terça-feira, 25 de agosto de 2015

Saudade...

Hoje me deu saudade. Todo ano quando setembro vem anunciando sua chegada é assim, sua falta me incomoda e acho que vai sempre me incomodar, mesmo quase 15 anos depois. Hoje senti saudade do café, dos livros, das palavras cruzadas, das madrugadas e até dos resmungos, de fiscalizar a casa...Por anos eu sonhei que você entrava pela porta de mala na mão e dizia que tudo havia sido um engano. Levei anos para conseguir pronunciar a sua ausência. Até hoje não tenho muita certeza se aceito sua falta. Como eu queria ter tido mais tempo com você.

Você se foi quando eu estava começando a descobrir um mundo que você já conhecia bem. Aprendi muito com você, mas tenho certeza que foi muito pouco comparado a tudo que tinha a me oferecer. Outro dia me perguntaram qual era a graça de livros e mapas e eu fiquei paralisada, me veio você. Como assim uma pergunta dessas? Porque com você eu aprendi sobre conhecimento, sobre informação, que cultura não tem área, você era o economista que lia As Lusíadas de Camões e adorava o Quincas de Jorge Amado.

Agora eu estou no Banco, quem diria que eu teria a sua mesma carreira? Mas acho que foi assim, meio sem querer que acabei escolhendo você, por gostar tanto da história que construiu, na sua simplicidade imensa do vovô de 1,5m. Como era bom gastar minhas noites ouvindo "Tatinha faz essa aqui".


Não tenho a sua simpatia, nem o carisma de conversar com qualquer criatura no mundo, mas tenho o maior amor do mundo pelo bem mais precioso que me deixou, a curiosidade pelo conhecimento, pelos jornais, pelos livros e nossas palavras-cruzadas, agora eu sei fazer as difíceis, mas ainda não me arrisquei nas que não tem divisão nos quadrinhos, um dia a gente volta a brincar juntos e você me ensina. Juro que não ando fazendo muita "zoada", nem "escangalhando nada vô. 

Hoje me deu saudade...

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