quarta-feira, 15 de julho de 2009

My first!

Eu sempre fui meio atrasada, na verdade aprendi depois de alguns anos que para mim não adianta tentar apressar as coisas, a minha vida tem um tempo só dela. A vantagem é que alguns acontecimentos se tornam especiais exatamente por chegarem na hora certa. Assim foi o meu primeiro beijo, nem vou contar quão velhinha eu era, ninguém sabia que eu nunca tinha beijado.

Sempre fui atrasada, mas bem espertinha, logo não ia me entregar assim. Minhas amigas todas, ou quase todas, já tinham ficado e uma ou outra até namorado. Se eu falasse ia virar o centro das atenções e desde novinha sempre preferi a esfera privada. Eu vivia bem com os meus medinhos e inseguranças, não precisava da pressão alheia.

A graça é que meu primeiro beijo nunca soube que era “meu primeiro”, por mais desajeitada que eu fosse. Éramos amigos -ainda somos - e o nosso grupinho nos via como um potencial casal, acho que começamos a acreditar e a gostar da brincadeira. Era tudo tão amorzinho de infância, com todos os desencontros, sendo que ele já tinha piriguetado (não sei se o termo se aplica a nossa idade da época, mas...) pela escola e eu não.

Eu lembro como se fosse hoje, ele tinha tudo tão planejado, eu vi tudo e me deixei ficar completamente vulnerável (antigamente eu era mais mulherzinha e era fácil fazer isso). No dia D, nós fomos fazer prova às oito da manhã em um shopping, a escola toda. Ele chegou lá com uma caixa na mão, o que aguçou a curiosidade do público, mas ele não revelava o conteúdo por nada.

Depois da prova ficamos para o cinema, não mais que de repente eu caí (ou fui jogada) pro lado dele. Eu sabia onde chegaria e estava completamente nervosa, já tinha chegado no quase algumas vezes com ele, já tínhamos até feito papel de cupido – muito eficiente, por sinal- para outro casal. Fiquei ali, esperando, passiva, até que ele me revelou o conteúdo da tal caixa, era uma rosa -pausa para o suspiro! Não, eu não gosto de flores, mas dessa eu gostei. Lembro que me engasguei na hora de agradecer, a voz tremeu e eu a guardei – até hoje ela existe.

Não consigo medir o tempo entre pegar a rosa e sentir a boca dele, mas lembro de todas as sensações. Me senti desajeitada, com medo que ele descobrisse que era meu primeiro, uma hora eu sentia frio, dois segundos depois estava suando, tudo tão misturado que eu já nem sabia se estava gostando ou não. Depois as sensações físicas, língua, boca, o abraço, era muita coisa passando pela minha cabeça.

Eu lembro até das nossas roupas no dia. O mais divertido do meu primeiro beijo é que foi seguido de ligações, presentinhos, cartinhas e coisas legais na escola. Até eu estragar tudo. Sim, eu aprendi que só me ferro em relacionamentos bem cedo. Quando veio a proximidade do namoro eu fugi, arrumei mil e um defeitos, dei uma desculpa qualquer virei de costas e fui embora.

Ele nunca entendeu e me perguntou anos mais tarde, eu enrolei mais uma vez. Ele gostava de mim e eu dele, essa era a verdade, mas eu era menina demais pra entender o que estava acontecendo, por mais que me achasse a mais emocionalmente inteligente de todas. Era só uma adolescente medrosa que fugiu feito ratinho quando a coisa ficou séria. Me arrependo e faria sim algumas coisas bem diferentes.

Foi junto com o meu primeiro beijo que veio a primeira crise de ciúme, a primeira DR, as primeiras mensagens de madrugada, as primeiras arc inimigas. Aprendi muita coisa com ele e sei que ele comigo. Temos uma ligação especial, uma amizade bacana, torcemos um pelo outro, apesar de hoje termos rotinas completamente separadas. Mas ele ainda não sabe que foi o meu primeiro, nem sei se um dia vai saber.

A verdade é que eu me sinto bem sortuda porque meu primeiro beijo foi bem do jeito que tinha que ser, com meu atraso recorrente e absolutamente perfeito.

sábado, 11 de julho de 2009

Vai sim, vai ser sempre assim

Saudade vem sem avisar, sem aviso-prévio, sem perguntar se é a hora certa ou ainda se estamos prontos para aguentá-la. Saudade não se importa com os erros do passado, se estamos prontos para perdoar, se é tempo de seguir em frente, ela simplesmente aparece. Surge nas horas mais impróprias, bem naquele momento em que você achava que estava tudo bem e que finalmente tinha parado de doer.

De repente vem a falta. A falta que ele te faz, a vontate de ter por perto, as lembranças dos momentos bons e até dos ruins. O riso frouxo, as lágrimas soltas, a raiva da saudade que nem mesmo deveria ser sentida. Dois passos a frente e se sente que andou para trás, porque por hora parece que nada foi o sufiente. As horas em profunda reflexão pensando que tinha mesmo que colocar um fim são perdidas.

Não o esqueceu, ainda quer ele ali, para ouvir seu dia, para tentar resolver os problemas que você nem quer solucionar, ainda quer ser mimada, ainda quer se sentir especial. Não o perdôou, não apagou os acontecidos, não pretende adminitir, ou confessar, não quer mexer com o passado. Mas ela vem sem avisar e se instala, saudade vem sem aviso-prévio.

"Vai sim, vai ser sempre assim
A sua falta vai me incomodar,
E quando eu não agüentar mais
Vou chorar baixinho, pra ninguém ouvir.

Vai sim, vai ser sempre assim,
Um pra cada lado, como você quis
E eu vou me acostumar,
Quem sabe até gostar de mim.

Mesmo que eu tenha que mudar
Móveis e lembranças do lugar,
O meu olhar ainda vê o seu
Me devorando bem devagar.

Vem, que eu ainda quero, vem.
Quando menos espero a saudade vem
E me dá essa vontade, vem
Que eu ainda sinto frio
Sem você é tudo tão vazio
Vem me dar essa vontade,

Vem que esse amor ainda é meu.
Troco todos os meus planos por um beijo seu
E essa noite pode terminar bem"

(Eu Espero- Luiza Possi)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Gone too soon

Tenho choro fácil. Sou dessas que choram até em inauguração de supermercado. Não precisa de quase nada pra me levar as lágrimas, me emociono muito facilmente, é só eu ver alguém chorando que lá estou eu engasgando. Se for alguém que gosto então já era, tenho vontade de pegar a dor pra mim, como não é possível acho que acabo compartilhando.

A minha tarde de hoje foi dedicada a assistir ao “velório” (não achei uma definição melhor) do Michael Jackson com o resto do mundo. Nunca fui super fã, não vivi os melhores anos da carreira dele, mas cresci escutando Jackson 5 e as história do excelente músico e bailarino. Crédito do meu pai, que tem a mesma idade dele e era fã da Black music. No dia da morte, foi com ele que assisti atenta às primeiras notícias na CNN.

Na tarde de hoje acompanhei apresentações lindas, achei as falas pertinentes, por vezes exageradas, mas também vi gente querendo fazer da cerimônia o próprio palco. E vi uma família, me chamou a atenção o pai sempre separado dos filhos e só se levantou quando o palestrante lhe interessava. Posso até estar errada, mas nada me tira da cabeça que Michael perdeu a sanidade em função dele.

O carinho da tia Janet Jackson com a sobrinha, com a avó e com os irmãos, isso sim foi o mais importante de tudo. “Não tinha nada de esquisito com o papai de vocês”, falou o reverendo. Alguém por um momento imaginou como anda a cabeça dessas crianças, é pai, não é pai, a mãe quer, a mãe não quer e tantas outras notícias e especulações veiculadas, cuidado mundo são apenas crianças.

De todos que se apresentaram, Jeremiah Jackson cantando “Smile” e Usher com “Gone too soon” foram os mais emocionados. O rapper foi o único que desceu e reverenciou o caixão ali colocado ao centro do palco, mas abaixo, como se fosse platéia de um espetáculo especial. Mais do que isso, o artista chorou e cantou para Michael e não para o público presente, a letra da canção que dizia “Como um pôr do sol que morre ao nascer da lua, foi muito cedo...”

A dupla Quincy Jones/Michael Jackson merece meus eternos aplausos, pelas batidas, vocais e toda produção. Como amante da dança, não sei nem descrever a destreza dos passos de Jackson. Acho que ele deu ao mundo muito pouco de seu talento musical em função de algo que lhe foi roubado e nunca mais devolvido, e ele buscou por isso a vida toda.

Ele sempre me intrigou, sempre quis saber o que realmente passava pela cabeça dele, se ele de fato abusava de criancinhas, ou se de fato nunca cresceu. As pessoas ganham sua sanidade na infância, ele nunca teve a dele. Um negro lindo que se desfigurou aos poucos, que não se aceitava e que sofria.

Tudo na vida dele sempre foi muito conturbado, as namoradas, a família, a imprensa, fica a certeza de que nem mesmo ele sabia a verdade sobre Michael Jackson. Como disse o irmão Marlon quase em desabafo, “Nunca te entenderam, mas talvez agora te deixem em paz Michael”

Como eu disse, tenho choro fácil e na tarde de hoje chorei muito e senti um pouco de pena de alguém que foi muito cedo sem mostrar todo o potencial.