
Você não estava na minha valsa, nem no fim da escola, tampouco quando segui meio sem querer a sua carreira. Não me viu segurar o canudo com orgulho, nem acompanhou a dolorida segunda graduação. Mas foi minha inspiração a cada passo. Meu extremo orgulho pela sua história, por ser fruto dela e por poder contar a todos com propriedade de neta especial.
Lembro de subir nos seus ombros e fiscalizar a casa, lembro
de reclamar do seu ronco alto. Guardo com carinho as idas até a banca de
revistas para comprar palavras cruzadas nível fácil, mera estratégia para se
livrar dos meus rabiscos na sua dificílima. O sorriso largo, a simpatia natural
e a estima em passar horas conversando. Minhas madrugadas sentem a sua falta.
Mesmo com a mesa da sala vazia, sem os livros, sem as
palavras cruzadas, sem as madrugadas ainda te sinto a cada passo, a cada
pedacinho da casa. Nenhum deles te teve como eu tive, ninguém te viveu como eu
vivi. Guardo tuas lembranças, e teus livros, com ciúme de um amor que é só meu,
que não quer ser compartilhado e que te mantém vivo em mim. Há onze anos eu te
perdi e há onze anos ainda está aqui.
Um comentário:
Lindo, Tati!!
Sinto essa saudade diária também, mas sabemos que somos guardadas e intuídas por esses anjos. Isso me dá um conforto profundo.
Beijo
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