domingo, 25 de janeiro de 2015

Sobre recomeços



Por muito tempo fui só saudade, nunca fui atrás de você, nunca te procurei, desde o momento que você fechou a porta. Prefiro deixar as histórias de lutas para as novelas. Acredito em escolhas e a sua foi de não estar aqui e quanto a isso eu nada podia fazer. 

Mas não foi fácil te deixar ir, nunca fez parte do plano. Não querer te contar cada vitória, quando eu finalmente consegui ir à academia todos os dias ou quando eu consegui não uma, mas duas promoções no trabalho. Também tiveram os momentos ruins, quando foi a vez do meu pai ir para uma mesa de cirurgia e você não estava lá, chorei baixinho lembrando do seu suporte no câncer da minha mãe e como senti saudade dele. 

E foram muitos sofrimentos. Quando você começou a namorar. Quando ela invadiu um espaço que era tão meu. Como doeu quando você fez a viagem que era nossa. Confesso meu territorialismo, meu ciúme e até meu ego ferido, mas para mim era comigo que você combinava e doeu absurdos quando tudo mudou. Junto com você perdi muitas crenças, eu mudei, nós mudamos.

Controlei todos os meus impulsos de correr pra você. Mas agora, e só agora, dois anos depois sinto falta de me apaixonar de novo. De sentir o mesmo frio na barriga cada vez que via seu nome do telefone, de me sentir tão ridiculamente confortável e segura no caminho pro seu carro. Só agora talvez eu sinta saudade da relação e não de você. Me sabotei infinitas vezes nesse tempo, acho que ainda procurava você pelo caminho. Agora, e só agora, talvez eu possa reabrir a porta que você fechou.