quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sempre a verdade???

Quando eu era pequena me ensinaram que o importante era dizer sempre a verdade, mentir era absolutamente imperdoável. Depois, aprendi o conceito de “mentiras sociais”, aquelas que auxiliam a manutenção do convívio em sociedade. Agora eu descubro que falar a verdade “doa a quem doer” afasta muito mais do que atrai pessoas.

Não submeto minhas opiniões à censuras, tenho problemas em mentir apenas para falar o que as pessoas querem ouvir. Acredito em verdades inconvenientes, mas cada vez mais me vejo em posições que preciso pensar muito bem em como e o que falar.

As pessoas procuram as outras não para agregar idéias e discuti-las, elas o fazem simplesmente para legitimar suas teses. Por mais hipocrisia que isso soe, é como acontece. Já vem com a história pronta, só querem que você lhes dê razão.

Me pergunto o que está certo, porque determinadas mentiras são capazes de proteger e se há uma verdade que ninguém desmente é que pessoas mentem. Mas então alimentar a hipocrisia em prol do social ou continuar falando demais e correndo risco de ser taxada de grosseira?

Admito que vejo algumas figuras como “caso perdido” e me reservo o direito de nem gastar meu português. Não me stresso, as vezes me afasto e fico ali balançando cabeça no estilo platéia bem ensinada. Mas não sei se me sinto bem com isso.

Nessa eu não tenho respostas. Eu só sei que comigo é sempre a verdade!

2 comentários:

Rachel Marinho disse...

Falar a verdade é algo realmente importante. Acredito que ela é muito melhor do que mentiras que achamos que estão protegendo alguém. A questão é: o que é a verdade? A verdade é relativa (por incrível que pareça!). Tudo depende de quem analisa a situação. Posso contar uma história de um acontecimento de quando eu estava com uma amiga minha. E quando essa mesma amiga contar esse mesmo fato pode acreditar que duas histórias parecidas serão contadas. Isso mesmo: parecidas.

Fato é uma coisa. Opinião é outra. O fato é algo que, se omitido ou floriado, pode vir a ser descoberto na sua forma original. E aí sim o fato de ter mentido trará prejuízos. Já as opiniões são relativas. Eu falar do comportamento de alguém, da roupa, do corte de cabelo, dos pensamentos... não existe uma verdade aqui.

Precisamos tomar cuidado com aquilo que acreditamos ser verdade. Acredito que magoar as pessoas não tem preço. Ainda mais quando é algo relativo à minha opinião. E mais, algo que, se falado, não acrescentará nada a ninguém. Não é simplesmente uma questão de escolher as palavras. É uma questão de “peneiras” – passar a informação por três crivos: o da VERDADE, o da BONDADE e o da NECESSIDADE.

Enfim... Tema que pode ser escrito em milhões de palavras. O que posso dizer para resumir é que eu acho que o mundo seria muito melhor se as pessoas parassem de querer machucar os outros por simples capricho. Uma hora precisamos parar e nos perguntar o que realmente tem valor nessa vida.

Beijinhos

Rachel Marinho disse...

As três peneiras


Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo.

Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

- Três peneiras?

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade.

Deve então passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?

Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta e, arremata Sócrates:

-Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta.

Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.