Queria muito que meu ceticismo não beirasse o inaceitável.
Que essa minha postura cínica sobre as benfeitorias humanas me desse algum espaço.
Mas quando saio do texto e entro no contexto em datas como a de hoje me deparo
com a minha descrença e ela ganha força e amplitude. Nem certa, nem errada. Tão
pouco melhor ou pior, mas do único jeito que concebo o ser, com todos os paradoxos do sentido
existir. Só acredito que se é para amar
que seja o ano todo.
Não faça declarações magnânimas em um dia e corra no dia
seguinte, ou ainda no mesmo, para o “mundo proibido” que cantava o Zeca. Na
brincadeira do politicamente correto tem floricultura ganhando milhões e casal
fazendo tanto préstimo social que anda esquecendo de viver. Me pergunto se
ninguém briga mais pela maldita pasta de dente destampada na pia do banheiro.
As mentirar sinceras andam interessando muito. A
supervalorização do bonitinho anda subvertendo uma lógica que diz que amor é
outra coisa. Amor não se prova em outdoor ou em propaganda de TV. Amor se prova
na rotina, no acordar diário, com atenção. Amor se prova em fila de espera de
hospital, em lágrimas roladas, em abraços apertados, nos anos que passam. Amor
é altruísta, desinteressado, não pede nada em troca, se enobresse no bem estar
do outro, não procura palco, mora no singelo.
Me agarro aos modelos que dão sentido a vida, que aprenderam
a compartilhar, que aceitaram de fato o compromisso e decidiram pelo
relacionamento. Aquele que se constrói todo dia. Minha bandeira não é a dos
solteiros, menos ainda a dos casados, mas é a dos felizes. A felicidade e a
arte de ser só um, inteira e plena, para um dia, talvez, se transformar em dois,
três ou quatro ou mais. Se meu cinismo limita ideias românticas que vençam os
sapos charmosos e com caráter. Nem certo, nem errado, da maneira mais exata que
puder. Feliz 12 de junho.
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