terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Obrigada Malala!

“Para nunca tirar essa sua vontade de conhecer história”. À uma amiga muito querida que me presenteou com um excelente livro e uma das mais belas dedicatórias que já recebi. Obrigada Camis!

E depois de tantos anos de escola eu precisei de uma garotinha de 15 anos para me ensinar sobre coragem, sobre como a educação é o bem mais precioso de alguém. Malala Yousafzai, obrigada por me lembrar. Foi estudando que aprendi sobre relativismo cultural e sobre as invenções das tradições. Eu sempre acreditei na educação, devoto a ela minhas esperanças no futuro, as individuais e as coletivas, ela salva o mundo. Sou filha de uma pedagoga apaixonada pelo que faz e aprendi dentro de casa o poder de um livro. É a educação, e só ela, que desconstrói preconceitos, que protege as diferenças, entende a diversidade e liberta. 

Malala Yousafzai é uma garota paquistanesa, nascida em Mingora em 1997, em seu país a educação é para poucos, quando se tratam de mulheres, para muito poucas. Aos 14 anos ela foi impedida de ir à escola, não porque seu pai não mais quis, mas porque o regime de governo vigente proibiu as garotas de estudarem, sob a justificativa de uma possível secularização e ideologia contra o Islã. Malala, a convite de um jornalista, criou um diário com um pseudônimo, a exemplo de Anne Frank precisava contar a situação de seu amado vale e continuou frequentando as aulas de forma clandestina.

O Talibã bombardeou escolas, matou professores e ameaçou ou assassinou todo aquele que falou contra o regime. A educação dela não veio só dos livros, mas de pais que a incentivaram, seu pai tinha um sonho ter uma escola e que a filha fizesse feitos incríveis, afinal dera o nome de uma heroína paquistanesa a filha. A família teve foi exilada na época do domínio Talibã. Era a prova que a educação era uma ameaça, pessoas que pensam são ameaças.

 “Quando cruzamos o desfiladeiro Malakand, vi uma menininha vendendo laranjas. Para cada laranja que vendia, ela fazia uma marquinha com lápis num pedaço de papel, pois não sabia ler nem escrever. Tirei uma foto e jurei que faria tudo o que estivesse a meu alcance para ajudar a educar garotas como ela. Era essa a guerra que eu ia travar”

Em 2012, o Talibã provou sua crueldade contrariando as expectativas mais pessimistas e atacou um ônibus de crianças na saída da escola, ferindo três meninas. Ela não teve tempo de responder quando ouviu “Quem é Malala?”, ele já atirara nela. Quase dois anos depois, ainda em recuperação, Malala discursou na ONU, foi apresentada por Gordon Brown como "a garota mais corajosa do mundo".  Se o Talibã queria silenciar sua voz, o efeito foi contrário, a voz da garota ganhou o mundo e recebeu apoio de gente importante.

"Os terroristas pensaram que eles mudariam meus objetivos e interromperiam minhas ambições, mas nada mudou na vida, com exceção disto: fraqueza, medo e falta de esperança morreram. Força, coragem e fervor nasceram"

Durante o discurso ela falou  mais uma vez sobre sua luta pela educação. "Vamos pegar nossos livros e canetas, eles são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo". A ignorância pode até ser feliz, mas a educação é uma dádiva, descobre-se o mundo, viaja-se a planetas nas páginas de um livro. Ela descobriu o quanto fazia falta quando foi impedida de ter, eu vi o quanto era importante quando li o que uma garotinha é capaz de fazer por ela. Malala Yousafzai, você não é a menina baleada do Paquistão, é a menina heroína, obrigada por me inspirar.

“I think of it often and imagine the scene clearly. Even if they come to kill me, I will tell them what they are trying to do is wrong, that education is our basic right.”