Eu preferi
ser eu a fazer a escolha, preferi que dessa vez fosse eu a ir embora. Talvez
por um pouco de orgulho, talvez por medo de enfrentar que não seria por mim que
você mudaria. Dessa vez, era eu que saia porta afora antes que tudo virasse só
mágoa.
Eu saí
tantas vezes do meu mundo por você, tirei o pé nas brigas, ignorei minhas
inseguranças, meus ciúmes, assumi a postura de equilíbrio porque achei que era
isso que você precisava. Te dei o seu espaço, mas te procurei todas as vezes
que você se perdeu em você. Me dediquei quando já nem achava que sabia o fazer
por alguém.
Quis te dar
simplicidade porque tudo que vinha de você era tão cheio de porquês e
respostas. Tentei te mostrar que não se vive em teorias, que tudo acontece
quando tem que acontecer e que é preciso ter coragem para se deixar as dores
para trás. Não fui quem te sabotou, foi você e sua mania de traçar linhas em
planos.
Você foi
gentil, você foi amor, mas também foi só você. Você e o seu medo de se
aproximar mesmo quando seu corpo e suas ações gritavam o contrário. É tão mais
normal que imagina ser entre os milhares que preferem os casulos a enfrentarem
os perigos de se envolver, de se arriscar, de dar chances. Foi você e só você
que se perdeu, foi você que nos perdeu.
Não tenho
mágoas, não me deixa raiva, só um pouco de pena, de tudo que faltou ser, de
tudo que poderíamos ter sido. Eu fiz a escolha, precisava de mais, de mais de
você, de um pouco mais de mim. Foi uma porta dolorida de se fechar, mas antes
que o caminho entortasse precisei seguir. Não perdi em me dar, mas talvez tenha
perdido você em não saber receber. Dessa vez eu que saía.