Ele é um daqueles que quando parte parece que leva um pedaço
de mim, fica uma desesperança no lugar. O sentimento de perder um parente,
alguém muito próximo, mesmo distante faz o olho enxer d’água e vem uma tristeza
dolorida. Ele é daquelas figuras que não se explica, que se admira e que
esperamos anos, talvez décadas, para conhecer.
Ainda tenho muito a ler sobre ele e sobre uma história política/social
contemporânea e recente, o Apartheid encerrou seu ciclo há apenas nove anos, o
ranso ainda é palpável, há uma trajetória longa a percorrer. Dele ficam os
ensinamentos, o exemplo, os anos de luta e uma geração que pôde ter fé, que
pôde acreditar.
“Pode ser algo banal de se dizer a respeito de um indivíduo
excepcional, mas Nelson Mandela é uma daquelas figuras históricas que, entre
meados e final dos anos 50, e depois, nos anos 80 e 90, não foi apenas o homem
certo a ocupar o lugar certo. O importante é que ele ocupou esse lugar não só
de maneira decidida e deliberada, mas também com grande perspicácia política,
alta capacidade de adaptação e um estilo admirável. Numa época em que a luta
racial polarizada na África do Sul justificava uma atitude mais militante, ele
encabeçou a difícil decisão de pegar em armas e conseguiu persuadir sua
organização a apoiar a nova linha de ação. Mas, trinta anos depois, quando
Mandela considerou que chegara o momento de passar das polaridades beligerantes
para a mesa de negociações, outra vez encontrou uma maneira de impor sua
estatura moral, de levar adiante aquela decisão e de obter o apoio de sua
organização. Várias vezescriou um papel para si dentro da estrutura e do quadro lógico do CNA, e depois o
ultrapassou. Nunca duvidando de que tinha a razão a seu lado, ele conservou,
durante 27 anos de prisão, a fé em seu projeto de uma África do Sul sem
discriminação. Porfim demarcou seu lugar no futuro da nação como figura
encarnando não só a justiça, mas também, e acima de tudo, a esperança”
(BOEHMER, 2013)
Obrigada Madiba! Descanse em paz!
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