quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Diário de Bordo Ásia - cap II

Lembra que a conclusão foi que a Ásia não era para iniciantes? Pois é, não é mesmo. A primeira grande cagada é o fuso horário. Estamos 9 horas na frente do Brasil, seu sono ou não chega ou não vai embora. 

Como ninguém dormiu, 7h da manhã teve corrida na praia, morram de orgulho profs. Descobrimos uma croissanterrie delícia para o café. Mais praia e aproveitei pra ler o resumo história do país, valeu internet tô contextualizada agora. Quantos golpes hein Thai?

Fecha mala e vambora que tem mudança de cidade. E veio a chuva, daquelas brasileiras, que parece que o mundo vai se acabar em água. Só que faltavam duas horas pra gente entrar no barco para Koh Tao, São Pedro vamos conversar? 

A chuva diminuiu (amém), chegou o shuttle pra levar a gente pro Pier. Descemos para a entrada do nosso hotel fofo e charmoso e qual foi a surpresa? A rua era uma enchente, mesmo, tipo água no joelho, pessoal do hotel fez uma barricada pra água não passar, bastante ensinado o povo. Odeio molhar o pé, entrei num leve desespero quando vi a água e meti em português mesmo "moço a gente vai ter que pisar aí?" E eu juro que ele entendeu e respondeu, até riu de compaixão coitado. Ah sim, aqui eles são solícitos e educados. 


Pausa para descrever a água preta, não era marrom de terra, era preta, com cheiro e cor de esgoto. Não tem jeito, segura a havaiana com força e vamo nessa, vem! 

Crise de riso no carro, mas era nervoso. Lembrei de todas as minhas aulas sobre micro-organismos e sanitarismo. Prende a respiração e concentra pra não vomitar. A essa hora meu estômago já tava na garganta. Pausa em outro hotel pra pegar mais amiguinhos, não seria um problema se eles não tivessem fumando cocô, sim, só podia ser côco, porque a caatinga que veio pro carro não teve explicação. Respira, me dá o dramin, não toma muita água.

Reza de novo pro caminho da certo. Passagens, senta e espera. Porto, peixe, muito cheiro de peixe. Foi mal estômago, tô te testando pra cacete hoje. Mais dramin, Coca-Cola. A chuva parou. Barco, vamo logo que o moço é agoniado. Uma pequena Torre de Babel, línguas das mais variadas origens. Sono, toda torta. Chegamos, valeu Santa da mamãe! 

Taxi para hotel em Koh Tao é traseira de caminhonete. Oi sacode carola. Estômago desculpa de novo. Depois de dois Dramins eu ainda duvidava um pouco da minha existência. 

Aí você chega no hotel e descobre que ele está em uma reforma/ampliação. Sim, uma obra no meio de uma ilha na Tailândia. Cadê o quarto bonito das fotos?

Conselho da tia, se resolver vir pra Ásia arrume uma parceria que seja na alegria e tristeza, na saúde e na doença, senão ferrou. Aqui o time anda bem unido e mesmo assim é osso. Outro conselho, "use protetor solar" e repelente.

Pé na areia. Deus, caprichou de novo hein!?

Mas nem tudo é cagada. Koh Tao é uma ilha linda, descobrimos que o final da corrida pode dar num paraíso e quando o sol aparece é um espetáculo à parte. Café da manhã na praia também é puro charme. 

A invenção dessa vez foi mergulhar. Lá fomos nós conhecer os "pode crê" da ilha. Tailandeses? Não! Nosso instrutor era canadense, estilo os gringos que vão morar em Itacaré. Perguntei muitas vezes se o troço era para iniciantes nível 0 e ele me garantiu que sim. 

Na hora marcada estávamos lá. Nós, os gringos e os pode crê. Mais barcos, equipamentos, assina os papéis que não vai morrer e vamo pra aulinha na praia, por sinal que praia, Nang Yuan merece aplausos. Nadar eu sei, respirar pelo boca não exatamente. Mas de repente estávamos um monte lá embaixo, confesso que até agora não sei o quanto, respirando por um cilindro. Vendo corais, peixes e todo um ecossistema, meu medo era machucar alguns dos seres, juro, estava tão maravilhada que meu medo era fazer cagada na casa alheia. Minha parceira nasceu pra ser peixe, descobriu que podia morar lá embaixo e até encarou o mergulho número dois. Meu ouvido não permitiu, um já tava bom e foram quase 50 minutos embaixo d'Água.

Hora de fechar mala e mudar de cidade. Obrigada Koh Tao. 

Mas pra não perder a rotina dos perrengues teve muita chuva na chegada do trajeto barco-aeroporto. Uma calça molhada depois, vem Bangkok, vamos lhe usar! 





terça-feira, 24 de outubro de 2017

Diário de bordo Ásia - cap I

Quando eu inventei de vir pra Ásia já sabia que ia ser uma aventura. Em dois dias por aqui, tiver certeza, não é para iniciantes. Sério, não mesmo. Então pra quem não sabe lidar com adaptações do planejamento e leu muito sobre segurança, melhor pensar em outro destino.

Depois de um atraso de cinco horas no primeiro trecho, dentro do Brasi ainda, corremos (literalmente) pra pegar o voo para Istambul. Sentadas no avião foi tudo tranquilo, só aquela sensação de que chega o natal e a gente não chega. A Turkish oferece stop and go, escala de 16 horas, eram 10h da noite, vambora pro hotel. Mano reza pro cara da van não estar te levando pra tirar os rins, não tem condições de entender nadica de turco. Foi teoria da manada, tá todo mundo indo, vamo também. Mas deu tudo certo, nessas horas acho que as santas da minha mãe me protegem. 

Encontrar uma cama e um chuveiro depois de 24 horas em trânsito (até fazer essa conta foi dolorido) é mágico. Só que em 12 horas de hotel a gente conseguiu alagar o banheiro, o ralo não funcionava direito, e quebrar um pote de barbecue no chão. Cansaço causa desastres. Mas sobrevivemos e no outro dia tinha mais aeroportos e voos.

Em Istambul descobrimos que é possível passar por três revistas até chegar no seu avião. E que existe um turismo interessante no país, o de implante de cabelo. Sim, é uma pechincha o tratamento por lá (internet me contou), filas de homens de faixa na cabeça e pontinhos vermelhos, demorei horas olhando até entender que não era um time de esporte, sim de ex-carecas. 

Voo, mais dez horas, lotado. Tailandês é pior que turco, não dá nem pra chutar uma palavra parecida. Reza pra galera do cecê não estar do seu lado. Chegamos. Calma, falta um voo ainda pra ilha. Puta merda, tem hélice o trem, se eu morrer minha mãe me mata. Sem emoções, teve até serviço de bordo em 45 minutos de voo.

Quando você chega e o ônibus do desembarque remoto é igual ao carrinho da Disney você sabe que a emoção tá começando. Aeroporto de madeira, cara de parque, a mala chegou, amém. Suttle pro hotel, mão inglesa, moço você vai matar a gente. Trânsito de Goiânia ficou lindo, aqui o troço é ousado.

Aí você chega no hotel, ganha toalhinha gelada, suco e jogo de adivinhação, a mocinha fala tão pra dentro, que só chutando. Desce pra praia e descobre que toda a romaria vale a pena, Deus por aqui você caprichou hein!?


domingo, 22 de outubro de 2017

E chegou...

E de repente você chegou. Eu nunca te esperei, nem por um minuto achei que fosse você. Era peça distante, enredado em outras histórias, nem sequer tínhamos os mesmos personagens, nossas estradas não tinham pontos em comum. E mesmo assim, em uma dessas viradas do destino, você chegou.

Você chegou como quem passeia em poesia, calmo, devagar, sem movimentos bruscos, sem aceleração de narrativa. Não teve drama, vivemos nossas tragédias em contos separados. Nossas jornadas não permitiam intercessão. Mas parece que desconsiderei que na linha chamada destino eu não dito carácteres.

Quando nossas historias se cruzaram ainda trazíamos as feridas de um ano complicado, de novas resoluções e de tudo aquilo que fugiu do controle. Os roteiros eram outros, os ensaios também, mas parece que a direção deu novos rumos e fez de nós um novo capítulo. 


Você não chegou em clímax, veio em lirismo, em cena longa, lenta, com fotografia bonita e plano aberto, dessas feitas para admirar. Foi emocionando devagar, preenchendo espaços, ganhando em cada detalhe e tomando o palco para si. A cena passou a ser sua, meu palco passou a ser seu também. Me vi na "sorte de um amor tranquilo" do poeta. Eu sorri. De repente, você chegou.