segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Meu Rio é assim

Deixo sempre um Rio de saudades, por aqui renovo esperanças, acredito no novo e espero por dias melhores. Se há uma certeza é que era por aqui que eu devia ter nascido, vivido, mas algo me deixou só olhando de longe, como se contemplasse uma obra de arte até ela ganhar sentido. Como diria o poeta tem um "não-sei-o-que de beleza" nas ruas estreitas e prédios antigos, no centro conturbado, no metrô lotado e nas calçadas cheias de turistas. Não sei se é a mistura de gente ou a atmosfera carioca, mas sei que aqui sou mais feliz.

Não contemplo um Rio de perfeição, admiro um Rio de contrastes, de pobreza, de sujeira, de ausência de infra-estrutura. Uma cidade que cresceu - e cresce - além de sua capacidade, que abraça mais gente do que pode. Choro com os cariocas a corrupção do governo, da polícia, das instituições, o descaso das autoridades em conservar o local que escolhi como meu. Compartilho as manias cariocas, o "imagina na Copa", que além de um jargão é uma real preocupação em oferecer o melhor a quem vem de fora, porque cariocas sabem receber, mesmo com toda marra e educação peculiares.


Ainda me emociono quando escuto "ué, mas você não é carioca?", talvez eu seja mesmo. A cada viagem conheço mais um pedaço do antigo estado da Guanabara pra chamar de meu, me apaixono mais pelos amigos que fiz por aqui. Talvez por isso não tenha chegado minha hora de trazer as malas permanentes, ainda há muito por ver. Sinto falta da minha casa, mas em nenhum outro lugar do mundo me sinto em casa como aqui. Deixo um Rio com uma lágrima no canto do olho e uma mala repleta de saudades.

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