quarta-feira, 13 de abril de 2011

Consciência é para poucos...

Retorno às minhas memórias e tento encontrar explicações, com uma certa freqüência ela me trai, os acontecimentos se confundem. Mas não dessa vez, não estamos falando de um passado longínquo, consigo ainda efetuar uma cronologia de fatos e mesmo assim não consigo compreender. Por que preciso passar mais uma vez por tal situação?

Sou altamente falha, meus defeitos me fazem – com mais freqüência do que eu gostaria – formar opiniões fechadas. Não costumo errar sobre pessoas, para mim são ruins até que provem o contrário. Não sou vítima da minha inocência, não sou fraca e indefesa, aprendi que só eu posso me defender. Prefiro verdades inconvenientes a falsidades sociais.

Já fui traída algumas vezes. Preocupação e dedicação nunca foram suficientes para terceiros. Não confio em muito mais pessoas do que posso contar nos dedos de uma mão. Acredito em racionalidade, não gosto de inseguranças, detesto vítimas. Acho que sou melhor do que aquilo que desprezo, não faço com os outros o que não quero que façam comigo, apesar de por vezes ser atingida pelo “outros”.

Ouço coisas que não gostaria, é o preço que se paga por falar demais e ser atrevida demais. Questiono meu egoísmo, será que minha visão de realidade é tão deturpada? Recorro às teorias, nem mesmo assim surgem respostas. Não consigo chegar à psicologia, confesso minha incapacidade. Não acredito em lei da compensação. Não encontro explicação, prefiro não me abalar (ou tentar). Me afasto. E minha memória insiste em me lembrar.

domingo, 10 de abril de 2011

Escola Tarso Genro - 07 abril de 2011

“A estupidez humana ultrapassou todos os limites. Mandar seu filho para a escola em uma manhã de quinta-feira e receber um cadáver de volta é de uma estupidez sem tamanho”. Assim, um dos professores que mais admiro na Universidade descreveu a tragédia da última semana no Rio de Janeiro. Não consigo mensurar a dor de uma mãe, mas acredito que jamais se cura a alma da perda de um filho. Não moro no Rio, não conheço nenhum dos estudantes daquela escola, mas chorei como se fosse uma familiar, tamanha barbárie me levou ao desespero ao pensar a que ponto chegamos.

Não é culpa da televisão, da internet, dos Estados Unidos ou do videogame. A loucura acompanha a história da humanidade ao longo do tempo, ela só vem sendo potencializada na medida em que a crueldade humana ultrapassa novas barreiras. Acredito que não há explicação, nada justifica uma chacina de crianças. Pouco interessa se o perfil era introspecção, esquizofrenia, psicopatia, sociopatia, se sofreu bulling, absolutamente nada explica o assassinato de crianças.

Pais cuidem de seus filhos, atenção. Estado, cuide de seus pequenos cidadãos. Pouco se falou em assistência psicológica para os estudantes, a cena que eles presenciaram na escola tem muito soldado que não assiste nem em guerra. Me pergunto em como será a volta às aulas dessas crianças, como elas se sentirão seguras no ambiente escolar de novo. Espero que possamos mostrar que não mais acontecerá e a escola é sim palco da grande magia do conhecimento e esperança de um excelente futuro.

Não há como falar na sucessão de erros, na exposição das crianças, mas era uma operação sem precedentes. Ainda bem que o policial acertou o tiro, mas poderia ter piorado ainda mais a situação. Os professores foram os grandes heróis do dia. Ouvir de uma menina de menos de 15 anos “ele matou minha amiga”, ou um senhor aos prantos “Eu fiz o que eu pude, mas só quem pode salvar é Deus, elas ainda respiravam, não custa nada ajudar” dói na alma, como se alguém levasse embora nossa esperança.

Só me resta pedir paz, rezar pelas vítimas e suas famílias. Espero ainda que o caso sem precedentes seja único e último, que ninguém ache que tal ação pode ser palco ou degrau para fama. Eu rogo. “Deus, se tiver um tempo, se estiver me ouvindo, diminui a estupidez humana, olha por nós!”