terça-feira, 19 de maio de 2009

Síndrome de Odorico Paraguaçu

Política no Brasil rende muitas histórias engraçadas, o famoso “se não fosse trágico seria hilário”. Desde os primeiros tempos de república a política se dá pelas relações clientelistas, as trocas de favores. O melhor disso é que para aparecer a galera sai por aí gastando horrores em mídia. São milhões em propaganda e festas faraônicas para as inaugurações.

De hospital a barreira eletrônica, tudo é inaugurado com pompa. Existia uma novela na globo, O Bem Amado, em que o personagem principal era o prefeito, Odorico Paraguaçu. A maior obra da autoridade tinha sido o cemitério da cidade, o desejo era claro, queria a todo custo inaugurá-lo, com toda pompa e publicidade de grande obra do governo, o único problema era: ninguém morria na cidade

Pra que um cemitério se nem defunto tem? Para os que não viram a novela, o prefeito consegue enfim inaugurar o cemitério, só que o corpo sepultado é o dele. Ironia ou não, o objetivo é atingido.

Mas a síndrome de Odorico permanece. Não vamos longe, semana passada fiz uma matéria sobre o Governador de Roraima que inaugurou a ponte Tacutu, fronteira Brasil e Guiana. O político só esqueceu de avisar a Guiana, resultado, barreira do lado de lá da ponte. Tudo que a autoridade brasileira conseguiu foi um conflito internacional e ser motivo de chacota.

Em Brasília, a capital do país, local em que as práticas políticas são mais sérias, certo? Errado. Uma breve pesquisa no Santo Google revelou tudo que o atual governador já inaugurou com direito a imprensa e festa. Alguns deles:

  • Escada rolante da estação do metrô de Ceilândia
  • Barreira eletrônica da ponte para o Lago Sul
  • Centro de Saúde do Riacho Fundo
  • Ciclovia de Samambaia
  • Novo vôo da TAP em Brasília
  • Centro Educacional 7 de Planaltina
    (entre muitas outras, foram mais de mil resultados na pesquisa....)


Publicidade é importante e até faz parte da prática democrática, mas um pouco de bom senso não faz mal a ninguém. E inauguração de praça me lembra “Taboquinha”, município de mil habitantes, com direito a fanfarra e cabos eleitorais. Sinceramente essa síndrome de Odorico Paraguaçu seria engraçada se não fosse tão trágica, tão um resgate de política interiorana, só faltam os coronéis e as putas, ou não.

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