segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Pode ser...


Pode ser que seja essa dor de cabeça imensa que não quer passar ou a alergia que resolveu se instalar. Pode ser só que eu esteja mais frágil hoje ou mais insegura. Pode até ser o calor que anda fritando juízos, ainda nao achei nenhuma elucidação genial, mas a verdade é que senti saudade. Dessas que se sente apertado e deixa escondida, que não conta pra ninguém  para não aumentar, porque parece que ela quer sair e fazer um escândalo.

Ainda preciso abandonar essa mania de querer. Essa força maluca que faz meu pensamento chegar em você toda vez que fecho os olhos, que leio qualquer coisa ou vejo algo na rua. Apaguei fotos, desapareci em redes sociais e em tudo que continha o botão “deletar”. Detesto mais quando invade meus sonhos, porque você já fode as minhas horas acordada, as dormindo que sejam minhas e só minhas.

Preciso acreditar que outro de você vai aparecer e ocupar esse espaço imenso que deixou. Me apego a isso, porque senão vou ter que aceitar minha amargura ao pensar que relacionamentos não são pra mim. Não porque eu me ache inferior, pelo contrário, sou infinitamente melhor que a minha vizinha. Mas por não ter vocação para Amélia, nenhuma censura nas minhas opiniões, um humor ácido e não me legitimar pela presença masculina. Não preciso do dinheiro dele, tão pouco que resolva a minha vida, disso eu mesmo cuido.

Preciso que venha com uma lista de qualidades e outra maior ainda de defeitos, que no fim das contas queira estar, decida estar e somente por estar, apenas por gostar. Porque no fim do dia é o que conta, se interessar em banalidades e nas miudezas que fazem a vida mais leve. Ouvir meus devaneios e verbalgias, saber a hora de fazer calar

Já aprendi a não ligar para sapatos feios e aceito algumas manias. Erros de português ainda fazem meu coração quebrar, mas nem tudo é relativo. Nao quero os mulecotes cheirando a leite, nem os "el comedores" com papinho de sempre, nem os velhinhos que desaparecem. Respeito minha inteligência, cansei de convites cretinos e gente que quer passar. "Ou soma, ou some" o que me joga na vala da absoluta descrença.

Pode ser que seja medo de nunca mais querer ficar, pode ser que seja essa minha mania de não gostar de voltar. A verdade é que eu me sentia segura porque você tinha me tirado da incredulidade e eu tenho uma saudade dolorida dessa fase. Não, ela não vai gritar, pelo menos isso eu ainda controlo, deixo aqui quieta até passar, até eu abandonar essa mania que insiste em querer voltar.

Meu Rio é assim

Deixo sempre um Rio de saudades, por aqui renovo esperanças, acredito no novo e espero por dias melhores. Se há uma certeza é que era por aqui que eu devia ter nascido, vivido, mas algo me deixou só olhando de longe, como se contemplasse uma obra de arte até ela ganhar sentido. Como diria o poeta tem um "não-sei-o-que de beleza" nas ruas estreitas e prédios antigos, no centro conturbado, no metrô lotado e nas calçadas cheias de turistas. Não sei se é a mistura de gente ou a atmosfera carioca, mas sei que aqui sou mais feliz.

Não contemplo um Rio de perfeição, admiro um Rio de contrastes, de pobreza, de sujeira, de ausência de infra-estrutura. Uma cidade que cresceu - e cresce - além de sua capacidade, que abraça mais gente do que pode. Choro com os cariocas a corrupção do governo, da polícia, das instituições, o descaso das autoridades em conservar o local que escolhi como meu. Compartilho as manias cariocas, o "imagina na Copa", que além de um jargão é uma real preocupação em oferecer o melhor a quem vem de fora, porque cariocas sabem receber, mesmo com toda marra e educação peculiares.


Ainda me emociono quando escuto "ué, mas você não é carioca?", talvez eu seja mesmo. A cada viagem conheço mais um pedaço do antigo estado da Guanabara pra chamar de meu, me apaixono mais pelos amigos que fiz por aqui. Talvez por isso não tenha chegado minha hora de trazer as malas permanentes, ainda há muito por ver. Sinto falta da minha casa, mas em nenhum outro lugar do mundo me sinto em casa como aqui. Deixo um Rio com uma lágrima no canto do olho e uma mala repleta de saudades.