Exposição no Canal do Panamá, 2016 |
O 8 de março é
celebrado oficialmente como Dia Internacional da Mulher desde 1921, mas apenas
em 1945 a Organização das Nações Unidas assinou o primeiro acordo internacional
que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres e só em 1977 a
data foi reconhecida pela entidade. As lutas femininas são anteriores a ambas
as datas, os primeiros grandes protestos são ainda do século XIX em meio às
péssimas condições de trabalho pós-revolução industrial.
A luta por
igualdade de direitos não é nenhuma novidade no cenário mundial. O Banco do
Brasil tem em sua agenda a equidade de gênero, segundo matéria veiculada na
agência de notícias “apenas 11,7% das funções consideradas de comando
(presidente, vice-presidentes, diretores, gerentes
executivos e superintendentes estaduais e regionais) são ocupadas por mulheres.
Segundo dados da Febraban, é o menor percentual entre os maiores bancos
brasileiros. E o reconhecimento desta desigualdade é o primeiro passo
para mudá-la.”
A importância desse
reconhecimento da empresa já era explicada pela autora francesa, e conhecida
feminista, Simone de Beauvoir: “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a
distância que a separa do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma
independência concreta”. O filosofo Mario Sérgio Cortella explica
que feminismo não é o contrário do machismo, diferente ele não pressupõe que
mulheres são superiores, mas sim que são iguais.
É preciso falar de
feminismo, discutir aquilo que incomoda, a demonização do movimento não
contribue com a inclusão de importantes pautas na agenda pública. O mundo vem
entendendo aos poucos. O prêmio Nobel de literatura de 2015 foi dado a
escritora e jornalista bielorrussa Svetlana Alexiévitch, de 67 anos, ela foi a
14ª mulher a vencer o prêmio em 114 anos. Uma das raras autoras de não ficção premiadas
com o Nobel, escolhida por dar voz às mulheres soviéticas que lutaram na Grande
Guerra.
O 8 de março deve
ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para
discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda
sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi
alcançado em diversos países. O Brasil registrou, nos dez primeiros meses do
ano passado, 63.090 denúncias de violência contra a mulher - o que corresponde
a um relato a cada 7 minutos no país. Segundo o último mapa da violência contra
a mulher, foram contabilizados 4,8 assassinatos a cada 100 mil mulheres, número
que coloca o Brasil no 5º lugar no ranking de países nesse tipo de crime. Entre
2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios, em média,
5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano.
Há muitos avanços a
serem comemorados, mas ainda há muito que prosseguir. Nunca consegui explicar a
um homem a enorme diferença entre cantada e assédio ou o que é temer que o
corpo seja violado. Ficar apreensiva ao passar por um grupo masculino ou a
absoluta indignação quando a justificativa é o instinto masculino ou os trajes “convidativos”
femininos. Quem não controla instinto é bicho, fim da discussão. Por mais que
articule bem as palavras, algumas questões são absolutamente sensitivas, não há
como descrever, nem por isso devem perder legitimidade.
Nesse Dia
Internacional da Mulher, entendo o quão gosto da mulher que me tornei, por ter
consiguido percorrer todo o árduo caminho com a cabeça erguida, agradeço minhas
matriarcas, por vir de uma família com mulheres fortes há muitas gerações. Honro
todas as que vieram antes de mim, em suas lutas diárias, por toda coragem, por
determinação, pelas conquistas. E me apego a esperança, para que nossas meninas
não mais precisem discutir equidade, que liberdade, educação, trabalho e
dignidade sejam direitos, não sonhos.
“Que nada nos
defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância.”
(Simone de
Beauvoir)
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