Por muito
tempo fui só saudade, nunca fui atrás de você, nunca te procurei, desde o
momento que você fechou a porta. Prefiro deixar as histórias de lutas para as
novelas. Acredito em escolhas e a sua foi de não estar aqui e quanto a isso eu
nada podia fazer.
Mas não foi
fácil te deixar ir, nunca fez parte do plano. Não querer te contar cada
vitória, quando eu finalmente consegui ir à academia todos os dias ou quando eu
consegui não uma, mas duas promoções no trabalho. Também tiveram os momentos
ruins, quando foi a vez do meu pai ir para uma mesa de cirurgia e você não
estava lá, chorei baixinho lembrando do seu suporte no câncer da minha mãe e
como senti saudade dele.
E foram
muitos sofrimentos. Quando você começou a namorar. Quando ela invadiu um espaço
que era tão meu. Como doeu quando você fez a viagem que era nossa. Confesso meu
territorialismo, meu ciúme e até meu ego ferido, mas para mim era comigo que
você combinava e doeu absurdos quando tudo mudou. Junto com você perdi muitas
crenças, eu mudei, nós mudamos.
Controlei
todos os meus impulsos de correr pra você. Mas agora, e só agora, dois anos
depois sinto falta de me apaixonar de novo. De sentir o mesmo frio na barriga
cada vez que via seu nome do telefone, de me sentir tão ridiculamente
confortável e segura no caminho pro seu carro. Só agora talvez eu sinta saudade
da relação e não de você. Me sabotei infinitas vezes nesse tempo, acho que
ainda procurava você pelo caminho. Agora, e só agora, talvez eu possa reabrir a
porta que você fechou.