Lembra
que a conclusão foi que a Ásia não era para iniciantes? Pois é, não é mesmo. A
primeira grande cagada é o fuso horário. Estamos 9 horas na frente do Brasil,
seu sono ou não chega ou não vai embora.
Como
ninguém dormiu, 7h da manhã teve corrida na praia, morram de orgulho profs.
Descobrimos uma croissanterrie delícia para o café. Mais praia e aproveitei pra
ler o resumo história do país, valeu internet tô contextualizada agora. Quantos
golpes hein Thai?
Fecha
mala e vambora que tem mudança de cidade. E veio a chuva, daquelas brasileiras,
que parece que o mundo vai se acabar em água. Só que faltavam duas horas pra
gente entrar no barco para Koh Tao, São Pedro vamos conversar?
A
chuva diminuiu (amém), chegou o shuttle pra levar a gente pro Pier. Descemos
para a entrada do nosso hotel fofo e charmoso e qual foi a surpresa? A rua era
uma enchente, mesmo, tipo água no joelho, pessoal do hotel fez uma barricada
pra água não passar, bastante ensinado o povo. Odeio molhar o pé, entrei num
leve desespero quando vi a água e meti em português mesmo "moço a gente
vai ter que pisar aí?" E eu juro que ele entendeu e respondeu, até riu de
compaixão coitado. Ah sim, aqui eles são solícitos e educados.
Pausa
para descrever a água preta, não era marrom de terra, era preta, com cheiro e
cor de esgoto. Não tem jeito, segura a havaiana com força e vamo nessa,
vem!
Crise
de riso no carro, mas era nervoso. Lembrei de todas as minhas aulas sobre
micro-organismos e sanitarismo. Prende a respiração e concentra pra não
vomitar. A essa hora meu estômago já tava na garganta. Pausa em outro hotel pra
pegar mais amiguinhos, não seria um problema se eles não tivessem fumando cocô,
sim, só podia ser côco, porque a caatinga que veio pro carro não teve
explicação. Respira, me dá o dramin, não toma muita água.
Reza
de novo pro caminho da certo. Passagens, senta e espera. Porto, peixe, muito
cheiro de peixe. Foi mal estômago, tô te testando pra cacete hoje. Mais dramin,
Coca-Cola. A chuva parou. Barco, vamo logo que o moço é agoniado. Uma pequena
Torre de Babel, línguas das mais variadas origens. Sono, toda torta. Chegamos,
valeu Santa da mamãe!
Taxi
para hotel em Koh Tao é traseira de caminhonete. Oi sacode carola. Estômago
desculpa de novo. Depois
de dois Dramins eu ainda duvidava um pouco da minha existência.
Aí
você chega no hotel e descobre que ele está em uma reforma/ampliação. Sim, uma
obra no meio de uma ilha na Tailândia. Cadê o quarto bonito das fotos?
Conselho
da tia, se resolver vir pra Ásia arrume uma parceria que seja na alegria e
tristeza, na saúde e na doença, senão ferrou. Aqui o time anda bem unido e
mesmo assim é osso. Outro conselho, "use protetor solar" e repelente.
Pé
na areia. Deus, caprichou de novo hein!?
Mas
nem tudo é cagada. Koh Tao é uma ilha linda, descobrimos que o final da corrida
pode dar num paraíso e quando o sol aparece é um espetáculo à parte. Café da
manhã na praia também é puro charme.
A
invenção dessa vez foi mergulhar. Lá fomos nós conhecer os "pode crê"
da ilha. Tailandeses? Não! Nosso instrutor era canadense, estilo os gringos que
vão morar em Itacaré. Perguntei muitas vezes se o troço era para iniciantes
nível 0 e ele me garantiu que sim.
Na
hora marcada estávamos lá. Nós, os gringos e os pode crê. Mais barcos,
equipamentos, assina os papéis que não vai morrer e vamo pra aulinha na praia,
por sinal que praia, Nang Yuan merece aplausos. Nadar eu sei, respirar pelo
boca não exatamente. Mas de repente estávamos um monte lá embaixo, confesso que
até agora não sei o quanto, respirando por um cilindro. Vendo corais, peixes e
todo um ecossistema, meu medo era machucar alguns dos seres, juro, estava tão
maravilhada que meu medo era fazer cagada na casa alheia. Minha parceira nasceu
pra ser peixe, descobriu que podia morar lá embaixo e até encarou o mergulho
número dois. Meu ouvido não permitiu, um já tava bom e foram quase 50 minutos
embaixo d'Água.
Hora
de fechar mala e mudar de cidade. Obrigada Koh Tao.
Mas
pra não perder a rotina dos perrengues teve muita chuva na chegada do trajeto
barco-aeroporto. Uma calça molhada depois, vem Bangkok, vamos lhe usar!