domingo, 26 de junho de 2016

Um pouco mais perto...

Te odiei por muitos segundos, mas me veio o “será que você ainda pensa em mim?”. Evitei lugares, reescrevi memórias, apaguei lembranças, bloquiei o passado, me afastei de você,  de tudo que me trazia você, me desliguei de nós. Tirei o que não me servia, entulhei um armário e guardei toda mágoa em uma caixa funda escondida lá no alto. Desapareci em meio ao meu mundo.

Fiz um trabalho em mim, me reergui aos tropeços. Trouxe o novo. Atravessei um oceano para me achar mais uma vez. Passei noites em claro, tive medo, chorei baixinho, gritei aos ventos, procurei respostas, mudei as perguntas e tentei reescrever toda a história. Marquei na pele outra vez. Precisei me entender para compreender você.

A saudade sufocada por meses, a poeira que agora já ficou menor, as datas sofridas e a sensação de por viver. Revisitei meus comportamentos, achei minhas falhas e o preço alto que paguei. Quis procurar você “rezando para um dia você se encontrar e perceber”, preferi meus esconderijos.

Ainda te desejo todas as palavras nos cartões, nos presentes sem datas, nas ligações fora de hora. Penso nos meses em que passei sem escrever nem mesmo uma linha, no medo em me enfrentar, em aceitar. Ainda tem muito de você em mim.

Sigo no meu mundo, mas não mais desaparecida. Tirei a caixa do armário, tento me desfazer dela, não precisava ser assim, “essa dor eu não quero pra ninguém no mundo, imagina só pra você”. Não quis deixar o espaço do ódio em mim, prefiro preencher com o mundo, com as possibilidades. Prefiro reescrever, mesmo que seja você.