sábado, 26 de março de 2011

Rio...

Deixo um Rio de saudade, de muitas lembranças. Conheço um Rio que é só meu, que não pode ser compartilhado, nem divido, meus pontos turísticos não estão nos guias. Deixo a cidade como quem gostaria de ficar. Mesmo com medo ao ver que por aqui muita coisa é absolutamente diferente do que meus costumes.

Em três semanas vi o cristo de longe todos os dias, lá de cima com os braços abertos para receber quem chega, me protegendo mesmo com a minha displicência de nunca ter ido à seus pés. Por aqui tem um “não-sei-o-quê de qualquer coisa”, que faz a gente se sentir bem, talvez seja o mar, ou a alegria carioca.

Mesmo em um das cidades mais violentas do país descubro que por aqui tudo é possível. Ver como as pessoas são “geração saúde”, gente bonita pela rua, tudo é mais descolado e despreocupado por aqui. Sinto falta do meu carro e do transito organizado, mas assistir o fim da tarde na praia recompensa tudo e faz todo o resto parecer pequeno.

Não me apego ao saudosismo, do Rio da “garota de Ipanema”, gosto do Centro, da confusão, dos museus, de ver novo e velho em um encontro desarmônico, porém absolutamente funcional. Por aqui fui muito mais que turista, lembrei o quanto eu gosto da vida acadêmica. A vida cultural é mais ativa por aqui.

Deixo um Rio com a certeza de quem precisa voltar, de quem ainda tem muito o que resolver por aqui. Mas por hora é hora de voltar para casa, rever a família, colocar os trabalhos em dia e pensar em quando será a hora de matar as saudades da cidade que me conquistou antes que eu pudesse notar. Conheço um Rio que é só meu.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Você abusou...

“mas me perdoe se eu insisto nesse tema...”. Sei que falo exaustivamente sobre, mas é escrevendo que procuro sentido nos acontecimentos. Penso sempre nos meus limites, até onde eu posso ir por um amor? Até que ponto é saudável adaptar-se e em que momento a gente sabe a hora de partir. Lembro da personagem Heloísa da novela Mulheres Apaixonadas, ela tinha um ciúme que virou doença. Tenho medo de amores doentios em que a pessoa se perde.

Na minha pouca experiência em relacionamentos, vi que sou do tipo que quando gosta vai agüentando, apesar de falar demais sou do tipo “compreensiva”. E é exatamente isso que me preocupa , será que sei aonde se para em cima dessa linha? Mas uma hora o meu limite chega, a paciência não é tão ampla assim, e quando se instala é de vez, não tem volta. Posso amar loucamente, mas descubro que não posso mais, que saturou. “você abusou, tirou partido de mim, abusou...”

Em um determinado momento se descobre que está muito perto do fim. E é esse instante que chega sem avisar, que exige nossa parcela mais forte, mais corajosa, porque é assustador ter que realizar que mesmo completamente apaixonada é hora de partir, porque passou a chorar mais que sorrir. Ver que a balança anda desequilibrada e não há nada que possa fazer.

Dói, como dói, quando você descobre que ele não pode lhe dar o que precisa. Nessa hora surge a berlinda: ou se aceita ele do jeito que é - tendo certeza de que as promessas não serão cumpridas, ele não vai mudar, assim matamos os nossos sonhos e desejos - ou preferimos aceitar que é hora de ir e saímos com um coração bem machucado. É uma dor que maltrata, quando se descobre que ele não ama o suficiente para mudar, para sair da posição egoísta.

“mas não sei fazer poema ou canção que fale de outra coisa que não seja o amor...”. Queria escrever sobre outros temas, mas há muito que não entendo neste terreno, para quem é adepta da simplicidade, ando com muita complicação ao meu redor. “É tão normal ter desamor ... Se o quadradismo dos meus versos vão de encontro aos intelectos que não usam o coração como expressão. Você abusou...”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pais...

Sempre penso em uma frase que li há um tempo já, que dizia “todos nos preocupamos com o mundo que vamos deixar para os nossos filhos, mas que filhos deixaremos para o mundo?”. Não sei se com essas exatas palavras, mas alguém expressou muito bem a minha preocupação com a futura geração. Tenho muito medo de ter filhos, por achar que a tarefa de educar uma criatura exige uma sabedoria que acho que não possuo.

Não sou nenhuma perita em educação, mas sou a primeira neta de uma família de nove, sendo que eu tenho 24 anos e a minha prima “mais velha” tem 15 e a mais nova 3 anos. Acreditem, conheço todas as fases infantis e já assisti cada cena de deixar qualquer psicopedagogo de cabelo em pé. Freqüentemente assisto pais querendo ser “bonzinhos” com os filhos e tendo medo de dizer “não”. As pessoas não querem ser chatas, mas pais não têm que ser legais, pra isso servem os amigos, genitores precisam ser chatos e bem chatos.

Pais servem para dizer não e impor limites, até porque a nossa função na vida enquanto criança e adolescente é testá-los até a última gota. Até os 15 anos a nossa principal função é odiar pai e mãe e achar – ou ter certeza - que eles não sabem de nada. Mas se os limites e o diálogo não são feitos em casa, começam os problemas. Os filhos vão pra mundo, e aí será que foram bem preparados?

“Não queria que meu filho virasse vagabundo, mas quando ele tinha 17 anos dei um carro zero para ele, mesmo ele estando ainda no 1º ano do ensino médio”. Ou ainda “Queria que ele levasse a vida mais a sério, mas paguei supletivo para que ele passasse de ano e fosse à praia com os amiguinhos”. Até quando as pessoas vão continuar enchendo os filhos de presentes para suprir falhas? Famoso chorou, ganhou. E a meritocracia? Aquilo que nos ensina a não nos contentar com mínimo e a trabalhar para receber ganhos. E os valores?

Por outro lado temos o excessivamente controladores. Aqueles que regulam televisão, computador, hora disso, hora daquilo, a roupa, a comida, o lazer, absolutamente tudo da vida da criança, ou de alguns nem tão crianças assim. O que também não ajuda, porque a porta do dialogo é fechada a todo custo e a criatura levada a uma síndrome de Peter pan. Não deixar as crianças assistirem jornal, novelas e afins não vai protegê-los de nada do mundo real, mas uma boa conversa e formação de caráter vai.

Outro dia no aeroporto escutei uma mãe falar para filha “meu consolo é que um dia você vai ser mãe e vai sofrer como eu”, quantas e quantas vezes ouvi isso da minha mãe, penso se um dia vou repetir a frase. Ainda tenho medo de não ter capacidade de educar, para mim, maternidade é a maior responsabilidade que alguém pode ter na vida. Quem sabe um dia vou repetir todas as frases de mamãe...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Não tem que ser assim...

Ela sabia. Podia se magoar, era melhor não arriscar. Vê-lo poderia trazer de volta tudo que ela insistia em guardar escondido no fundo do armário. Precisava aprender a ser só, a andar por ela, mesmo sabendo que o lugar era tão dele. De repente, doía muito mais do que ela imaginava.

Ficou difícil discernir entre encontrar ou ignorar, era muito difícil pensar em não vê-lo. E o encontro veio como uma chuva de verão, forte, tempestiva, dessas que demora a passar e quando vai deixa um monte de água espalhada. Era muito maior do que ela podia suportar, ela descobriu que tudo era mais intenso do que imaginava, aquilo que estava guardado ainda ocupava muito espaço. Chorou.

Ainda preferia acreditar que poderiam ser eles, em algum momento perdido no espaço, em algum tempo guardado para eles. Parou de entendê-lo. Sentiu-se só. O conforto que a companhia dele trazia não mais poderia ser dela, ele preferiu assim. Perdeu o controle, não conseguia entender tamanha complicação, ainda havia tanto sentimento. Sofreu. Agora deixaria o tempo tentar curá-la.

“... Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra que que a gente tem que Se arriscar
Então volta pra mim

Deixa o tempo curar
Esse estranho jeito de amar....”