quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Quando eu tentei...

Nunca tinha insistido em alguém e foi com você que decidi. Ofereci tudo que podia ser. E se era fácil lidar com a sua sinceridade, foi difícil não me perder nela. Quando eu decidi ficar, quando tudo só fazia sentido assim. Mas precisei me explicar tantas vezes...

Quando te pedi pra me levar pra ver Chico. O amor era meu, mas quis te mostrar um pouco dele. Quando eu te pedi companhia. Você disse que sim, mas o filme não veio.

Quando disse que você podia ser a minha sorte era pra que sentisse um pouco do que eu sentia. E sei que sentiu. Mas a sorte ficou de pontas soltas por aí.

Quando me fez sorrir. Quando brincando me pediu em casamento. Quando eu quis aceitar sem brincar tanto assim. Quando me olhava dormir. Quando fomos felizes. Mas o sorriso se foi.

Quando eu pedi seu ombro. Quando te pedi proteção. Quando implorei que me desse atenção porque eu estava quebrando. Mas acho que quebrei antes que você pudesse chegar.

Quando te pedi pra não ter medo. Quando falei que amor é pra quem tem coragem. Quando implorei tantas vezes para que ficasse. Quando te ofereci um mundo novo e te pedi pra me mostrar o seu. Mas preferiu não acreditar.

E como Chico eu preferi bater o portão sem fazer alarde, guardar as melhores lembranças. Quando me prometi que seria a última vez. Dessa vez decidi não ficar. Mesmo saindo aos pedaços em uma estrada que ainda parece ser sua. "uma saideira e muita saudade...". 



sábado, 5 de setembro de 2015

Meu roteiro

Se meu histórico amoroso fosse virar roteiro seria uma comédia nada romântica. Sem a pegada clichê com final feliz e R&B tocando. Estaria mais para uma comédia rasgada ou um drama daqueles que parece que as peças não se encaixam. Mas nem tudo é ruim, também não viraria filme policial nem estamparia nenhum terror barato. Com certeza o sobe som do final não viria com um joelho no chão e aliança na mão.

Cedo eu tive que aprender que para mim o tempo é outro, tudo só acontece quando tem que acontecer, não adianta tentar apressar nada, porquê qualquer tentativa contrária, em bom carioquês, "dá ruim". Nunca sofri de desespero patológico, mas como toda alma feminina ansiosa, tem horas que a vontade é perguntar qual é a da sacanagem celestial porque parece que a única não-merecedora da coisa sou eu. Já foram tantos cacos para juntar que descrença vira uma certeza habitual.

Meu primeiro beijo veio junto com o primeiro namoradinho, esse foi ponto fora da curva, não tenho lembranças ruins dele, na verdade quem desandou a coisa toda fui eu. Daí pra frente foi ladeira abaixo, deve ter sido nesse ponto que ruiu, castigo talvez. Tudo bem, pouca gente pode contar por aí que foi conhecer o novo namorado da amiga e o novo dela tinha sido seu antigo por um longo tempo, mas ele preferiu não contar, “mas vocês já se conhecem?”, “sim, ela é amiga da minha irmã”. Não exatamente.

Quando era mais nova, o cara ficava comigo e namorava a próxima, criei minha teoria que eu despertava um não sei o que para o enlace, mas eu era muito boa para eles, então preferiam a próxima. Altruísmo puro. Com a idade veio a evolução, namora comigo e casa com a próxima, já casei uns três ou quatro. Mas hoje já temos a classe dos divorciados também, sim eles voltam e te atrapalham de novo.

O segundo namorado foram dois anos de muitos projetos e pouca execução. Tudo se perdeu no mundo das ideias. Nunca me culpei por querer mais. O terceiro foi execução demais e planos de menos, até que o amor da minha vida achou o amor da vida dele. É, a última história daria um filme bem clichê, mas a última cena não seria minha.


Tem gente que não veio para caber no enquadramento, talvez eu seja uma delas. Acabo sempre com os conhecidos, os dodóis, os inseguros, os indecisos, coleciono histórias mal resolvidas. Oferta por aqui nunca foi muito ampla, mas também nunca faltou. Não, eu não sou exigente demais, ou melhor, sou bem exigente sim, afinal não me achei no lixo, mas não é isso que me faz enfrentar salões sozinha. Só não troco minha paz por pouco.

Não nasci para amarras, fujo das convenções e evito rituais. Não, acho que não vou casar, não combina comigo. Por vezes me sinto muito sozinha e sofro um pouco, mas passa, sempre passa. Ser um é sempre uma arte, enfrentar os olhares, os comentários e a certeza das pessoas que podem sugerir na sua vida. Acho que minha vida daria um bom roteiro sim, com uma sequência de tragicomédias, mas desses que a gente acaba rindo no final.

Ainda...

Impressionante como ainda é você. A cada vitória é para você que quero correr. É com você que eu quero compartilhar. Como em cada derrota e é em você que eu quero chorar, a cada problema, como a sua opinião ainda ridiculamente conta

Quero te contar que ainda malho de manhã cedo e aprendi a tomar suplemento. Que ainda me perco nos lugares, mas aprendi a usar o waze. Ainda luto pra parar de tomar refrigerante. Ainda falo "missão" e "deu ruim" e as pessoas acham engraçadinho.
Leio escândalos no jornal e penso em você, em como você tinha opinião sobre tudo. Tenho saudade dos seus pareceres técnicos.

Sim, ainda tem você aqui. Mesmo estando a milhas de distância. A opção sempre foi sua e não minha. Por vezes ainda pego telefone as 6h da manhã, mas não tem nada lá. Sua lembrança está cada vez mais distante, mas sua falta insiste em estar cada vez mais presente.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Saudade...

Hoje me deu saudade. Todo ano quando setembro vem anunciando sua chegada é assim, sua falta me incomoda e acho que vai sempre me incomodar, mesmo quase 15 anos depois. Hoje senti saudade do café, dos livros, das palavras cruzadas, das madrugadas e até dos resmungos, de fiscalizar a casa...Por anos eu sonhei que você entrava pela porta de mala na mão e dizia que tudo havia sido um engano. Levei anos para conseguir pronunciar a sua ausência. Até hoje não tenho muita certeza se aceito sua falta. Como eu queria ter tido mais tempo com você.

Você se foi quando eu estava começando a descobrir um mundo que você já conhecia bem. Aprendi muito com você, mas tenho certeza que foi muito pouco comparado a tudo que tinha a me oferecer. Outro dia me perguntaram qual era a graça de livros e mapas e eu fiquei paralisada, me veio você. Como assim uma pergunta dessas? Porque com você eu aprendi sobre conhecimento, sobre informação, que cultura não tem área, você era o economista que lia As Lusíadas de Camões e adorava o Quincas de Jorge Amado.

Agora eu estou no Banco, quem diria que eu teria a sua mesma carreira? Mas acho que foi assim, meio sem querer que acabei escolhendo você, por gostar tanto da história que construiu, na sua simplicidade imensa do vovô de 1,5m. Como era bom gastar minhas noites ouvindo "Tatinha faz essa aqui".


Não tenho a sua simpatia, nem o carisma de conversar com qualquer criatura no mundo, mas tenho o maior amor do mundo pelo bem mais precioso que me deixou, a curiosidade pelo conhecimento, pelos jornais, pelos livros e nossas palavras-cruzadas, agora eu sei fazer as difíceis, mas ainda não me arrisquei nas que não tem divisão nos quadrinhos, um dia a gente volta a brincar juntos e você me ensina. Juro que não ando fazendo muita "zoada", nem "escangalhando nada vô. 

Hoje me deu saudade...

A sua falta vai me incomodar

E foi um fim bonito, não sei ao certo se existem bons fins, mas com você foi. Sem mágoa, sem ofensas ou brigas. Foi apenas triste. Triste pela saudade das viagens que não fizemos, das exposições que não fomos, das noites que passamos juntos. Triste em ver que nos perdemos.

Deixar seu beijo pra trás nunca foi o plano, muito menos tarefa fácil, fecho os olhos e ainda te sinto, o perfume que eu gostava, o cabelo nos meus dedos e o sorriso que vinha só pra mim.

O mundo gira e talvez ele rode para o lado de cá e a gente volte a se encontrar. Talvez a caixinha escura deixe de existir. Na balança eu ganhei porque com você foi amor e o sofrimento de um fim precoce não apaga cada segundo bem vivido.

Fico com você em mim, fico com o que foi por mim, fico com boas lembranças de alguém que ainda vai descobrir que pode muito mais. Acordar sem você ainda é dolorido, ainda vai incomodar por um tempo.
Não deu tempo dela ler, escrevi na madrugada que ela partia, mas dedico minha homenagem para a minha professora de inglês favorita!
Vá em paz Querida Júlia!!!



Dear Julia,

I don't know if you remember me, but I was your student two times long time ago. Cooplem were in north 312 yet. But I want you to know that your were (and are) my favorite foreign language teacher. I remember that I love your accent and I want so badly speak like you. Well you ask me if I want to go to Canada with you, off course that I wanted, but I have a fearful mom so was not possible, too bad. I always thought that being there with you would be amazing.

In our days Lara was worried about a great friend and tell me that you're sick. But she doesn't know that you were my teacher. When she said her friend's name I just remember my passionate and favorite teacher. I used to love your classes, you were always so enthusiastic. And my fearful mom, well she is a teacher too, and also loves you too, always telling me about your very good dynamic and you abilities in education.

All this is to say to you something that I'm certainly you heard several times, but never from me. That you're are an amazing teacher and if I write in English is because you had being in my knowledge journey.

I wish you the best!
I'm sure that you're a fighter!

Please forgive my possibles mistakes! And thank you for be such a wonderful educational professional!

Tatiana Coelho

domingo, 5 de julho de 2015

E eu precisei sair

Eu preferi ser eu a fazer a escolha, preferi que dessa vez fosse eu a ir embora. Talvez por um pouco de orgulho, talvez por medo de enfrentar que não seria por mim que você mudaria. Dessa vez, era eu que saia porta afora antes que tudo virasse só mágoa.

Eu saí tantas vezes do meu mundo por você, tirei o pé nas brigas, ignorei minhas inseguranças, meus ciúmes, assumi a postura de equilíbrio porque achei que era isso que você precisava. Te dei o seu espaço, mas te procurei todas as vezes que você se perdeu em você. Me dediquei quando já nem achava que sabia o fazer por alguém.

Quis te dar simplicidade porque tudo que vinha de você era tão cheio de porquês e respostas. Tentei te mostrar que não se vive em teorias, que tudo acontece quando tem que acontecer e que é preciso ter coragem para se deixar as dores para trás. Não fui quem te sabotou, foi você e sua mania de traçar linhas em planos.

Você foi gentil, você foi amor, mas também foi só você. Você e o seu medo de se aproximar mesmo quando seu corpo e suas ações gritavam o contrário. É tão mais normal que imagina ser entre os milhares que preferem os casulos a enfrentarem os perigos de se envolver, de se arriscar, de dar chances. Foi você e só você que se perdeu, foi você que nos perdeu.


Não tenho mágoas, não me deixa raiva, só um pouco de pena, de tudo que faltou ser, de tudo que poderíamos ter sido. Eu fiz a escolha, precisava de mais, de mais de você, de um pouco mais de mim. Foi uma porta dolorida de se fechar, mas antes que o caminho entortasse precisei seguir. Não perdi em me dar, mas talvez tenha perdido você em não saber receber. Dessa vez eu que saía.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Uma pausa e um café



Em um café me lembro de como gosto da minha solidão, não sendo ilha, não apenas me bastando, mas descubro que a vida é feita também pelos compassos em silêncio. É nas pausas que lembro do meu prazer de ler por ler, de observar. Quando se desliga é que se encontra, adeus celular, por hora não.

Aquela ânsia de café para acordar se vai, não precisa produzir, não estou atrasada, nada é para agora. Aqui sou só eu e o café, a moça que lê concentrada na mesa da minha frente, uma conversa de cariocas acalorados mais na frente. No café pequeno, charmoso e com cheiro de madeira um papel amassado e um lápis encontrado no fundo da bolsa me trazem o prazer de escrever que de vez em quando se perde de mim.

Hoje perdida em uma exposição no centro da cidade vi cartas trocadas entre o maestro e o pintor, era a Rússia do início do século XX, podia-se observar a grafia, os pontos de fuga, de tensão, o desenho das curvas que as letras tomavam e me perguntei se deixaremos algum documento desses para a posteridade. Não os registros de internet, mas pedaços de papel, rabiscados, personificados, desorganizados, exclusivos, sem a homogeneização das fontes digitais. Na era das futilidades, a tríade lápis, papel e café acompanhada por um livro de sociologia da comunicação me fazem pensar que talvez ande na contramão da história.

E quando me sobram palavras e me falta tempo é hora de procurar os compassos por escrever. Na loucura de uma rotina viciada e quase estéril acabo passeando em linhas prontas, de harmonias simples, execuções conhecidas.Pode ser que sejam as férias, a cidade, ou o tempo livre, mas hoje só  mais café e pausas de muitos compassos.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Sobre recomeços



Por muito tempo fui só saudade, nunca fui atrás de você, nunca te procurei, desde o momento que você fechou a porta. Prefiro deixar as histórias de lutas para as novelas. Acredito em escolhas e a sua foi de não estar aqui e quanto a isso eu nada podia fazer. 

Mas não foi fácil te deixar ir, nunca fez parte do plano. Não querer te contar cada vitória, quando eu finalmente consegui ir à academia todos os dias ou quando eu consegui não uma, mas duas promoções no trabalho. Também tiveram os momentos ruins, quando foi a vez do meu pai ir para uma mesa de cirurgia e você não estava lá, chorei baixinho lembrando do seu suporte no câncer da minha mãe e como senti saudade dele. 

E foram muitos sofrimentos. Quando você começou a namorar. Quando ela invadiu um espaço que era tão meu. Como doeu quando você fez a viagem que era nossa. Confesso meu territorialismo, meu ciúme e até meu ego ferido, mas para mim era comigo que você combinava e doeu absurdos quando tudo mudou. Junto com você perdi muitas crenças, eu mudei, nós mudamos.

Controlei todos os meus impulsos de correr pra você. Mas agora, e só agora, dois anos depois sinto falta de me apaixonar de novo. De sentir o mesmo frio na barriga cada vez que via seu nome do telefone, de me sentir tão ridiculamente confortável e segura no caminho pro seu carro. Só agora talvez eu sinta saudade da relação e não de você. Me sabotei infinitas vezes nesse tempo, acho que ainda procurava você pelo caminho. Agora, e só agora, talvez eu possa reabrir a porta que você fechou.