quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sonhar Acordado!

VIII FEST-TORTAS DO SONHAR ACORDADO!

Por R$20,00 você terá liberados:
-Tortas doces e salgadas fornecidas exclusivamente pela Torteria de Lorenza;
-Sanduíches Subway;
-Sucos e refrigerantes;
-Pipoca, algodão-doce e cachorro-quente.

Em 2010 o Sonhar Acordado traz para você uma festa como você nunca viu!
Para bancar a nossa Festa de Natal, quando cerca de 600 crianças carentes terão um dia de muita alegria, o Sonhar Acordado promove o nosso VIII Fest-Tortas!

Quando?
Dia 03 de Outubro - dia das eleições - a partir das 18:00.
Um dia de lei seca onde além de votar você pode ajudar o Sonhar a realizar sonhos!

Onde?
No Salão Social da AABB Brasília.
Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 02, Conjunto 17 / 70200-020 / Brasília - DF

Para quem não conhece a ONG, há uns dois anos, em uma das nossas festas grandes para crianças, escrevi esse texto aqui:

Dia de Sonho 2007

Um Dia de Sonho cheio de lições para gente grande. Saldo do evento: um ombro dolorido, uma bolha no pé, um dedo queimado e o mais importante a certeza de ter vivido um dia único. Entregar camiseta, conduzir a chegada, pular catraca de ônibus, receber um monte de abraços e olhares ansiosos, prontos para entrar no mundo da imaginação junto com as princesas. Proporcionar o encontro dos pequenos com seus respectivos “tios” e assistir belos sorrisos.

Dentre as milhares de histórias memoráveis protagonizadas por nossos pequenos, talvez a que sempre me lembrarei é a lição dada pelas crianças da creche Novo Caminhar. Ensinam ao mundo que preconceito é ignorância e estupidez, o carinho pelo Bruno - aquele garoto animado, que, por acaso, anda em uma cadeira de rodas. Pra quem não prestou atenção todas as crianças cuidam e conversam com ele sem qualquer traço de diferença. Aplausos também para o voluntário “tio” do Bruno, que o escolheu e tratou muito bem das duas trocas de fralda, roupas, remédios e os cuidados que ele precisa, claro auxiliado pelas crianças da Novo Caminhar que são excelentes professores.

A energia em volta do ginásio com a Batalá e as crianças por entre as percussionistas foi inexplicável, voluntários, coordenadores e pequenos foram levados ao delírio. O mais divertido de assistir aconteceu quando as crianças receberam as baquetas e a permissão para batucar.

Ver as voluntárias exercendo seu instinto materno, dando comida, fazendo dormir, ensinando coisas e ver os voluntários bagunçando com as crianças, rolando na grama, carregando criança nos ombros. Assistir os acordos (ou as tentativas de) entre os pequenos e os tios foram as cenas que fizeram tudo valer a pena.

A prova da nossa total inexperiência em trabalhos domésticos protagonizou histórias engraçadíssimas, aquelas coisas que a gente só vê no Sonhar, como a caixa d’água, a fantasia de Cinderela presa na Cecília no fim do dia, e tantas outras. Mas todo o trabalho, corre-corre e o cansaço pós-evento não são nada se comparados a beleza do dia.

Como disse a palestrante do zoom todo mundo tem problemas, alguns são maiores que os nossos, por isso, ao menos pontualmente, podemos fazer sonhar. Domingo tenho certeza que muito voluntário sonhou acordado.


domingo, 26 de setembro de 2010

“Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho...”

Existem dons inexplicáveis, que vem sem avisar, sem pedir autorização e ocupam todo o espaço. Pessoas que simplesmente nascem predestinadas , não importa o tempo, a dificuldade, o preconceito, elas apenas seguem. Assim, o samba tem sua dama, Dona Ivone Lara preenche o palco como quem valsa, com elegância, retrato de uma mulher que pensou à frente de seu tempo e que cumpre seu destino.

“Um sorriso negro, um abraço negro, traz felicidade”
No auge dos seus quase 90 anos, Dona Ivone encantou o público que foi ao Teatro Nacional. Caminhando com dificuldade e ajuda do neto foi recebida por aplausos de uma platéia de pé. Ao lado do parceiro de composição há 35 anos, a cantora mostrou toda potência vocal e brincou como clima árido da cidade. “Me desculpem a voz rouca, mas aqui está difícil”. Cantou sentada em um lugar que parecia ser só dela, ninguém mais estaria tão à vontade ali.

“Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho”
Dona Ivone nasceu em meio a sambistas e chorões. Aprendeu cavaquinho ainda menina, em um tempo que mulher no samba era algo inimaginável. Foi enfermeira e assistente social e só depois da aposentadoria lançou seu primeiro disco. Lançado em 1970 pela gravadora Copacabana, o Samba 70 marcava o inicio da carreira profissional.

“Já no amanhecer do dia, a suntuosidade me acenava e alegremente sorria. Algo acontecia, era o fim da monarquia”
Foi a primeira mulher a compor um samba enredo. Em 1978, “Sonho Meu" levou o prêmio de melhor música do ano, na voz de Gal Costa e Maria Betânia. De lá para cá são inúmeras as canções que se fazem presentes em todas as rodas de samba. São mais de 300 composições gravadas pelos mais diversos nomes da música brasileira.

“Olha como a flor se acende quando o dia amanhece. Minha alma se esconde, esperança aparece”
Dona Ivone contou um pedacinho de sua história. “Eu tinha um primo que me ouvia, e dizia que ia levar meus sambas pra escola, eu dizia que sim, depois ele sinicamente dizia que era dele. Não me incomodava, era como as pessoas conheciam algo feito por mim”, confessou a cantora. O primo era Mestre Fuleiro, a escola era Prazer da Serrinha, que depois se tornaria G.R.E.S Império Serrano.

“Mas quem disse que eu te esqueço, mas quem disse que eu mereço?”
Quem assistiu a elegância da senhora que nasceu para a música. As músicas que falam sobre aquilo que sentimos, mas não sabemos colocar no papel. Ao fim do show, passo lentos para sair do palco e ela fala. “To velha mesmo, ta ruim aqui” . E alguém grita “maravilhosa” e não há palavra melhor para defini-la. E a platéia segue. “Acreditar? Eu não. Recomeçar? Jamais. A vida foi em frente e você simplesmente não viu que ficou pra trás....”

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E vem a idéia....

Tem texto que nasce pronto. De repente vem uma idéia, os dedos deslizam pelo teclado, as palavras se encaixam e a história simplesmente surge. Tem personagem que voa sozinho, sem ter muito o que pensar sobre, ele desenha a própria trajetória.

Mas há sempre os desafios, aqueles que a gente não sabe para onde levar, que precisam ser guiados e que podemos transformá-los em grandes sucessos ou em estupendos desastres. Confesso meus sérios problemas em definir personagens. Não é fácil aplicar rótulos e escolher caminhos para alguém que é uma extensão de você.

Respeito os grandes autores da literatura nacional e internacional, que fazem o que eu não sei fazer, pela forma com que guiam seus personagens e leitores. Nos envolvemos, apaixonamos, odiamos e torcemos por histórias tecidas com uma perspicaz riqueza de detalhes.

Nas caracterizações absolutamente humanas, encontramos nossas qualidades, nossos defeitos, nossos sonhos. Entramos em contato com novas realidades. Dom Quixote, Capitu, Pedro Bala, as irmãs Walsh, Bruno e tantos outros. E eu me pergunto porque ainda se lê tão pouco nesse país.

Tem história que já vem pronta. A minha anda se trilhando por aí, mas é nas palavras que eu posso me perder e me encontrar. Meus textos não nascem prontos, são a minha mais simples extensão.