
O Dias das Crianças era data esperada com ansiedade. A curiosidade dela era daquelas que faz perder o sono, dá coceira em menino e perturba o juízo, diante dela um apartamento fica pequeno para esconder um presente. Então, ao fuxicar o banheiro da dispensa lá estava o objeto de desejo, imponente e vermelha, até brilhava. A espiada não durou muito tempo, ela sabia que alguém poderia aparecer.
E descobriram a espiada. E veio vovô com uma história mirabolante de um sobrinho sabe-se lá de onde, não era lá uma boa desculpa, mas por um momento ela acreditou que o brinquedo não era para ela. Frustração de criança é de cortar o coração, mas eles foram fortes. E chegou o grande dia e nada foi tão divertido quanto o presente do vovô.
Dezesseis anos depois ela ainda lembra da sensação de subir na bicicleta debaixo do bloco e sentir o vento no rosto. Com um pouco de tristeza, lembra da falta que o vovô lhe faz, mas a lembrança deliciosa do pequeno homem de sorriso largo lhe entregando é reconfortante, nenhum dos outros netos terá o que ela teve. Foram muitos presentes, mas nenhum Dia das Crianças é lembrado com tanto carinho.
Um comentário:
Que linda história...
Sei que já te falei o quanto você escreve bem, seus textos são uma delícia, prende o leitor sem que sequer nos demos conta.
Beijo
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