segunda-feira, 10 de junho de 2013

Voluntariado e eu



Não tenho nenhuma dúvida ao afirmar que o Sonhar Acordado me transformou na profissional que sou hoje. As habilidades que uma festa organizada para 500 crianças exigem são infinitas, sem equipe não somos ninguém, sem bons líderes a festa desanda. Foi ali que aprendi sobre gestão, sobre visão sistêmica, sobre cronograma, orçamento e principalmente a me adaptar, a responder a demandas imediatas sem (muito) pânico. E ainda apresentar o trabalho voluntariado a pessoas com vontade de fazer algo por alguém.

Nunca soube se efetivamente modifiquei a vida de alguma criança ao longo desses quase dez anos de Sonhar Acordado, mas hoje sei perfeitamente o quanto elas modificaram a minha. Assisti o crescimento de algumas delas, mesmo vendo uma, duas vezes por ano. Receber o abraço “tia, você lembra de mim?” e ver que o “sobrinho” já beira a minha altura sempre foram momentos que não abro mão. E elas nos conquistam sempre, no olhar pidão, no sorriso largo, no beijo tímido, até no choro ou no piti de menino danado, o que conta é a sinceridade.

Mas não foi só com as crianças que aprendi em todo esse trabalho.  A cada festa, os voluntários me surpreendem, chegam com uma disposição de ajudar que não se vê em nenhum outro lugar. Dirigem para lugares distantes, carregam peso, viram decoradores, cerimonialistas, animadores, juízes de futebol, garçons e o que precisar. Nessa hora, eu acredito em boas pessoas, não é dinheiro que doam, é tempo, é vontade de fazer o bem, de sair da zona de conforto.

No último evento, após desembarcar o último ônibus me dei o direito de sentar e observar a festa. Uma dupla me chamou a atenç ão, bem no meio da quadra. Era uma das meninas da Casa Transitória, mais velha, uns 13 anos talvez, mas bem infantil ainda, uma idade difícil de lidar dentro do Sonhar, não é todo voluntário que tem habilidade. O “tio” mostrava uma simbiose absolutamente perfeita, não era nada inacreditável, eles dan çavam e riam, um riso gostoso, leve, divertido. Fiquei ali, olhando os sorrisos e lembrando porque eu gosto tanto de ficar com a coluna doendo, joelho inchado e braços doloridos, porque todo stress só vale exatamente para ver aqueles dois sorrisos. Chorei. E ri também.

No fim do dia, o espetáculo é outro, é assistir os “tias” e “tios” encantados por suas crianças, que as seguram até o último minuto, que se pudessem não mais se despediriam dos pequenos. Ali, aprenderam que elas na verdade não precisam de nada, só de carinho, de atenção. Podemos até não conseguir transformar a vida das crianças, mas os voluntários eu tenho certeza que o Sonhar muda. Não tenho nenhuma dúvida ao afirmar que o Sonhar Acordado me trouxe muito do que sou hoje e agradeço todos que sonharam e sonham juntos.

2 comentários:

Cecília Miranda disse...

Sua fofa!Cada palavra sua é a verdade mais verdadeira do mundo. O Sonhar Acordado vai muito além nas nossas vida, nos transforma profundamente mesmo! VIDA LONGA SA BSB!

Monique disse...

Nada mais gratificante do que saber que outra pessoa foi tocada. O Sonhar já valeu a pena só pela primeira festa, os primeiros voluntários. Mas agora, 9 anos depois vejo que o "lucro" de tantos voluntários e tantas crianças tocadas são o dom mais precioso. O Sonhar definitivamente mudou a minha vida, e a Tati fez parte dessa história! =)))))