava no espelho e ouvia as meninas comentando: “Nossa a barba dele ta muito boa de fazer né!? Vai ser bom hein!?”

A idéia de fazer só o bigode, se, e somente se, eu agüentasse faria a lateral. Pensei, pensei e pensei e fui. Ela ainda me perguntou se não queria agendar para outro dia, mas minha coragem acumulada era só para aquela hora! Sentei lá, fechei os olhos e esperei pra ver o que ia rolar.

Primeiro senti um creme maravilhoso, quentinho, escorrendo pelo meu bigode, tava quase dormindo já, nada de tensão, quando de repente: PUTA QUE PARIU!!!! Levei um choque!!! Ela puxava a cera de uma vez só e eu via meus pêlos todos pregados na cerinha. Eu, inocentemente, achava que ia tirar tudo em uma só puxada, mas não. Quando chegou em baixo do nariz tudo parou, foi que nem filme, tudo parou e eu só sentia a lágrima escorrendo do olho. UMA única lágrima, nem queria cair, mas caiu e quando caiu a mulher também caiu, caiu na gargalhada e teve que parar a tortura por alguns minutos para poder se recompor.

Chegou uma senhora no salão querendo pintar o cabelo. A torturadora disse que poderia durar dois minutos ou horas e fechou com a frase ”Você pode voltar depois ou torcer para ele não agüentar!”. Sabe o que a véia fez???? “Ah tudo bem, vou sentar e torcer para que ele não agüente”. Que vaca! Quando ela disse aquilo eu falei com meus fios: vcs vão sair todos, um por um, só pra essa velha perder tempo. Foi ela que me deu força.

Chegou uma menina pra fazer as unhas. Estranhamente ela saiu e voltou, só que agora com mais cinco amiguinhas, todas me olhando pelo espelho e rindo “disfarçadamente”. Um barato, virei a atração do salão!

Quando começou a barba que eu vi a dor que vocês mulheres sentem. Pelo Amor de Deus! PUTA QUE PARIU, PORRA, CARALHO!!! O que era aquilo? E dá-lhe copo d’água pra fingir que aliviava alguma coisa. Aí já não dava mais pra desistir, já tinha até pago e toma cera na cara. Para agilizar a depiladora resolveu tirar de uma vez só o que ela estava tirando em duas passadas. Pensem numa pessoa que bebeu logo três copos d’água de uma vez só. Depois do que ela fez me ofereceu até coca-cola!

Não tinha mais condição de continuar. A depiladora foi até passar a tinta lá no cabelo da velha e eu lá colocando a mão no rosto pra aliviar. Ao menos já tava no fim. A menina das unhas ainda me olhava pelo espelho, eu olhei para cara dela sério e ela soltou um “Tadinho gente!”. Mostrei só os dentes pra ela, porque a essa altura já não tinha mais expressão facial. Acho que ela entendeu que aquilo foi uma risadinha.

Quando eu achei que tinha acabado, recomeçou. Lá veio ela “fazendo o acabamento”. Tirou o restante da barbinha e depois me deu um algodão com água fria. Numas dessas puxadas ela virou “Você não vai querer saber meu nome não?”. Se fosse em qualquer outra situação, acharia que ela estava me dando mole, mas ali não! A conversa continuou. “Assim quando escutar meu nome em já pode se preparar pra sair correndo!”. Ela não precisa ter dúvidas que o rosto e o nome delas jamais serão esquecidos por mim. Mas para não esquecer de jeito nenhum já “aproveita e me dá seu cartão!”

O nome da bendita: “Jô”, que diabo de nome é esse?! Peguei o cartão, paguei, dei um tchau geral e fui-me. Assim o salão voltou ao normal, um ambiente sem graça e chato, em que a maior atração é a novela repetida na televisão no cantinho da parede. A primeira coisa que fiz ao sair de lá foi um interurbano para minha mãe que estava viajando para contar o feito.”

E a minha pergunta é: Será que ele fará a segunda vez???
Façam suas apostas!!!!

Tatiana Coêlho

Me IRRITA!

(2 de Fevereiro de 2009)

Outro dia uma amiga me apresentou um blog que ela julgou ser a minha cara, e de fato era. “Você me irrita”, um casal que escreve sobre incidentes irritantes, desde falta de plural até preconceito. Fiquei pensando no que me irrita e logo me lembrei: celular me irrita muito!

Detesto a galera refém do aparelho móvel e mais ainda quando eles gritam e acham que todo mundo é obrigado a ouvir a conversa. Pior só quando o diálogo não inclui sequer uma frase inteligente, o cidadão grita pelo simples prazer de aparecer. Ah cala a boca!

E as pessoas que ligam o fone de ouvido e andam falando com o além??? Sim, porque até eu ver o fone pra mim ta falando com as paredes ou com fantasmas. Eu hein!? Coisa de doido! Até porque eles andam na sua direção, falando, olhando pra você, mas não falam com você.

Espera de atendimento, banco, faculdade ou sei lá o que tem sempre um mané. O último gritava que conhecia um “pica-grossa” na OAB, que resolveria todos os problemas, dele e do mundo. Depois contou uma história que namorava não sei quem, tava não sei onde quando oito caras passaram encarando ele e não olhando para ela. Tudo bem ser irresistível com vício patológico pode calar a boca agora???

Eu sou desapegada do meu aparelho e detesto pagar a conta dele. Esqueço em casa, no carro e logicamente desligo para dormir, por isso não me venha falar que preciso agüentar esse povo viciado. E tenho dito!

Tatiana Coêlho

Ah a vida de Solteiro...

(29 de Janeiro de 2009)

Nem sempre nos encaixamos no perfil “mulher solteira procura”. Quem falou em largar a vida de solteira??? Tem hora que o famoso “cobertor de orelha” faz falta, tudo bem muita falta, mas isso não quer dizer que eu não me divirta e horrores e adore meu estado civil e acho que psicológico também. As histórias de solteiros são sempre melhores. Companheiras de baixaria são sempre divertidas, a minha tem sardinhas e cara de anjo, mas não é bem assim.

As minhas baixarias são divertidas, mas as dela são melhores, isso porque ela mobiliza uma população em torno do acontecimento. Não porque ela queira aparecer ou nada disso, mas porque ela é assim, faladeira. O esporte predileto é falar da vida dela e não dos outros (ta, a gente também curte à bessa falar da vida alheia, afinal duas jornalistas). E ela não conta só as partes boas. Conta mas merdas todas, com humilhações e tudo mais, o que torna tudo bem mais divertido.

Ela atingiu, esse fim de semana, o ” ápice da solteirice”, palavras dela. Me deixou cheia de orgulho. Não somos malucas e grudentas, não nos apaixonamos e perdemos a linha e nos orgulhamos de saber separar os putos dos namoráveis. Eu sou marrenta, não é qualquer mané que me enrola, mas ela independente, nem tanto ta toda boba apaixonada (pelo menos por hora).
Mas o caso foi o seguinte, ela se interessou pelo garoto, tinha um amigo em comum na brincadeira, um outro aniversário e um comentário: “O fulano ta em tal festa”. Pronto, dada a largada, uma amiga emprestou o rímel (imprescindível), a outra deu carona (ela tinha ido sem carro para a festa) e o namorado da amiga deu todo dinheiro que tinha na carteira pra ela pagar a entrada sem ter que passar no banco.

Problemas resolvidos lá foi ela, sozinha, entrou, pegou uma cervejinha, encontrou o amigo do cara bateu um papinho “água” e eis que chega o objeto de desejo. Mais conversa, Beatles song e tudo certo. Assim ela garantiu o sucesso da paquera, trocaram telefones e as apostas estão abertas para as cenas dos próximos capítulos.

Eu não cheguei nesse nível, ir sozinha para a balada para pegar “o cara”, mas admiro. Enquanto ela garantia a nova paquera, do outro lado da cidade eu acabava a noite com uma figura repetida, mas uma coisa que ela me ensinou é nunca dispensar boas pegadas, por mais que não exista a intenção de se chegar a lugar nenhum na relação. Como diria Adriana Calcanhoto “Cariocas são bacanas”, concordo com ela. Ah a vida de solteira….

Tatiana Coêlho

Meus Pequeninos!

(8 de Janeiro de 2008)

Tenho um monte de crianças importantes na minha vida. Quem convive com pequenos sabe o quanto eles podem ser geniais, engraçados, enigmáticos e como podem envergonhar todos os adultos ao redor com apenas uma frase. Aqui em casa são inúmeras histórias, para começar o ano nada como narrar algumas delas.

1. Gustavo, 4 anos, batizado da irmã. Ele já estava bem impaciente, os pais no altar, alguém precisava tentar mantê-lo quieto por mais alguns minutos, eu fui a encarregada.
-Gustavo senta aqui, deixa eu te mostrar esse livro com figuras. Olha o vinho, o pão, a música, o quadro….
Meu repertório chegou ao fim. Minutos de silêncio e um olhar aparentemente perdido, até que ele achou o altar da igreja e uma cruz da altura da parede com Jesus pregado.
- Esse cara aí que é o Jesus???

2. Gustavo, 6 anos, batizado da prima. Igreja diferente, minha função era mesma. Dessa vez a igreja tinha mais quadros e coisas a serem mostradas. Na nossa lateral o quadro de uma das estações da cruxificação. Um olhar perdido e vêem:
- Olha, olha, o cara vai matar o Jesus!

3. André, 4 anos. Sempre detestou comer, em uma das inúmeras tentativas a mãe dele virou:
- André você precisa comer para crescer
-Mas eu não quero crescer
Nessa hora eu me meti.
- Mas por que André?
- Porque se eu crescer eu vou ter que trabalhar!

4. André, 5 anos, xixi na cama. Ele levantou sozinho de madrugada, achou uma calça igual a que ele vestia na ocasião do xixi, a única falha dele foi que vestiu do avesso. De manhã ao ser questionado.
-André por que a sua calça ta ao contrário?
- Não ta do avesso
- Ta sim, ontem não tava. Por que sua cama ta molhada, você fez xix?
- Não. Foi porque, porque você sabe fez calor. E aí eu suei e aí molhou.
- André, mas tava frio e você trocou de calça. A Mocinha (babá dele) me contou que você fez xixi.
-Mocinhaaaaaaaaaaaaaaa. Eu não te disse que eu suei?

A vizinha da frente, uns 6 anos, outro dia resolveu que era o homem aranha. Pulou do armário não sei pra onde, deu de cara na parede e quebrou um dente às duas da manhã. Essa galerinha tem sempre histórias boas, mas fico por aqui, vamos aguardar os próximos capítulos!

Tatiana Coêlho

É o ano novo batendo na porta!

(31 de Dezembro de 2008)

Mais um ano se inicia com todas as mensagens de esperança e paz de sempre. Uma vez li que o sujeito que tinha inventado o ano novo era simplesmente genial e concordo, são 365 dias e “bum” chega um novo ano para recarregarmos as baterias. E é nessa hora em fazemos um monte de promessas que não vamos cumprir que é preciso reanimar os sonhos, é necessário levantar e recomeçar.

O que ninguém nos diz é “como?”. Como e por onde recomeçar? Por que acreditar que uma simples virada na folhinha do calendário vai fazer tudo mudar? Me chame de realista, ou até pessimista, mas enquanto as ambições humanas forem as egoístas de costume eu não acredito em “mundo melhor”, não acredito em milagres dessa magnitude em um lugar assolado por tanta corrupção e desigualdade, em que uns são mais “iguais” que os outros.

Acredito sim, em gente boa e generosa, já não espero grandes mudanças vindas das altas patentes, tenho fé em gestos singelos que modificam existências, gente comum que faz escolhas na vida dignas de prêmios. Por que fazer caridade só no Natal? Há uma centena de pessoas ansiando por ajuda, por que abraçar e desejar bons fluidos apenas na virada do ano? Existem 365 dias para dizermos: “Seja Feliz!”

Pela manhã, lendo, descobri que o panorama ecológico nacional e mundial é desesperador, de repente já posso dizer que moro em um país que foi palco de um furacão, mas não tem problema também tem muito futebol por lá, ou pelo menos tinha. No ano da eleição de um negro como presidente dos Estados Unidos e das enchentes em Santa Catarina o mundo aprendeu mais um pouco sobre solidariedade e igualdade, ou pelo menos tentou.

Então se é tempo de recomeçar, que seja para todos, que palavras virem ações, que abraços sejam sinceros e mais ainda que promessas de paz transcendam as assinaturas em papéis com belas mensagens. Recomeçar não está em obras faraônicas, mas sim nos pequenos gestos, pode ser bem mais simples do que parece. Que em 2009 todos nós encontremos um meio de “recomeçar”.

Um EXCELENTE 2009!!!!!!!

Tatiana Coêlho

Best Of...

(29 de Dezembro de 2008)

Mais uma vez me vejo pensando em relacionamentos, talvez seja um dos temas que mais escrevo no blog, pelo simples fato que não entendo muita coisa sobre eles. Assim, pensar e teorizar nunca é demais, considerando as variáveis e impossibilidade de provas empíricas. Desta vez, tento trazer pontos para pensarmos sobre.

Por exemplo, assistindo Saia Justa na GNT veio a pergunta. Por que as pessoas esperam que o outro as preencha? Por que esperam que o outro ocupe o vazio que nem mesmo elas sabem ocupar? Assim projetam seus sonhos, seus anseios, tudo passa a ser responsabilidade do outro, nada mais tem sentido se o outro não estiver no plano. Será que somos tão insuficientes sozinhos que precisamos que alguém nos faça felizes?

Isso me assusta muito, ser dependente de alguém para ser feliz. Li alguém que escreveu que em muitos de seus momentos mais felizes e cotidianos estava sozinha. Aqueles momentos bobos, como acordar cedo e saber que pode dormir mais umas duas horas, passar a noite trabalhando, mas terminar com ar de tarefa bem cumprida, acordar de um sonho bom ou chegar cansada se meter num pijama confortável, se entupir de brigadeiro e descobrir o filme favorito passado na TV. Podem ser momentos muitas vezes não observados por nós, mas que fazem muita diferença na vida de alguém.

Passamos a maior parte do tempos em nossa própria companhia e isso não é ruim. Nessa hora sabemos quem somos, o que queremos, do que gostamos ou não e principalmente pensamos, não é fácil ficar com as próprias dúvidas, sonhos, anseios, mas é bem necessário. A solidão é algo tão temida e mal vista, que as pessoas esquecem que podem ser suficientes nelas mesmas. Ninguém é uma ilha, eu sei, mas por que não podemos estar completamente felizes sozinhas?

Não sei o que as pessoas esperam das outras. Por que precisam controlar a vida da outra? Já me peguei pensando no que faria se fosse traída, mas ao mesmo tempo penso se isso é o pior que pode fazer em uma relação. Já vi relações que chegaram ao fim e só um deles não viu e o respeito já desceu pelo ralo sem nenhuma traição. O que é mais dolorido?

Eu não espero, nem desejo, dedicação exclusiva de ninguém. Espero compartilhar, dividir as mais tolas situações até as mais sérias. Quero pessoas ao meu redor que se compadeçam dos meus fracassos e fiquem felizes com os meus sucessos. Quero gente que importe ao meu lado, quero ligar e dizer: “Tenha um bom dia” e quero receber ligações: “Como foi o seu dia?”. Quero ser ouvida, não quero mandar, não quero ter que fazer cenas. Minha vida não é um filme não preciso de público. Não quero mandar, não quero ser controlada.

Não aceito discursos machistas sobre a impossibilidade natural masculina para monogamia, mas me vejo pensando no pior, se fosse traída preferiria um caso de uma noite a uma relação amorosa e de meses com outra. É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Nenhuma dessas questões eu sei responder, só entendo sobre a minha pouca experiência nessa área, logo o debate está aberto, mas aconselho quem souber todas as respostas que as escreva num livro, publique e venda bem caro, porque é best-seller na certa!

Tatiana Coêlho

Feliz Natal e Boa Sorte!

(25 de Dezembro de 2008)

Chega o fim do ano, as confraternizações, o Natal, o 13º e as compras. Pronto, dada a receita do desespero, começa a corrida em busca dos presentes do dia 25 de dezembro. E como o resto da cidade, eu sempre deixo tudo pra última hora. Para completar minha sina, ainda sou consultora de presentes dos homens da minha vida, que até dispõem de boa vontade, mas saber escolher não é o forte deles.

Pra quem já foi comprar presente de Natal dia 23 de tarde ou dia 24 de manhã vai se identificar. A pessoa já começa a sofrer quando descobre que não tem jeito, mais uma vez vai ter que enfrentar o comércio lotado. Depois, o primeiro desafio é o estacionamento, sim porque espírito natalino não existe nessa guerra, é sempre uma vaga pra cada dez carros, então não existe solidariedade na área. Estacionamento privativo não serve pra nada nessa hora, inclusive garagem de shopping devia ser estudada, quente, abafada, fedida e CARA. A gente fica horas rodando e o pior sabendo que ta pagando.

Carro estacionado, vamos à entrada do shopping. Tem gente de toda qualidade, mulher, homem, velho, criança, todo mundo misturado. Ah sim um monte de criança chorando pelo caminho, sim porque elas são personagens importantes no shopping. Elas formam a gigantesca fila pra falar com Papai Noel, o pobre homem fritando naquela roupa, porque o ar condicionado só funciona com shopping vazio.

Corredores lotados, segue a saga da escolha dos presentes. Loja de departamento se torna zona proibida nessa hora. Muita gente pra escolher, filas nos provadores e uma concentração absurda de gente em frente aos caixas. Eu passo. O ideal seria entrar só nas lojas caras, mas nem elas estão livres da superpopulação em tempos de natal. Como demoramos horas para chegar ao fim da jornada a fome aperta e nessa hora a praça de alimentação vira selva, seja lá o que você escolha pra comer depois da maratona, aceite, vai enfrentar fila.

Eu criei algumas regras para o trabalho, como ir pela manhã, não entrar em lojas de departamentos e algumas outras, não resolvem, mas melhoram. Mas uma coisa é legal, os vendedores mesmo cansados tão sempre felizes, afinal a gente gasta muito mais no Natal. Acho que vendedores e o pessoal do cartão de crédito são os seres mais felizes dessa época. Mas no fim fico feliz porque pior que shopping só supermercado e isso ainda não é minha responsabilidade. Ah e ainda tem o dia mundial da troca, mas isso é outra história. Feliz Natal e Boa Sorte!



Tatiana Coêlho

Conto de fadas...Ah que nada!

(26 de Dezembro de 2008)
Era uma vez em um reino distante uma princesa romântica, um dia ela descobriu que o príncipe não era sapo, mas podia ser comparado a muitos animais quadrúpedes que ela prefere não citar e deixar a imaginação do leitor fluir. Depois, ela viu ainda que o príncipe não precisa ser um para o resto da vida, na verdade podem ser um, dois ou três… tudo depende do reino e do estado de espírito da nossa menina. E que amor de conto de fadas pode ser bem entediante.

Assim ela descobriu que enquanto as princesas dos outros reinos sofriam e se acabavam por seus respectivos quadrúpedes ela ia levando e partindo para outros reinados. Assim, ela amava até onde podia, se entregava, era feliz, mas se não podiam dar a ela tudo que precisava ela desmoronava, sofria, chorava e seguia a viagem em direção a próxima província.

A princesa não tinha lá muita certeza se um dia acharia o príncipe que gostaria de compartilhar a sua vida, mas sabia que valia mais a pena continuar seu caminho enquanto as outras se lamentavam por amores não correspondidos, ou mesmo porque não conseguiam ter coragem suficiente para terminar com aqueles que nem mesmo podiam dar a elas o que queriam ou precisavam.

Um dia a princesa descobriu que o “felizes para sempre” também podia ser muito chato. “Para sempre” era muito tempo, e pouca coisa que ela tinha visto era eterna e imutável, ela nem mesmo sabia se conseguiria amar pra sempre, quem diga ser amada. Assim, nossa princesa passou a cuidar dela mesma, o que gostava de fazer, se empenhou em ler e em tentar compreender sobre o mundo ao redor.

Ao fim a pequena princesa era uma mulher determinada que sabia o que esperar e o que não queria em um príncipe. Só assim ela viu que sua busca chegara ao fim, ela agora se conhecia, era suficiente nela mesma e não queria os príncipes chatos. Assim encontrou seu amor sem o conto de fadas, cheio de defeitos e qualidades, e teve o seu “para sempre”. Pelo menos até as primeiras brigas e presença de advogados.

Tatiana Coêlho

Dia Nacional do Samba!

(3 de Dezembro de 2008)

Amor incondicional….
Já falei do Paulinho da Viola por aqui…
Hoje deixo apenas músicas!




“Sorria!Meu bloco vem bem, descendo a cidade
Vai haver Carnaval de verdade
O samba não se acabou
Sorria!Que o samba mata a tristeza da gente
Quero ver o meu povo contente
Do jeito que o rei mandou”
( João Nogueira)



"Ah, essas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah, este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria

E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu som da madeira
Eu você e a companheira
Na madrugada iremos pra casa
Cantando… "

(Cartola)

Um abraço negro, um sorriso negro, traz felicidade...

(26 de Novembro de 2008)

20 de novembro: Dia nacional da consciência negra. Dia de relembrar a divida histórica de 300 anos com os povos escravizados. Data de repensar a historiografia tradicional que coloca os escravos como pacíficos e condescendentes. Seria o dia de celebrar a diversidade, exaltar a liberdade, mas diariamente é possível esbarrar no preconceito e presenciar práticas de racismo.
Um dia antes da data a mídia pautou o crime de preconceito sofrido pelo sambista Dudu Nobre e família em um vôo internacional. A empresa? América Airlines. Sim, aquela que os donos fazem parte do dito primeiro mundo, evoluídos e letrados. Aquele mesmo país que elegeu um presidente negro.

Lidar com preconceito não é simples , o caso do sambista foi à público por ser um personagem conhecido. Mas e o Seu João? E a Dona Maria? O gari, a mulher da feira, o músico, a empregada doméstica, o operário de construção civil e tantos outros. Aqueles que são discriminados todos os dias, quando entram em um banco e o segurança gentilmente coloca a mão na arma, que ao entrarem no ônibus a senhora abraça a bolsa, e essas pessoas? Que recebem salários menores, trabalham em subempregos, enfrentam transportes lotados, policia desconfiada e moradia rudimentar.

Negro rico vira branco. A questão econômica ameniza ou potencializa o preconceito. Nas mais diversas esferas o racismo é observado, as vezes disfarçado, por vezes escancarado, de tão naturalizado que passa despercebido. As piadinhas “preto correndo é ladrão”, “negro dirigindo carro importado é motorista”, as expressões “lista negra” e tantas outras retratam o preconceito impregnado no imaginário social.

Mas nem tudo é ruim, hoje a cultura negra é aceita e valorizada, a religião respeitada e alguns costumes incorporados. Agora estudar África tornou-se obrigatório no Ensino Médio. As escolas e a educação são as principais armas contra o preconceito. Em uma escola classe no Gama a diretora promoveu oficinas de tranças afro, assim ela espera alterar conceitos estéticos. Em outra, as professoras emprestam belos bonecos de pano, de pele negra o brinquedo cada semana fica com um aluno. Assim estimulam os pequenos a lidarem com a diversidade.

Ver belas atrizes negras na televisão, assistir negros fazendo papel que ultrapassam motoristas e empregadas doméstica e ler em revistas de beleza sobre a pele negra são indícios de uma mudança, talvez lenta demais, mas importante. O país que elegeu um presidente negro precisou de um mega esquema de segurança para que o candidato discursasse em sua vitória, mas o negro venceu, não por ser negro, mas pela formação e competência.

Preconceito dói, ofende, quem sofreu sabe. É preciso ter cuidado com os excessos, a mania de achar que tudo é racismo. Não é gentileza existir uma política de cotas, ela tem falhas sim, o ideal seria melhorar a educação de base. Mas isso leva no mínimo 20 anos para apresentar resultados. E essa geração? Essa que estudou em escolas ruins e inseguras, o que se faz?

20 de Novembro: Dia de Nelson Mandela, de Zumbi, da juíza Luizlinda Santos, do José, da Maria…

“Se preto de alma branca pra você é um exemplo da dignidade, não nos ajuda só nos faz sofrer e nem resgata a nossa identidade”
(Jorge Aragão)
Tatiana Coêlho

Combina com meu jeito!

(30 de Novembro de 2008)

“Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois

Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor

Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração não me diga
Nunca não”

Das muitas músicas que ouvi pela minha trilha sonora da vida essa é que talvez mais me fez pensar nos últimos dias. Algumas canções eu gostaria de ter escrito, já essa eu queria só que alguém me dedicasse, a forma com que ele fala que eles são compatíveis, mas sem idealizações, sem perfeições e pede para que ela acredite tanto quanto ele no relacionamento.

Em geral me apaixona por idealizações, aos poucos se tornam reais e podem ser melhores que meus devaneios de amante, outras vezes me decepciono com a realidade. Me apego mais a um “bom dia” bem dado, a uma ligação fora de hora, um “te amo” na hora certa e uma lembrança falada do que a um buquê de rosas colombianas. Não sou de me atirar de cabeça, tenho medo de me machucar e na minha incapacidade para manutenir relacionamentos.

Sempre prestei atenção em músicas que queria ouvir, vi cenas que queria que acontecessem comigo, li poesias que eu queria ter inspirado, acreditei em muitos “vocês”, duvidei do amor, desconheço o pra sempre. Acredito em romances e vivo com eles, ainda espero aquele avassalador, digno de risos e lágrimas. Não vejo mal algum em sonhar mais, não me culpo por querer mais, em procurar me surpreender.

Não prevejo casamentos e casas com portões brancos, espero dificuldades, lágrimas e desentendimentos. Mas espero beijos intermináveis, sucessos compartilhados, tristezas repartidas. Não quero alguém para me completar, quero estar 100% o tempo todo e quero o mesmo dele. Ninguém deve se anular em função de ninguém. As pessoas não mudam, se as expectativas não são atingidas é melhor seguir em frente.

Mais do que tudo, espero o “nosso”, aquele momento em que existe uma vida além da sua e além da dele. Aquele pedaço em que tudo se conserta porque duas pessoas estão em função da solução. Das felicidades patéticas até as grandes conquistas, dos choros na TPM até as grandes tragédias, tudo na vida é mais fácil porque existe um “nosso”, nossas conquistas, nossos fracassos.

Mais romântica do que gostaria me vejo relembrando momentos, atribuindo músicas as pessoas e escolhendo as próximas faixas do meu cd. Confesso meu temor de nunca ouvir nenhuma delas ou nada parecido, já tive a sensação de que ninguém vai me amar tanto quando o cara da música, mas não faz mal continuar esperando os próximos capítulos para fechar enfim a minha trilha sonora. Não me culpo por esperar mais!

Tatiana Coêlho

Coitadinho...Ah se liga!

(14 de Novembro de 2008)

Nunca gostei dos coitadinhos. Aqueles que acham que são incapazes e vestem a carapuça de “pobrezinhos”. Também não curto auto-ajuda barata ou filosofia de pára-choque de caminhão, mas pensando bem se o cidadão não acredita nele mesmo, porque eu teria que acreditar???

Cara de cachorro que caiu do carro de mudança não me comove, me irrita. Sim porque cada um é responsável por si mesmo, se quer ser a eterna vítima o mundo conspira para isso. Acredito muito mais em pessoas que lidam com as adversidades, que se superam a cada dia. É normal e até saudável ficar triste, chorar, se sentir só, miserável e abandonado, mas tem limite e não deve virar um hábito.

Todo mundo tem aquele amigo que toda vez que se pergunta “e aí tudo bem?” já nos preparamos pra uma tonelada de desgraças. Sou uma boa ouvinte, as pessoas precisam desabafar e é legal ser quem elas confiam pra isso, mas não tem necessidade nenhuma de tornar isso uma prática constante. As vezes a gente só pergunta para cumprir roteiro e de repente vira “muro das lamentações”.

E quando o coitadinho faz você parecer a pior vilã de todos os tempos frente ao resto da sociedade? É bem nessa hora que detesto mesmo as criaturas. Como você o dispensou? Ele é tão bom moço, tão inteligente, dedicado, corre tanto atrás de você. Ah mas que chatice, pode ser tudo isso, mas eu não quero, ele sabe, não brinquei com ele, não sou vilã, apenas não deu, eu tentei, Deus sabe como eu tentei. E de repente você vira praticamente Miranda Priesley pisando nas pessoas.

E as pessoas me ligam pra saber por que eu o dispensei??? Que diabos de intimidade é essa que eu concedi nem sei onde, nem quando??? Sai não são minhas amigas, nunca me ligaram. Não sintam pena, levem pra casa. Quantas e quantas vezes eu já gostei de alguém e não fui correspondida, tomei foras e chorei, isso faz parte, agora não me façam sentir culpada por dar o fora em alguém.

Os coitadinhos têm aquele dom que a gente não sabe da onde vem de usar a “tragédia” a seu favor, eles passam a ser socialmente aceitos porque levaram um fora, vira o assunto da mesa, ele usa pra entrar em novos grupos, conhecer novas pessoas, ah mas que chatice! A inteligência emocional também consiste em saber perder, por isso não me vem com essa de “coitadinho” que todo mundo tem pena, porque eu já perdi também.

Tatiana Coêlho

Importante, mas sem exageros!

(12 de Novembro de 2008)

“Hoje o jornalismo mostra algo que mais tarde será lido nos livros de história”. Assim a apresentadora do Jornal Nacional abria o noticiário da última terça-feira, 4 de novembro, dia em que o candidato Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos. Uma eleição com importância ímpar no imaginário social mundial e marcada pelo exagero. Campanhas milionárias, superexposição na mídia e expectativas exacerbadas.
Negro, nascido no Havaí, filho de pai muçulmano queniano e mãe branca americana, o candidato do partido democrata deixou clara a idéia de ruptura com o sistema conduzido por George W. Bush. O candidato humanizado, com filhas pequenas e apaixonado pela mulher Michele Obama. A superexposição do candidato, as esperanças depositadas e a crise econômica formaram o cenário pró-Obama, ainda nas prévias o mundo elegia Barack Obama como o melhor presidenciável.
Não se atento às propostas apresentadas ou mesmo a cobertura 24h no mundo todo, o mais interessante é analisar os discursos proferidos após os resultados oficiais.O primeiro discurso a chamar a atenção foi do candidato derrotado John McCain. “Barack Obama deixa de ser meu adversário para se tornar meu presidente”, assim o presidenciável pedia apoio para a nova gestão, agradecia os eleitores e se despedia da campanha.
O presidente eleito fez um discurso inflamado em que agradeceu o apoio da família, a dedicação da equipe de campanha, os eleitores e declarou seu amor pela esposa e filhas. Obama falou ainda do problema econômico, das famílias americanas que “perdem o sono preocupados com a hipoteca” e convocou o povo dos Estados Unidos para o trabalho e para participarem das decisões do país.
Foi dito que o discurso e o cenário de Barack Obama se aproxima do encontrado por Roosevelt em 1933, ainda tentando sair da crise de 1929 o então presidente eleito convocava a nação e implantaria o New Deal para resgatar a economia americana. Mais uma vez a comparação é exagerada, considerando que a crise de 29 teve origem na superprodução e afetou muito mais setores sociais do que a atual que se desenhou como uma crise de crédito. Roosevelt enfrentou um país devastado no período pós 1º guerra.
“Yes, We can” o slogan de campanha de Barack Obama foi inserido no discurso da vitória de forma extremamente inteligente, ao narrar a história de uma eleitora de 106 anos Obama mostrou a representatividade social de sua eleição.
“Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.
Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.
Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.
Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Podemos.
Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.
Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.
Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: “Superaremos”. Podemos.
O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação.
E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar. Podemos.
EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer. Portanto, esta noite vamos nos perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança virá? Que progresso faremos?
Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez”

Se mudanças significativas ocorrerão? Ainda é cedo para definir, certo é que há esperanças e expectativas exacerbadas depositadas em um só homem em quatro anos. O mais importante para a história já ocorreu, que é a mudança no imaginário das pessoas que assistiram a eleição, a emoção daqueles que lotavam as ruas de Chicago e o mundo conectado a uma decisão politica. As pessoas que gritavam, os movimentos de apoio em vários países, a monitora maluca que escrevia “Viva Obama!” no quadro, tudo caracterizou o exagero, mas também a importância representativa nas crenças sociais. Já não tem mais sentido social ver filmes hollywoodianos com negros na presidência.
Tatiana Coêlho

Eterno Projeto!

(8 de Novembro de 2008)

Sou um projeto, concluí alguns e tenho outros. Futura jornalista, futura historiadora. Já fui flautista, capoeirista, jogadora de vôlei. Finalmente terminei meu inglês e preciso viver uns 500 anos para estudar e aprender tudo que quero. Leio menos do que gostaria, as vezes trabalho mais do que devia. Tomo atitudes antecipadas, penso demais quando deveria “menos”.

Sou adepta a debates, detesto gente burra – aquelas que têm total acesso a informação e não a usa. Ainda mato uma piriguete. Gente lerda me irrita, dirijo loucamente e sou apaixonada por música. Nasci e cresci ouvindo grandes compositores – mérito dos meus pais. O projeto da vez é aprender a dançar samba de gafieira, ah e ter o belo jogo de pernas da Cristiane Torloni.

Me encontrei no Jornalismo, aprendi imparcialidade na História. Detesto gente que se acha melhor que as outras seja lá pelo que for. Hipocrisia me irrita, seja o que quiser, faça o que bem entender, mas não me venha com discursos. Como dizia um professor que tive “cada um da o que tem e come o que gosta”. Não sei lidar com mentira e não gosto quando as coisas fogem do meu controle. A pior situação da minha vida acontece quando me vejo impotente, sem ter como resolver.

Tenho medo de cemitério, pavor de perder quem eu amo e pânico de morcego. Consigo matar barata, gosto de prender abelhas e detesto mosquitos. Ah e acho que já devo ter corrido de patos e galinhas quando era criança, tenho horror a eles. Minhas pernas param de me responder em lugares altos.

Preciso de amigos perto de mim. Acordo carente na TPM. Me irrito facilmente, me cobro perfeição. Tenho uma família unida e cheia de problemas, não vivo sem eles. Gosto de ler e de comer de madrugada, encontros familiares na cozinha às 2h da manhã são sempre bem-vindos. Posso ser melhor amiga, mas também a pior inimiga. Guardo rancor e mágoa. Gosto de resolver problemas, meus e dos outros. Tenho alguns problemas em pedir ajuda.

E hoje sou mais ou menos assim, nem demais e nem de menos, com 22 anos e uma cabeça cheia de convicções, dúvidas e medo das tomadas de decisões que estão por vir. Há 10 anos me imaginava diferente, espero muitas coisas, quero fazer muita coisa….enfim um eterno projeto.

Tatiana Coêlho

Não faz mal ser inteligente!

(7 de Novembro de 2008)

A nova geração desenvolveu o que um professor de comunicação chamou de “ode a inteligência”, que se define como qualquer indivíduo que tenta estabelecer uma conversa que exija mais sinapses cerebrais é tachado de “chato”. O desinteresse na formação de seres pensantes aumenta a cada dia.

“Não gosto de política, não discuto política.” Mas por que? Ninguém precisa ganhar discussões, mas o ato de discutir é um dos exercícios mais construtivos desde os tempos de Atenas. Qual o problema em defender pontos de vista ou elaborar argumentações? Nessas situações o certo e o errado podem ser pontos absolutamente relativos.

Algumas desculpas já são consideradas lugar-comum. “Os jornais são comprados, nada imparciais, a culpa é da mídia” ou “não vejo jornal, só tem tragédia”. Tudo bem não querer ver o mundo ao redor, Nelson Rodrigues já dizia que “a ignorância é feliz”, mas admita sua bolha, não culpe os veículos de comunicação. Até porque os cadernos frios- esporte e cultura- não costumam trazer desgraça alguma.

Informação nunca é demais e já que a internet é vilã e mocinha da era contemporânea seria bom que as pessoas passassem a fazer bom-uso dela. Já que os teens tem praticamente uma vida virtual e já arruinaram a ortografia e a concordância com suas substanciais conversas no famigerado MSN que ao menos saibam ler. Freqüentar sites de notícia, livros de domínio público, revistas, ta tudo ali, bem disponível.

Assim ninguém corre o risco de não saber que “Ensaio sobre a cegueira” não é só um filme novo e o autor não o lançou ontem. Não importa a área de interesse, mas se contentar com a superficialidade tem limites. Que falem o que quiser, mas inteligência é, entre outras muitas coisas, afrodisíaca. Não faz mal gostar de ler, escrever, pensar, o século mudou, agora ninguém - e nenhuma mulher- mais precisa esconder ideologias ou ideais.

“O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma.” (Einstein)

Tatiana Coêlho

Tudo começa depois do meio-dia!

(22 de Outubro de 2008)

Passei um tempo longe e senti muita falta, então volto com a minha principal reclamação! Espero que gostem!
Beijoss

Sempre detestei acordar cedo, desde pequena. Estudei de tarde até o fim do Ensino Fundamental, minha não tinha paciência de me tirar da cama cedo. A melhor definição eu escutei de um compositor da MPB que nem gosto muito. “Manhãs são a hora dos deputados atrasados, das lanchonetes rapidinhas e das gordas nos supermercados!”. Sério quem diz que o dia rende mais quando se acorda cedo é porque não conhece as madrugadas.

De manhã é um tal de gente de cara amassada, ressaca estampada e mau-humor aparente. A bela invenção foram os óculos escuros do tamanho “7 da manhã”, aqueles que cobrem de sobrancelha a bochecha. Enfim eu demoro pra abrir o olho, não consigo falar direito, pronuncio “aham” pra qualquer questionamento. E sempre, impreterivelmente, me atraso. O que já é patológico durante o dia se potencializa nas primeiras horas da manhã.

Uma das anedotas familiares sobre horário na família é do meu primo de 4 anos que era solidário aos irmãos todas as manhãs, se um deles estava doente e não podia ir a aula de ele se compadecia e também não ia para escola. Sempre foi esperto o moleque. “André você precisa comer para crescer” a mãe disse, e ele respondeu “Mas eu não quero crescer”, nessa hora eu me meti “Mas por que marmota?” e ele “Se eu crescer vou ter que trabalhar!”, o pequeno é um gênio, eu devia ter pensado nisso antes.

Na época que eu tava na escola costumava “repousar” no banco de traz do carro até a porta do colégio, o que enlouquecia o meu pai. “Como essa menina vai aprender alguma coisa se vai dormindo pra aula?”. Mas eu aprendi, cresci e tirei carteira e acabou a brincadeira de dormir uns minutinhos a mais no banco de traz do “papamóvel”.

O ritual agora é outro, manter-se calada e tomando consciência de que preciso ao menos dizer “Bom Dia!” quando entrar na redação. Afinal o mau-humor é só meu e de mais ninguém. Meu avô dizia que eu devia ser guarda noturno ou trabalhar na compensação do banco.
Só sei que gosto MUITO de dormir e desligo o telefone sem culpa nenhuma assim que vou pra cama. E por favor embriagados noturnos esqueçam o meu número durante os acidentes etílicos as quatro da manhã. Meu consolo é que as notícias aparecem muito mais depois das dez da manhã!

Tatiana Coêlho

Pra Sempre???

(1º de Outubro de 2008)

Ter um filho é para sempre. Diamantes são para sempre. E me pego em dificuldade tentando descobrir outros “para sempre”. No auge dos meus 21 anos o que eu sei é que as coisas são perecíveis e se perdem na dinâmica maluca e cotidiana de nossas vidas. O importante de ontem perde valor no dia de hoje e provavelmente amanhã nem será mais.

“Tudo que é sólido se desmancha no ar”. Já li isso tantas vezes que não sei quem escreveu. Para mim o para sempre é relativo, as coisas acontecem no tempo certo e suficiente para se tornarem essenciais naquele exato momento, e as vezes desaparecem com a mesma rapidez que surgiram. Seja com trabalho, preocupações, pessoas, relacionamentos e principalmente com os sonhos, realizados ou não, eles simplesmente se transformam.

Ainda não sei quem sou, do que gosto, do que não gosto. Não conheço a fundo os meus limites, menos ainda as minhas habilidades, por isso não posso escolher alguém para sempre. Preciso de tempo, de experiência e mais ainda de dedicação. Acredito que é preciso ficar só também, estar bem na própria companhia, sem medo da solidão.

Não devoto minha vida, não me submeto a ninguém. Não entrego minha felicidade na mão de estranhos. Sou suficiente, começo, meio e fim, não uma ilha, preciso de pessoas, mas sou suficiente. Ouvi de um professor que “todo mundo tem um “quê” oculto”, por isso não me engano com confiança desenfreada e sem medida.

Mas pensando bem acho que saudade também é para sempre, de momentos bons, de pessoas queridas, de épocas que guardamos, de sorrisos, de abraços. O futuro me remete a um monte de dúvidas, os “pra sempre” me trazem angustia, que me desculpem os planos, mas eu fico com o presente.

Tatiana Coêlho

Quem disse que eles não aparecem???

(26 de Setembro de 2008)

Ela andava desacreditada. Uma ligação tinha mexido com uma ferida que parecia estar entreaberta ainda, mas ela preferiu mantê-la ali, parada e em processo de cicatrização a correr riscos. Se dera errado uma vez o que garantia que agora seria bom? Não quis descobrir, preferiu negar o convite e conter a curiosidade, ele não tinha direito de voltar agora. Assim o fez, e seguiu sob os aplausos das amigas conhecedoras do caso.

E é bem nesse momento que nada pareceu fazer sentido, tudo bem tinha sido forte o suficiente para não voltar para quem tinha lhe dispensado, mas e agora? Outro apareceria no lugar ? Ou ninguém nunca mais se interessaria por ela? Terminar uma história teria que ser o início de outra, sim porque a quantidade de “se” que a conclusão deixa nem sempre é fácil de controlar.
Pensou em ligar. E se ela virasse o jogo? Se em vez de repolhinho dele ela passasse a repolhadora dele? Muito perigoso, podia facilmente voltar a se apaixonar e novamente virar o famoso vegetal. Seguiu em frente cheia de inseguranças.

Em um dado momento ela estava bem. Tinha conhecido o amigo de uma amiga, nada demais, apenas se interessado e recebido interesse em troca, naquele momento extremamente necessário para ela. E de repente apareceu outro ele.

E ele veio na melhor hora de todas, naquele momento que não esperava nada, com aquela cara de acabada e com mal-humor de quem trabalhou o dia todo, mas mesmo assim ele gostou dela. História de novela? Talvez, mas existe e aconteceu. Um tal chiclete, olhares e conversinhas. Trocaram telefone, ela completamente descrente, ele ligou, ela tremeu, algo ali estava funcionando. Agora eles conversam , ela ainda não sabe no que vai dar, mas gosta de não saber e principalmente ama o fato de existir outro ele.

Tatiana Coêlho

PS. Os termos “repolhinho” e “repolhador” foram tirados do texto de um blog de três jornalistas divertidos (http://joselitando.blogspot.com/2005/06/os-repolhinhos.html ).

“O repolhinho é aquela pessoa que se pegou contigo algumas vezes e, coitada, caiu na besteira de gostar mais de você do que você dele (a). O problema é que você vai brincando de dar uns amassos na pessoa, evolui um pouco o nível de sacanagem, a pegação esquenta e, de repente, você se dá conta de que, apesar de estar na maior curtição descomprometida, tem um ser humano ali do outro lado, com sentimentos, emoções e coração, que está perdidamente apaixonado por você.”

“ E o repolhador. Tem o outro lado também: quando estamos por cima da carne seca, criamos “repolhinhos (as)”. Somos os regadores ou repolhadores.”

Quando você não está

(24 de Setembro de 2008)

Recebi esse texto de uma jornalista de olhos verdes nesta manhã…..acho que ela já me entende um pouco, eu gostei, espero que gostem! Beijosss Tati

Na sua ausência, me perco na liberdade que só a solidão pode oferecer. Dona de meus próprios domínios, sem você, deixo nascer a tirana que habita em mim.

Você acaba de me dar um beijo e sair. É domingo e faz frio lá fora. Dia ideal para ser perdido entre chamegos, afagos, mimos, xícaras de café e, maistarde, taças de vinho. Mas não esse. Você precisa sair e vai demorar para voltar. E tá tudo bem porque, com você longe de mim,posso me entregar à leitura do jornal sem ser interrompida para responder se lembrei de pagar a conta de luz na sexta ou se pretendo ir à Cobasi comprar a ração dos cachorros – essa, mais uma imposição do que uma pergunta. Embora não pretenda ir, digo que vou para poder voltar ao jornal mais rapidamente.

Tá tudo bem, porque é com você longe de mim que posso fazer um pouco mais de café sem ter que obedecer ao comando de desviar para ir apagar a luz do quarto que, tenho certeza, quem acendeu foi você e não eu. E posso, quando bem entender, ligar a TV e deixar o volume alto, mesmo que eu decida continuar na sala lendo o jornal: você não está por perto para fazer bico, para pedir que eu levante e abaixe o som ou, em casos extremos, para que eu simplesmente desligue o aparelho. Posso inclusive escolher deixar a TV desligada, por minha própria vontade, mas ligar o rádio para saber mais a respeito dos jogos da tarde; sem você por perto, não tem ninguém para reclamar de minhas manias.

Ditadura
Aliás, com você longe de mim, posso gritar para que as cachorras, esses dois quadrúpedes hiperativos que moram aqui, nem pensem em se aproximar do meu café ou do meu jornal porque agora sou eu quem controla essa área, sou dona exclusiva de meus domínios. Com você longe de mim, nasce a ditadura, morre a democracia e revela-se a tirana que habita em mim. Pelo menos sob o ponto de vista canino; ao meu comando autoritário, as duas cadelas imediatamente emitem um som de súplica e saem à sua procura, em busca de proteção; elas sabem que o papel do “policial ruim” é meu. Mas, naturalmente, voltam com o rabo entre as pernas porque, finalmente, perceberam o que eu já sei há quase uma hora: que você não está. Então, derrotadas, simplesmente deitam à espera do seu retorno. E nem dão bola para meu estado de espírito.

Porque é quando você não está que posso deixar o cabelo preso como bem entender: você gosta dele solto, para poder mexer, bagunçar, despentear. Você tem essa mania de ficar com a mão no meu cabelo. Então, a primeira coisa que faço quando o portão da garagem se fecha é pegar o elástico e prender bem forte, quase uma provocação. Mas aí lembro que é uma provocação vã, porque você não está. Só que também lembro que, com você longe de mim, posso colocar aquela playlist que já tá gasta e que você não agüenta mais. E posso ficar deitada, olhando o teto e pensando na vida, sem ter que ir ver se a água quente já voltou. Com você longe de mim posso navegar pela internet à vontade, sem ter que, bem na hora que finalmente encontro a informação que procurava, contar como foi a visita que fiz à minha irmã, como estavam as crianças, como foi a festa ontem.

Cachorros no sofá
Com você longe de mim me perco nessa liberdade que só a solidão é capaz de oferecer. E então aumento o som, pego um livro e, sem que você veja, autorizo as cachorras a subirem no sofá, atitude que deixaria você muito feliz, porque você ama ter as duas por perto, ama ver o sofá cheio de pêlos, ama me ouvir mandar elas descerem. Mas você não está e eu, quando você não está, deixo as duas subirem. É uma provocação, mais uma. Porque quando você não está não existe o risco de ser parada no meio da sala, enquanto estou indo colocar mais café na xícara, com aquele abraço apertado e demorado, sempre cheio de más intenções. Quando você não está, não existe a possibilidade de ser tirada de meu cochilo com um beijo molhado na boca. Também não tem quem, sem aviso prévio, pegue meu pé para fazer massagem, ou quem me ofereça torrada com queijo e geléia no meio da manhã, me pergunte sobre o que estou lendo e queira ouvir a explicação, mesmo que seja sobre o assunto mais chato do mundo. Sem você por perto, não tem quem se interesse por minhas histórias cotidianas, quem ria de minhas piadas tolas, quem converse com as cachorras como se elas fossem crianças de 5 anos só para meu entretenimento.

Quando você não está não tenho com quem comentar um trecho do livro a respeito do Almodóvar que li ontem, não tenho por que fazer um pouco mais de café ou para quem ir buscar um Yakult na geladeira. Quando você não está, falta um pouco de mim, falta toda a graça, falta metade da vida: quando você não está, parte de mim também vai embora. Então, quando ouço o portão da garagem abrir e vejo as cachorras correrem em euforia para recebê-lo, sei que tudo está prestes a mudar. É quando você volta que sou mais feliz e posso, finalmente, soltar o cabelo.

Milly Lacombe
jornalista

Ciúme ou Posse???

(10 de Setembro de 2008)

“- Ele ta agindo como solteiro, indo para porta de boate com os amigos

- Mas vocês não tinham brigado? Ele ficou com raiva e resolveu sair com os amigos

- Não importa! Ele vai pra lá ficar olhando e falando de todas as mulheres que passam. O que os outros vão pensar?

- Ele não pode olhar para ninguém?

- Não! Claro que não, isso é traição! Eu sou a namorada dele, para que ele tem que olhar para as outras? Se ele me acha feia que vá ficar com elas.

- Mas quem disse que ele te acha feia? Ele só olhou. Você não olha para homens bonitos na rua?

- Não!

- Ah eu desisto! Você é MALUCA!”

Nunca fui ciumenta, nunca fiz um barraco. Tudo bem tenho as minhas escolhidas, aquelas que a gente sabe que efetivamente querem os nossos namorados, mas quem não as tem? Acredito que se está comigo é porque quer, nada o obriga, por isso não gasto meu tempo confabulando sobre o que ele faz no tempo em que está sozinho.

Sei que muitas mulheres executam – e até gostam- algumas atividades investigativas, como fuxicar celular, Orkut, roubar senhas de email, aparecer de surpresa, enfim são verdadeiras detetives da vida dos namorados. Mas sinceramente achei que essa idéia de que olhar para outra mulher é traição não existisse mais.

Homens e mulheres têm lá suas diferenças. Para eles traição precisa de envolvimento emocional, já para elas alguns beijos são suficiente. Outros ainda definem o ato apenas se existir sexo, para elas talvez apenas a “intenção de” é suficiente. Mas as pergunta são: O que faz as pessoas se sentirem donas das outras? E precisarem de exclusividade a ponto de querer controlar o olhar do outro? Sinceramente acho que o stress não justifica uma relação com tanta insegurança.

Não olhar para mais ninguém? Ah eu devo ter um desvio qualquer porque olho mesmo. Se um dia eu namorar o Reynaldo Gianecchini talvez até pare, porque afinal não vou encontrar nada melhor para ver mesmo, mas até lá. Olhar não fere ninguém e faz com que essa exclusividade maluca diminua. Ninguém disse que ele queria agarrar a mulher que passava, apenas olhar. Beleza deve ser vista e apreciada.

Relacionamento não é nada mais do que um compromisso ético, um acordo oral firmado entre duas pessoas, ou seja no fim das contas o que vale é o respeito. Pode vigiar o cidadão 24 horas por dia, se quiser sair da linha ele arranja uma forma.

“- Mas você pode estar fazendo papel de otária!”

Posso, realmente posso, mas se tiver que andar colada no dito cujo para garantir fidelidade prefiro evitar a fadiga e repousar na minha solteirice. Porque pra mim já vai ter pedido o sentido continuar com ele. E no fim do dia, tudo que vale é o respeito.

Tatiana Coêlho

E no fim do dia...

(5 de Setembro de 2008)

Eu mexo com ele como ele o faz comigo? Toda mulher já pensou sobre isso. Na verdade todas já desejamos isso. Sentir que exercemos poder sobre alguém e que saímos da posição de descontrole. Mulheres costumam se envolver – ou se deixar- mais rápido e mais facilmente, mas isso não quer dizer que eles não sofram e se perturbem ao ver àquela garota.

Por que apenas saber notícias dele é suficiente para bagunçar tudo? Nem mesmo o vi, muito menos falei, apenas soube. Duvido que homens sintam essas coisas e me apego ao fato de que a racionalidade e a lógica masculina os impedem das ações ensandecidas que nós mulheres insistimos em fazer.

Tudo bem não foi um amor louco desses que deixam na cama com febre, na verdade nem sei se um dia me sentirei assim de novo, mas foi suficiente naquele momento e me traz boas lembranças e mais que isso saudade. Realmente gostaria de saber se importou pra ele tanto quanto para mim, se eu deixei boas recordações e se de alguma forma fiz diferença.

A parte boa é que sempre teremos a TPM. E ela de fato existe, mas quando parecemos loucas e nos sentimos as piores e mais solitária das criaturas apelamos para ela. A sensação de perder o controle não é boa, por isso fazemos bom uso dela. Correr atrás dele às 2h da manhã? Ligar para o amigo para saber notícias? “Ah eu estava na TPM, nem sou louca assim”. E no fim das contas não é ruim, afinal alguma coisa boa deveria sair da montanha russa hormonal.

E no fim a verdade é que não sabemos se os perturbamos ou não. No fim do dia ainda pensaremos sobre isso. E eles? Acho que não sabem o quanto são presentes e até prefiro que não saibam.

Tatiana Coêlho

E ela achava que sabia mais uma vez...

(29 de Agosto de 2008)

Naquela bancada larga ela descobriu alguns personagens importantes. Aos poucos o temor foi virando conforto, era divertido estar ali todas as manhãs convivendo com as mais diversas personalidades. Facilmente poderiam ser descritos, dificilmente esquecidos.

Por lá tinha uma menina de olhos claros e sorriso bonito que se mostrou uma irmã. A diferença etária mínima fez com que se aproximassem, mas a experiência a fez uma tutora. Alguém escreveu certa vez que ela tem uma “beleza solar” em um dia dos namorados qualquer, mas devido ao trauma dela prefere-se dizer apenas que é uma bela repórter.

Uma certa garota branca de cabelos negros talvez fosse a mais sensível da bancada. De repente se mostrou mais forte, ainda quero escrever como ela. Contrárias em muitos pontos, mas comuns quando o assunto é música. A garota de leituras densas, questionamentos insolucionáveis e passionalidade invejável alegrava as manhãs de qualquer um com seu “riso frouxo”.
A cara de séria e o sorriso largo. Temperamento explosivo, choro fácil e ela virou a “meiguinha”. A “gente grande” da editoria se transformou na melhor companhia de manhãs. Corrigiu erros, falou de livros, discutiu história, reclamou e riu muito com o projeto de jornalista que sentava ao lado.

Um furacão ou uma tempestade. Repolhinho ou repolhadora ela passou a ser confidente. Por um dia foi até chefe. A garota de outro estado e manias divertidas se mostrou competente em várias funções. Nacional ou internacional ela estava sempre pronta a ajudar.

Maquiagem, câmera e ação. Telefone insuportável, garota de recados. Uma foi pro Rondon outra para o estúdio e viraram espectadoras centrais. Arrastada para samba, companheira de show na esplanada. Chefe e subordinada? Elas estão mais para amigas que trabalham juntas. Centrais de informação e parceiras de fofocas divertidas.

E também tinha um menino por lá. Bendito entre as mulheres. Calmo, calado, paciente ele estava sempre lá. Muitos almoços, conversas e ele virou companheiro, descobriu até que gostava das maluquices delas.

Sotaque carregado e inconfundível. As chefes faziam os dias mais engraçados. Uma excelente em Cidades, ninguém conhece mais as pautas do estado do que ela. Outra uma fera tecnológica e a simpatia em pessoa. Na confusão do dia-a-dia elas se completam.

E a garota que nada sabia descobriu que levava amigas. Ela entendeu que a convivência matinal não mais aconteceria, mas teve a certeza que pessoas especiais não mais seriam capazes de deixá-la. Agora ela tinha necessidade delas, descobriu o que já temia, sentiria muita falta da editoria simpatia, mas se lembrou da frase “uma vez….sempre”. E ela foi estudar.

Tatiana Coêlho

E ela achava que sabia!

(28 de Agosto de 2008)

Veio a faculdade, o curso foi passando. Ela achava que sabia muita coisa, descobriu o contrário. Foi trabalhar e mudou tudo, uma assessoria e muito aprendizado. Um dia a sorte estava ao lado dela, uma daquelas “hora e lugar certo” caiu em uma redação. Ela ficou maravilhada, até do crachá tinha orgulho. O tempo foi passando, a rotina deixou de ser divertida, os três turnos de atividades começaram a pesar.

Quando ela entrou na redação pela primeira vez sentiu como se pisasse em um mundo novo, estava ali, aonde as coisas de fato aconteciam, na terra das pessoas inteligente e cultas que produziam o que ela lia há anos. Começou a dar rostos aos nomes conhecidos. Entender editorias, fechamento, observar tudo e todos de longe. A correria, a gritaria, o stress, tudo fazia com que ela gostasse mais de estar no meio do salão cheio de computadores com placas suspensas.

Aos poucos descobriu como funcionava um jornal e seus personagens. Cidades e seus repórtes com a barra da calça molhada porque foram cobrir chuva. Esportes e os abrigos esportivos, eles devem quere se parecer com os atletas. Política e Ecônomia com ternos alinhados e ar de gente importante. Cultura e a “galera alternativa” e a Revista com suas roupas fashions.

Com algumas coisas ela nunca se acostumou. As broncas públicas para quem quisesse ouvir e ver a fazia se sentir constrangida. As brigas constantes a assustavam, entre editores e repórters, editores e editores e quando ela achava que tudo ia explodir acabava, um virava o outro também e tudo voltava ao normal.

Algumas lendas ela comprovou. Os editores têm sim cara de mau e sabem gritar. Os subeditores tem cara de bonzinhos, mas podem ser uns carrascos quando querem. Os fotógrafos são divertido, mas meninas precisam ter cuidado. Sim as pessoas fofocam e muito, de estagiário a repórter especial. Existe inveja e a competição é acirrada. Algumas não são tão inteligentes e cultas, mas outras mereceram se tornar ídolos dela.

Ela teve medo de mudar, pensou que talvez não fosse gostar. Adorou. Aprendeu muito e jamais trocaria a experiência por nada. Mas chegou a hora de estabelecer novas metas, “pedra que não rola cria limo”. Não se sabe ainda como vai ser, mais uma vez teme se arrepender, mas o tempo passou.

Tatiana Coêlho

"Quando eu penso no futuro não me esqueço do passado"

(14 de Agosto de 2008)

Como boa historiadora e amante da música brasileira, me reservo o direito de falar de um dos compositores que mais admiro: Paulinho da Viola. Sou apaixonada pelo rítmo e ele é do tempo que samba de escola era cadenciado. Do tempo que ser músico popular era coisa de malandro, no mau sentido. Sim eu sinto saudade do que não vivi.“Tá legal. Tá legal, eu aceito o argumento. Mas não me altere o samba tanto assim”.

Eu o vi no sábado. Vieram primeiro os músicos e então ele entrou no palco. Calmo e tranqüilo, caminhava devagar como quem flutua em poesia Assim eu o vi enchendo o Centro de Convenções com sua musicalidade. Porque ele é assim, grande. Tenho a impressão que faz suas letras a cada “Bom Dia” que dirige a alguém, da maneira mais banal e natural que se possa fazer.

Carioca, nascido em Botafogo, escorpiano. Conheceu compositores e nomes do samba que eu nem sei o que eu faria se os visse. Viu Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Zé Ketti, Cartola, Nelson Cavaquinho e muitos outros. Cantou a Portela como ninguém mais.“Ah! Minha Portela! Não posso definir Aquele azul, não era do céu, nem era do mar. Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar”.

De seus encontros com os figurões da música nasceram letras que traduzem o que todos já sentimos.“”Ah coração teu engano foi esperar por um bem de um coração leviano que nunca será de ninguém”.Quem nunca sentiu uma dorzinha assim? Para quem não conhece aconselho escutar o CD acústico, pode parecer clichê, mas o formato favorece o trabalho desenvolvido nos mais de 40 anos de carreira.

Paciente como nunca, mesmo com o som em frangalhos fez apenas uma indagação após a microfonia, “Gostaria de saber o que João Gilberto faria se estivesse no meu lugar”. Contou histórias das músicas, explicou parcerias. Uma pequena aula de como pode nascer um samba.
Fez o não dito ser falado.“Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas. Eu também tenho algo a dizer, mas me foge a lembrança. Por favor, telefone, eu preciso”.

Homenageou Caymmi. E mais do que nos fazer ser navegados pelo mar enebriou a platéia que explodiu em aplausos.

Tatiana Coêlho

Pai herói... ou só meu pai!

(14 de Agosto de 2008)

Ele já foi meu super-herói, grande, forte e sempre certo. Depois descobri que ele era humano e cheio de falhas. Ela ja foi o do contra, quando eu queria sair e ele fazia cara feia. Nunca consegui que ele fosse meu melhor amigo, mas sei que é meu fiel torcedor como ninguém no mundo é. Assim é o meu pai, cheio de imperfeições, mas completamente perfeito no meu mundo.

Ele não tem rítmo nem pra bater palma. Dançar com ele só em ocasiões muito especias, ou depois de uma garrafa de wiskye 12 anos. Me ensinou muita coisa sobre música. Sobre engenharia ele até tentou. Me fez gostar de futebol, afinal não tem filho homem.

Ele nunca vai ver que eu cresci. Vai continuar brigando comigo porque saio de casa de havaiana. Sempre me sacaneia quando o time dele ganha do meu. Melhor parceiro de formúla 1 aos domingos de manhã. Chato até com os carros dele. Ótimo com números, mas nem tão bom com pessoas. E se um dia conseguir ler como ele ficarei imensamente realizada!

Entender que ele tem defeitos, aceitá-los e conseguir estabalecer intimidade. Não sei se um dia conseguirei essas coisas, no fundo acho que somos parecidos demais pra chegar a esse nível. Não o conheço realmente bem, tampouco ele me conhece. Tem coisa que eu não quero saber, coisas que ele não quer ouvir. Mas somos assim, eu to sempre lá e ele ta sempre aqui.
Feliz dia dos Pais!

Tatiana Coêlho

Inabilidade Deles

(7 de Agosto de 2008)

Estávamos bem. Eu não o cobrava, ele também não. Nos ligávamos. Nos cuidávamos. Era divertido como tudo se encaminhava bem, sem dramas, sem brigas, da maneira mais simples e exata. Veio o silêncio e o afastamento.”Não quero perder sua amizade. Encontrei uma ex”.

Quem nunca passou por essa? “Eu não era sua amiga antes, tampouco quero ser agora, sinceramente amigo eu tenho os meus”. Sim essa deveria ser a nossa resposta quando os fulanos de nossas vidas aparecem com essa. Realmente não entendo a incapacidade masculina de se comprometer. Que papo é esse de ex? Até ontem quem tinha um apelido carinhoso era eu!

O pior acontece quando a preocupação- ou a desculpa - é a ex. “Olha eu terminei há pouco tempo, não quero que ela me veja com outra porque ia sofrer muito”. E eu? Ninguém nasceu ontem, todo mundo já teve outros relacionamentos e não conheço ninguém que morreu de dor de cotovelo.

A verdade é que tem homem que se prende ao passado por medo do futuro. Não existe essa de ex, reencontro, medo de magoar. O que existe é a inabilidade masculina de colocar pontos finais nas coisas. Não sabe terminar? Azar o seu porque não da pra esperar até que aprenda. Quantos homens já não suportam mais suas mulheres, mas são incapazes de falar, por isso preferem tratá-las mal até elas ponham um fim na relação.

Tão corajosos e viris para certas coisas e completamente amedrontados para outras. Meus caros conto-lhes um segredo: todas as mulheres sabem disso e se aproveitam quando acreditam que estão no “relacionamento da vida”. Se certas ou erradas? Não me cabe julgar, mas são espertas, inegável.

Estávamos realmente bem, mas não deu pra esperar.

Tatiana Coêlho

Exploração dos Explorados

(5 de Agosto de 2008)

Passei a semana pensando em jornalismo social. Em como fiquei encantada com a palestra de uma jornalista apaixonada e na minha decepção com a série de matérias de outra profissional publicada no Correio Braziliense.

Me vi pensando na delicadeza de se abordar um personagem e seus direitos. Na função dos jornalistas ao esbarrarem com histórias de abandono e maus tratos. Será só contá-las é necessário? Até quando relato de meninas abusadas sexualmente precisam ser lidos? Em que eu como jornalista ajudo essas meninas contando suas histórias?

A jornalista apaixonada me ensinou que precisamos discutir políticas públicas, mostrar leis e levantar debates. Acreditei nela, realmente concordei e observei lendo seu trabalho que é possível contar histórias com bom senso. Só é preciso disposição para várias horas de trabalho com interpretação de uma série de tabelas e muitos, mas muitos dados. Além de levantar problemas que não foram questionados, pensar nas causas e se colocar como observador e não como crítico da realidade narrada.

Na série da semana senti pena das crianças, nojo dos algozes e descrença da raça humana. Sempre achei que se existe prostituição e pornografia infantil é porque há consumidor. Não gostei do texto, menos ainda da falta de cuidado com as imagens da criança. Na matéria não se falava o nome da menina, mas a foto mostrava estampado o nome escrito na blusa do uniforme. Me perguntei como escreveria aquelas histórias. Será que eu não cairia no clichê de mais uma narrativa sobre violência?

Assistindo a mais uma edição do Criança Esperança me deparei com a exploração dos explorados. A dita rainha dos baixinhos com os olhos pateticamente marejados ouvindo histórias de crianças violentadas. E a exposição dessas pessoas? Na televisão e em horário nobre? A apresentadora se mostrou despreparada e anacrônica ao contar sua “experiência de repórter”. Em seguida pais de vítimas da violência subiram ao palco e em depoimento o pai do menino Gabriel, morto por policiais no Rio, chorou pedindo justiça. Apelo?

Aprendi que jornalismo social só faz sentido se suscitar discussão à procura de soluções. A desgraça de uns não deve ser o entretenimento de outros. Rede Globo da próxima vez procurem a jornalista apaixonada!

Tatiana Coêlho

Eu, Tu, Eles...

(4 de Agosto de 2008)

Existem dois tipos de homem e eu.

Eu sou do tipo menininha. Não uso mega saltos, nem mega decotes. Mas sei me vestir. Não chego em caras, não fico com qualquer um. Mas sei escolher o mais interessante da festinha. Não vou pra qualquer festa, gosto de selecionar a música que vou ouvir e, conseqüentemente, o tipo de gente que vou encontrar. Mas não recuso boas saídas com boas pessoas, seja pro lugar que for.
Nem sempre fui assim. Mas a partir do momento em que deixei detalhes e preocupações de lado, comecei a viver de verdade e a aproveitar tudo que estava ao meu alcance. Assim, conheci todo tipo de homem. Hoje, com sabedoria e experiência, posso dizer que consigo dividi-los em dois grupos: o dos gostosos e corpudos; e o dos inteligentes e interessantes.

Eles estão em todos os lugares. Mas você só os encontra se estiver disposta. No começo é mais difícil, demorado, envergonhado. O coração bate mais forte toda vez que algum ser do sexo masculino com intenções estranhas chega a menos de 1m de você. Mas depois de umas cinco festas com cabelos soltos, cílios curvados, duas cervejinhas e sorriso, a vergonha e insegurança passam. Aí as pessoas que vão acrescentar algo aparecem sem esforço, seja ela do tipo que for. É importante lembrar sempre que cada tipo de homem tem valor.

E os dois tipos comuns valem a pena em qualquer fase da vida. Ainda mais se forem um pouquinho mais velhos. Exemplos: mulher com 20, homem com 30; mulher com 30, homem com 37… até 42. Mas também não deixe chegar aos 50. Calma lá.
Vou começar pelo gostoso.

Esse é bonito e ponto final. Não queira que ele te fale coisas excepcionais. Mas em compensação, tem olhos apaixonantes, boca bonita, corpo malhado, pele bronzeada e é estiloso. O “gostoso” costuma ter super-profissões: advogado, com ternos e perfumes caros; fotógrafo, com ar desleixado e equipamento sempre a postos; ou tenista. Esse homem é do tipo que não quer se relacionar e, por isso, aparece sempre com idéias boas. Em vez de restaurante com vela, caro e com manobrista, te leva a um bar. E promete pagar as cervejas.

A conversa é, na verdade, um monólogo. Só a mulher fala e ele concorda com absolutamente tudo que ela fala. Mas presta atenção, morre de rir e balbucia qualquer coisa que já foi dita, só que em outras palavras. Importante lembrar que ele é lindo e concorrido, então o telefone não vai parar de tocar a noite toda. Mas ele vai binar, pra mostrar que você é tudo naquele momento. Os joelhos se encostam embaixo da mesa enquanto a mulher continua contando a vida inteira. Mas na verdade, os dois só conseguem pensar qual vai ser o momento do bote.

Pode ser um ploc no meio de todo mundo, pra aumentar o desejo, ou pode ser no momento de abrir a porta do carro. A segunda opção é a mais interessante e normalmente, a mais escolhida. As mulheres sabem que vai ser do estilo clássico, e por isso adoram tanto. Ele vai te encostar no carro e você não vai ter pra onde fugir. Não vai parar de beijar e, nessa hora, qualquer comentário que você quiser fazer, desiste. Ele não vai querer saber. E no final, quando você cansar e quiser ir embora, vai ouvir a famosa proposta: “Vamos pra um lugar mais calmo?”. No som do carro, já programado, toca Portishead. E aí é com você. Vai ou não vai? E se eu fosse você, ia. Deve, no mínimo, valer a pena. Homens desse tipo sabem o que fazer direitinho com tudo o que têm.


Mas eu prefiro os inteligentes.

Esse, você vai encontrar em alguma festa super legal, com música do estilo que você gosta, ou em alguma livraria ou cinema alternativo. Ele não quer ser cult. Ele entende exatamente tudo o que está falando. Vai entender sobre o lúpulo da cerveja que está bebendo, vai saber explicar porque gosta tanto dela, e é decidido na vida. Também tem uma mega-profissão: jornalista, escritor, historiador ou engenheiro. E certamente vai ter coisas a acrescentar: faz comentários de filmes e bandas, sabe história, curiosidades, e a parte favorita dos DVDs é o extra. Costuma gostar de teatro, MPB ou rock clássico (minha opção favorita). Mas esses, costumam estar um pouco a cima do peso, têm cabelos brancos, não se bronzeiam (e até passam bastante protetor solar), usam duas camisas lisas e são superdetalhistas com as cores para não ficar brega. Mas têm olhos hipnotizantes e usam perfumes bons. Porque eles sabem escolher.
Na famosa conversa de filmes, vai começar citando coisas que você nunca viu. Ele vai te fazer uma lista de outros que você tem que assistir. Vai citar quotes: “Appy-polly-loggies. I had something of a pain in the gulliver so had to sleep”. Você insiste, faz charme, dá beijinho e quer saber o que diabos é gúliver. Mas aquilo vira segredo de estado e um motivo pra te surpreender um pouco mais pra frente. Aí ele programa algo especial, só os dois, com chocolates e ar condicionado pra assistir o tal filme e descobrir o que significa a palavra em russo. Nessa hora a gente não recorre ao google. A gente simplesmente se deixa ser surpreendida. Durante o filme, ele vai fazer comentários, é claro. “Reparou que a mulher não usava calcinha por baixo do macacão vermelho?”. E você responde, boba: “Caraaaamba, é mesmo!!!!”. Depois ele comenta o nome do diretor (essa é clichê). “Stanley Kubrick, conhece?”. Você, boba de novo, não se lemba: “Não, não sei”. E ele te dá um beijinho e um sorriso lindo.

Ele também sabe tudo de música. Canta trechos. “She Said the man in the gabardini suit was a spy”. Faz como um maestro com uma das mãos, que vai direto pra trás da sua cabeça e o beijo é sensacional. Te conta um fato curioso da banda te promete gravar um CD. No dia seguinte, quando ele acordar lembrando do acontecido, vai provavelmente mandar uma mensagem de celular ou um e-mail com o trecho. Meu coração sempre explode nessas horas. Mas assim como o gostosão, esse não dura muito. Enquanto aquele não queria relacionamentos, esse até quer, mas está ocupado com alguma coisa.

Enquanto eu não acho um inteligente, me divirto com os gostosões.

Eles sempre reaparecem para massagear seu ego, te elogiar e acabar com a carência. Mas todos eles são iguais: se você anima demais, eles correm. Se você não anima, não correspondem, eles fogem. Eles nunca estão preparados para um relacionamento sério, encontram outras pessoas, só pedem desculpas sem sentido e desaparecem ou então são comprometidos.

Mas valem a pena como história para a vida e experiência e, por isso, continuamos vivendo.

Felizes para sempre!

Juliana Boechat