terça-feira, 29 de novembro de 2016

Por humanidade

E tudo se vai em um sopro, com um número assombroso e a lembrança de que a vida é efêmera, escapa. Por empatia ou por humanidade não se passa imune a uma tragédia como a queda do avião que levava o time do Chapecoense, tripulação e jornalistas.

No acidente da boate Kiss acho que foi o Carpinejar que escreveu "eu também morri naquela boate", porque já fomos assistir shows em casas cheias e com péssima circulação. Li hoje um autor que escreveu que quando cai um avião morrem sonhos também, acho que parte nossa se vai na dor das famílias e no medo que vai vir quando subirmos de novo em um avião.

Tenho uma certa curiosidade pela história das pessoas, porque não podem ser mais um nome em número trágico. Procuro saber se deixam filhos, se eram casados, mãe, pai, vasculho fotos, procuro momentos felizes. Pode parecer meio mórbido, mas é uma tentativa de personificar o nome, procurar qual era o sentido daquela vida, porque eles não eram só profissão, muito menos a foto 3 x 4 na capa do jornal, cada um guarda uma trajetória muito mais valiosa, esse é o legado.

Não os conhecia. Não sou de uma cidade de 10 mil habitantes, mas sei que o que eu li as 4h da manhã de hoje vai ser revivido na memória das pessoas por anos nessa cidade. Hoje morreu um pouco do futebol, um campeonato, sonho de garotos e suas famílias. A imprensa também chora. Do lado de cá fico em orações, peço para que o momento seja de solidariedade como já vimos em outras tragédias esportivas. Por empatia e por humanidade eu sou Chapecoense.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Balzaca!

Algumas memórias de infância guardo sem saber bem o porquê. Há alguns anos eu vi meu avô abrir um sorriso e dar parabéns a minha tia quando fez 30 anos, "Parabéns! Agora você é uma balzaca". Ali, com 8 anos eu quis muito ser balzaca. Claro que eu só descobri quem era Honoré de Balzac anos depois, mas meu avô nunca desejou menos que amor pra gente, então pra mim virou a coisa mais legal do mundo. Hoje, ele não está mais aqui para me dizer que virei uma balzaca, mas sei que faria com o mesmo sorriso aberto.

Nem por um minuto sofro com os 30, tenho adorado minha chegada a quarta década de vida. A maturidade me trouxe menos paciência, mas mais tolerância. Muito mais dúvidas que certezas, mas resiliência. O tempo segue implacável, mas o aproveito bem mais agora que aos 20. Alguns pontos o universo se encarrega de resolver por mim, outros me testa, e vou percorrendo minha trajetória. Por vezes senhora do destino, em outras refém, mas ciente de todas as escolhas.

Muito mais mulher que menina, chego a bem vividos 30 anos. Meio aos tropeços, hora errando, hora acertando, completamente rodeada de amor. As vezes me reinvento, saio da caixa. Redescubro o mundo, eu e ele ainda temos muito a nos conhecer. Agradeço a tudo e todos que me conduziram até aqui e assim, aos traços, faço o desenho ser bem mais interessante. Chego a bem vividos 30 anos, Vovô, virei balzaca!