Deixo sempre um Rio de saudades, por aqui
renovo esperanças, acredito no novo e espero por dias melhores. Se há
uma certeza é que era por aqui que eu devia ter nascido, vivido, mas
algo me deixou só olhando de longe, como se contemplasse uma obra de
arte até ela ganhar sentido. Como diria o poeta tem um "não-sei-o-que de
beleza" nas ruas estreitas e prédios antigos, no centro conturbado, no
metrô lotado e nas calçadas cheias de
turistas. Não sei se é a mistura de gente ou a atmosfera carioca, mas
sei que aqui sou mais feliz.
Não contemplo um Rio de perfeição,
admiro um Rio de contrastes, de pobreza, de sujeira, de ausência de
infra-estrutura. Uma cidade que cresceu - e cresce - além de sua
capacidade, que abraça mais gente do que pode. Choro com os cariocas a
corrupção do governo, da polícia, das instituições, o descaso das
autoridades em conservar o local que escolhi como meu. Compartilho as
manias cariocas, o "imagina na Copa", que além de um jargão é uma real
preocupação em oferecer o melhor a quem vem de fora, porque cariocas
sabem receber, mesmo com toda marra e educação peculiares.
Ainda me
emociono quando escuto "ué, mas você não é carioca?", talvez eu seja
mesmo. A cada viagem conheço mais um pedaço do antigo estado da
Guanabara pra chamar de meu, me apaixono mais pelos amigos que fiz por
aqui. Talvez por isso não tenha chegado minha hora de trazer as malas
permanentes, ainda há muito por ver. Sinto falta da minha casa, mas em
nenhum outro lugar do mundo me sinto em casa como aqui. Deixo um Rio com
uma lágrima no canto do olho e uma mala repleta de saudades.
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