quinta-feira, 26 de março de 2009

Sem você


Pretendo tirar você da minha vida. Há quase um ano deixei de gostar do seu cabelo bagunçado e do seu jeito de me irritar. Mais ainda, deixei de gostar dos seus conselhos fora de hora, quando tudo que eu queria era reclamar. Parei de rir das suas piadas sem graça. Parei de esperar algo de você, de tentar entender suas ações contidas e suas dissimulações.

Sua mão entrelaçada na minha, seu abraço apertado, sua voz reconfortante, o seu jeito de me olhar e a minha sensação de “protegida”. Deixei de gostar de tudo, tinha cortado você dos meus pensamentos. Não tinha nenhuma intenção de te trazer de volta para o meu mundo. Eu tinha enfim seguido a minha vida.

Estava bem sem você, naquele momento em que tinha deixado de gostar de cada pedaço seu. Parou de ocupar meus sonhos, de dar sentido ao meu dia. Mas você teima em voltar para mim sem nem ao menos saber voltar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Medrosa, mas só eu???

Tenho um monte de medos. Alguns sérios, outros nem tanto. Alguns controláveis, outros desesperadores. De todos tenho três que não esconde de ninguém. Tenho pavor de altura, horror a morcego e medo de galinha. É galinha, ou galo, pra mim pouco importa o gênero da ave, eu prefiro mesmo ela assada e servida à mesa.

O medo de altura me veio depois de velha. Lembro que gostava de tobogã, montanha-russa, roda-gigante e essas coisas altas. Aos poucos as janelas de vidro passaram a me amedrontar, hoje se o parapeito for abaixo da linha da minha cintura nem chego perto. Eu até tento, mas minhas pernas amolecem e param de me responder. Tirolesa de 57 metros? Ih...eu fotografo aqui de baixo!

Medo de morcego não sei de onde veio, tenho e pronto. Principalmente quando se estuda no “minhocão da Unb”, as juntas de dilatação do prédio são “lares” dos bichos e eles fazem passeios pelos corredores às vezes. Eca! Tudo bem, eu sei que 95% das espécies são frugívoros, 5% são hematófagos e desses só 1% se alimenta de sangue de mamíferos. Mas tenho nojo do bicho e vai que acerto esse um??? Não gosto e dou uma de mulherzinha escandalosa quando vejo um.

E o medo de galinha é o mais ridículo, eu sei! Minha mãe conta que eu era uma criança pentelha e um dia brincando com os bichinhos a galinha se irritou e correu atrás de mim. Não me lembro, mas fato que não chego perto de nenhum galinheiro. Por favor que venha limpo, embalado e com um selo da “Só Frango”, só assim gosto de galinha, galo e sua família!

Acho que poderia listar mais alguns medos ridículos. Mas até onde eu sei esses que falei são os mais descontrolados e até vivo bem com eles. E pra não deixar a impressão que sou mulherzinha demais já digo logo que mato baratas - viu, mulher forte - mas tenho nojo, confesso!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Mais uma caixa...

Recebi mais uma colaboração muito especial! Inspirada numa caixinha ela lembrou de uma outra caixa...Essa que ela fala eu tb já tive e acho que muitas outras pessoas também!
Adorei Dé!!!
Beijos
Tati

Cheguei à inevitável conclusão de que não sou romântica. De acordo com o conceito do Vander Lee, românticos são aqueles que “Conhecem o gosto raro de amar sem medo de outra desilusão...”. Esse definitivamente não é meu caso, no momento me vejo apavorada pela possibilidade de cair de novo em desilusão. Admito, por mais patético que possa parecer – e é! Ninguém pode obrigar a me apaixonar de novo.

A verdade é que da única vez que entrei de cara, corpo e alma num AMOR, no final das contas acabei tendo por companheiro uma caixa – ironicamente estampada com vários corações e cujo o feixe é uma fita vermelha– cheia de planos de viagem, fotos, cartas, cartões, pétalas de flores de cada um dos buquês, ingressos de cada uma das peças, dos filmes no cinema, das notas e comprovantes dos presentes encomendados de tão longe.

A minha caixa ficou recheada de calendários mensais que marcam – pateticamente– o dia de aniversário de namoro e do primeiro beijo – datas diferentes que sempre guardei, mas muitas vezes esquecidas pela outra parte envolvida. Calendários que marcam com um smile cada um dos dias significativos, de entrega, de declarações, confissões, de cada noite em que lutei contra o sono pra ter mais alguns minutos pra o ver ali, dormindo, do meu lado, iluminado pela luz que vinha de fora da janela. Enfim, uma caixa estampada de corações coloridos e pedaços do meu.
Se me arrependo? Não! Nenhum um pouco. Por mais que doa – e ,acredite, dói – gosto de me lembrar de tudo isso e de me parabenizar por ter me dado a chance de experimentar tudo. Mas não me peçam pra ter coragem de passar por tudo isso de novo. Não quero, nem tenho coragem – tenho, acima de tudo, medo, de desapontar ou ser mal compreendida.

Talvez esse texto seja apenas mais um dos muitos que coloquei na caixa de corações, para minha exclusiva leitura. Um dos tantos em que descrevi a falta que tudo aquilo me faz. Por um tempo, as recordações eram tão vivas que fui capaz de sentir o cheiro das cenas. Minha caixa continua lá, com a fita vermelha, mas aos poucos ela está cada vez mais no fundo do armário, a ponto de ser esquecida em um canto empoeirado, porque só assim posso esquecer o medo também.

Débora Borges

sábado, 14 de março de 2009

Resposta

Mais uma gracinha que recebi por email, mas esse eu resolvi responder!
Beijos
Tati

PORQUE OS CASAMENTOS DURAVAM ANTIGAMENTE.
Frases retiradas de revistas femininas das décadas de 50 e 60:

"Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas". (Jornal das Moças, 1957)
"Não se deve irritar uma mulher com coleguinhas, primas e as malditas ex-namoradas"

"Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo". (Revista Claudia, 1962)
"Se desconfiar da infidelidade escolha entre as opções: devolver na mesma moeda ou mandá-lo pra um lugar que não pode ser citado devido ao horário"

"A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa". (Jornal das Moças, 1965)
"A desordem de um banheiro é a dexa para contratação de uma empregada"

"A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas". (Jornal das Moças, 1959)
"A mulher deve descansar nas horas vagas, deixando trocas de lâmpadas, gás, louça e adereços para ele. Quanto a cerveja, dividam"

"Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa". (Jornal das Moças, 1957)
"Se o marido fuma avise pra ele que local fechado não é o lugar e que ele queime apenas o pulmão dele e não a casa"

"O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE é quem decide - sempre". (Revista Querida, 1953)
"Hahahahah Noivado? Dá mole que a fila anda, foi a MULHER que decidiu aceitar, a rescisão de contrato pode acontecer a qualquer momento ou cláusula quebrada"

"Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil".(Jornal das Moças, 1958)
"Sempre o que o homem sair com os amigos e voltar tarde troque a fechadura da porta da frente"

"É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido".(Jornal das Moças, 1957)
"É fundamental não ter homem barrigudo em casa"

E para finalizar . . . "O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza". (Revista Querida, 1955)
"Lugar de mulher é onde bem entender, seja dirigindo caminhão, operando maquinário pesado ou sentada num salão de beleza. Melhor ainda, sentada em uma bela mesa em sua linda sala mandando em uma equipe cheia de homens"

CONCLUSÃO: Não se fazem mais revistas instrutivas como antigamente
"Não se fazem porque formaram jornalistas mulheres e leitoras competentes. E casamento durava porque não existia divórcio!"

quarta-feira, 11 de março de 2009

Fases da TPM

Já falei de tpm por aqui, mas lembrei que recebi esse texto há um tempo e acho que nenhuma mulher escreveria melhor sobre a maldita fase...
Homens compreendam, mulheres divirtam-se!!!

Beijoss
Tati

FASES DA TPM QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA....
TPM em 4 fases (procura-se a autoria para entregar o Nobel)
* Segundo a visão masculina, dividiu-se a TPM em 4 fases principais:

Fase 1 - a Fase Meiguinha**
Tudo começa quando a mulher começa a ficar dengosa, grudentinha. Bom sinal?
Talvez, se não fosse mais do que o normal. Ela te abraça do nada, fala com aquela vozinha de criança e com todas as palavras no diminutivo. A fase começa chegar ao fim quando ela diz que está com uma vontade absurda de comer chocolate. O que se segue, é uma mudança sutil desse comportamento, aparentemente inofensivo, para um temperamento um pouco mais depressivo.

Fase 2 - a Fase Sensível**
Ela passa a se emocionar com qualquer coisa, desde uma pequena rachadura em forma de gatinho no azulejo em frente à privada, até uma reprise de um documentário sobre a vida e a morte trágica de Lady Di. Esse estágio atinge um nível crítico com uma pergunta que assombra todos os homens, desde os inexperientes até os mais escolados como o meu pai: - Você acha que eu estou gorda? Notem que não é uma simples pergunta retórica. Reparem na entonação, na escolha das palavras. O uso simples do verbo 'estou' ao invés da combinação 'estou ficando', torna o efeito da pergunta muito mais explosiva do que possamos imaginar. E essa pergunta, meus amigos, é só o começo da pior fase da TPM. Essa pergunta é a linha divisória entre essa fase sensível da mulher para uma fase mais irascível.

Fase 3 - a Fase Explosiva**
Meus amigos, essa é a fase mais perigosa da TPM. Há relatos de mulheres que cometeram verdadeiros genocídios nessa fase. Desconfio até que várias limpezas étnicas tenham sido comandadas por mulheres na TPM. Exageros à parte, realmente essa é a pior fase do ciclo tepeêmico. Você chega na casa dela, ela está de pijama, pantufas e descabelada. A cara não é das melhores quando ela te dá um beijo bem rápido, seco e sem língua. Depois de alguns minutos de silêncio total da parte dela, você percebe que ela está assistindo aquele canal japonês que nem ela nem você sabem o nome. Parece ser uma novela ambientada na era feudal. Sem legendas... Então, meio sem graça, sem saber se fez alguma coisa errada, você faz aquela famosa pergunta:
-'Tá tudo bem?'- A resposta é um simples e seca:
-'Ta'- sem olhar na sua cara. Não satisfeito, você emenda um:
-'Tem certeza?'- que é respondido mais friamente com um rosnado baixo e cavernoso:
-'Teenhoo.'.
Aí, como somos legais e percebemos que ela não ta muito a fim de papo, deixamos quieto e passamos a tentar acompanhar o que Tanaka está tramando para tentar tirar Kazuke de Joshiro, o galã da novela que...
- Merda, viu!? - ela rosna de repente.
- Que foi? - A Fase Explosiva acaba de atingir o seu ápice com essa pergunta. Sem querer, acabamos de puxar o gatilho. O que se segue são esporros do tipo:
- Você não liga pra mim! Tá vendo que eu to aqui quase chorando e você nem pergunta o que eu tenho! Mas claro! Você só sabe falar de você mesmo! Ah, o seu dia foi uma merda? O meu também! E nem por isso eu fico aqui me lamuriando com você! E pára de me olhar com essa cara! Essa que você faz, e você sabe que me irrita! Você não sabe! Aquele vestido que você me deu ficou apertado! Aaaai, eu fico looooouca quando essas coisas me acontecem! Você também, não quis ir comigo no shopping trocar essa merda! O pior de tudo é que hoje, quando estava indo para o trabalho, um motoqueiro mexeu comigo e você não fez nada! Pra que serve esse seu Jiu Jitsu? Ah,você não estava comigo? Por que não estava comigo na hora? Tava com alguma vagabunda? Aquela sua colega de trabalho, só pode ser ela. E nem pra me trazer um chocolate! Cala sua boca! Sua voz me irrita! Aliás,vai embora antes que eu faça alguma besteira. Some da minha frente!
Desnorteado, você pede o pinico e sai. Tenta dar um beijinho de boa noite e quase leva uma mordida.

Fase 4 - a Fase da Cólica**
No dia seguinte o telefone toca. É ela, com uma voz chorosa, dizendo que está com uma cólica absurda, de não conseguir nem andar. Você vai à casa dela e ela te recebe dócil, superamável. Faz uma cara de coitada, como se nada tivesse acontecido na noite anterior, e te pede pra ir à farmácia comprar um Atroveran, Ponstan ou Buscopan pra acabar com a dor dela.
Você sai pra comprar o remédio meio aliviado, meio desconfiado 'O que aconteceu?', você se pergunta!! 'Tudo bem'. Você pensa: 'Acho que ela se livrou do encosto'. Pronto! A paz reina novamente. A cólica dobra a fera e vocês voltam a ser um casal feliz. Pelo menos até daqui a 20 dias..

*P.S.: O PIOR NÃO É ISSO, O PIOR É QUE ELAS ESTÃO LENDO ISTO E ESTÃO DANDO RISADAS!!! ESTÃO DIZENDO: 'SOU ASSIM MESMO, E DAÍ?'

hahahahahahahah
Eu sou bem assim e vocês???

domingo, 8 de março de 2009

Á ela com carinho...

8 de março e me pego pensando em como, ou o que, escrever sobre o dia da mulher. Pensei em falar sobre a liberdade conseguida, mas lembrei das submissões e agressões que existem por aí. Decidi escrever sobre o que uma mulher representa, mas mesmo assim não sabia ao certo como dizê-lo sem ser muito clichê. Perguntei a um homem o que lhe vinha à mente quando pensava em uma mulher, ele falou em delicadeza, mistério e sensibilidade. Acho que finalmente encontro meu caminho.

“Acho que mulher tem sempre um ar de mistério”. Nem demais, nem de menos, quando existem dias que nem mesmo nós nos entendemos. Um olhar que diz muito, sorrisos que podem não ser de verdade, lágrimas de dor ou felicidade, nada é uma linha reta na vida de uma mulher. Tem dias que se acorda disposta a dominar o mundo, em outros só um bom colo já bastaria. Tem dias em que se está completamente destruída por dentro, mas mesmo assim consegue maquiar as coisas e passar por cima. Tem dias que tudo parece mais fácil.

“Difícil generalizar, acho que sensibilidade”. Eu diria mais, sensitividade. Mulher consegue entender o não dito, ver o que ainda nem aconteceu. Sabem o que falar na hora certa e sentem alguém precisando de ajuda a léguas de distância. Uma serenidade que faz o tempo parar e esquecer os relógios. Assim o choro é fácil, um abraço vale milhões, um beijo no momento correto pode resolver uma vida.

Mulher às vezes pode fingir que não sabe, que não vê, pelos mais diversos motivos, para evitar a dor, para fugir da verdade, para não incomodar, mas no fundo há uma verdade sempre lá. A grande mulher da minha vida sabe de mim o que eu nunca contei, me lê inteira em um só olhar, quando mais nova eu achava ela não me conhecia, ou que eu podia esconder algo da minha mãe, inocência.

“Acho que delicadeza”. Os movimentos mais comedidos, a pele mais macia, as representações dos olhares e beijos, o colo e tudo aquilo que faz uma mulher ser mulher. Mais do que isso, a inteligência ao saber tratar alguém, abraço de mãe que protege o mundo, colo que acalma tempestade e um “meu bem” em meio a pior briga de todos os tempos. Namorado, marido, filho, amigo, tanto faz para a atenção dada, talvez daí a delicadeza. Mas também são capazes de matar leões de preciso for.

8 de março e eu me pergunto como eu viveria sem elas. Parabéns mãe, vós, tias, primas e amigas!


PS: A foto foi escolhida pelo mesmo homem das definições!




Tatiana Coêlho

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sempre lá...

Você estava sempre lá. Quando eu chorava. Quando eu ria. Quando eu gritava. Quando eu sentia dor. Você sempre estava lá para mim. Fez os mais diversos personagens, de amigo, de irmão, de amante. Eu era só uma garota com um monte de coisas para aprender e você estava sempre presente, mesmo quando eu não queria te ver, mesmo quando eu te odiava, mesmo quando era você que me fazia chorar.

Você foi tantas vezes substituído. Tantas vezes eu te superei. Deixei que acabasse, que cada um seguisse, te tirei de perto de mim e de tudo que nos cercava. Mudei, cresci. Mesmo assim você sempre vai e volta. Acho que ainda sinto sua falta, do que éramos, do que poderíamos ter sido. Errei muito, mas não sozinha, sei que acreditou junto comigo.

Você me fazia tremer e hoje me traz só lembranças. Existiu um tempo que era grande, forte e ocupava todo os lugares em que eu estava ou mesmo olhava. Inesquecível e até mesmo intocável. Mas o tempo foi passando e o espaço foi ficando cada vez mais restrito até você caber em uma caixinha e ser mandado pro departamento de memórias.

A caixinha ainda existe porque um dia, talvez, você saia de lá. Talvez porque eu ainda não saiba lidar com algo do tamanho do que representou ou porque ainda nada ocupou o mesmo lugar. Mas sei que você deve ficar lá guardado por um bom tempo, porque assim eu posso continuar até ter outra caixinha para colocar no seu lugar.
Tatiana Coêlho

terça-feira, 3 de março de 2009

Que tal ficar em casa???

Não gosto de hospitais, nunca gostei, mas não porque me lembram morte ou coisas sérias, mas porque sempre sou mal atendida. Ou são médicos desatentos, enfermeiras mal-humoradas, administrativos insatisfeitos, enfim sempre tem um. Claro que também já me deparei com excelentes profissionais, mas infelizmente não são todos. Lembrando que falo de hospitais particulares, pois dei a sorte de ter plano de saúde, não são o reino da felicidade, mas é muito mais seguro do que esperar pelo Sistema Único de Saúde.

Nos últimos meses tive algumas experiências em pronto-socorro. Como acompanhante, passei 9 horas esperando a dor maluca do meu tio melhorar. Cheguei no hospital com ele às 2h da manhã e após doses de morfina e andando de sala de exame para laboratório foi-se a madrugada inteira. Às 8h eu só precisava de um resultado pra poder ir pra minha casa e dormir as horinhas que me restavam, porque eu trabalhava à tarde.

Fui eu pela terceira vez ao laboratório, uma hora depois do marcado no papelzinho. “Bom dia você pode ver se esse exame de emergência ficou pronto?”. Silêncio, alguns segundos depois a gordinha grunhiu alguma coisa, eu não ouvi, pedi que repetisse, ela gritou. “Não, não ta pronto e nem sei quando vai ficar”. Mas que diabos. O que eu fiz a ela? Eram 8h da manhã ela nem podia dar a desculpa de estar cansada tinha acabado de chegar no hospital, eu tava lá a madrugada inteira, era que completava 30 horas sem dormir.

Essa semana, como paciente, fui para o meu segundo exame de sangue em dois dias. Entrei no laboratório, assinei a papelada, sentei e tava esperando minha vez. Quando eu vi a enfermeira mais mal-humorada do planeta lá para tirar meu sangue. Eu já tinha até me preparado para grosseria, mas ela chamou uma senhora. Fiquei reparando na indelicadeza ao executar o exame da velhinha. Fiquei com raiva, não sabia os motivos dela, mas sabia que aquela senhora não tinha nada a ver com aquilo.

Sinceramente eu mal-humorada não furo ninguém nem deixo roxo nos braços alheios, bem queria às vezes, mas enfim a minha profissão não me proporciona. Meu ponto é meu mal-humor só faz mal a mim, como em muitas profissões. Mas e quem lida com gente? E pior, pessoas fragilizadas. Essa galera que trabalha com saúde, especialmente com agulhas, precisa saber a responsabilidade da profissão no momento da escolha. Não que não possam ter raiva, mal-humor ou ansiedade, afinal são humanos, mas mais do que ninguém precisam saber separar sentimentos. Ta indisposto? Melhor ficar em casa!!!

Tatiana Coêlho