domingo, 28 de outubro de 2012

Limpo o que não me cabe mais

Limpo meu armário e me despeço de tudo que já nao me cabe mais. Algumas nunca usei, outras usadas à exaustão. Limpo meu armário como se pudesse me livrar de você, te enfiar no fundo de uma gaveta ou colocá-lo na pilha de doação. Tenho vontade de rasgar tudo que usei com você, de me livrar de todas as calcinhas bonitas e andar de pijamas por aí.
Reavalio tudo que vivi, cada escolha, cada detalhe. Revivo toda a história que tinha cara de pra vida toda. Procuro lógica no irreal, faço avaliações psicológicas, se encontrasse o momento do crash pudesse consertar tudo. Silencio. Algumas situações não são para serem entendidas em voz alta, nascem para viverem no silêncio, no intocável, naquilo que vem no fim da noite, que conversa com o travesseiro e insiste em surgir sem comando prévio.
Entro em pânico, recomeçar pode parecer renovador para alguns, mas é absolutamente assustador. Trazer de volta sonhos, crenças e esperanças. Se desarmar de novo, se permitir de novo. Sinto meu estômago congelar. Duvido. Ainda me apego a você. Ainda vai doer. Só não estou pronta para o drama, não para ter raiva de você, não para seguir.
Me falta tempo, me faltam as horas de permitir tirar um recesso da vida e deixar tudo sair do controle. Choro sem querer. Sinto falta. Talvez se pudesse arrumar cada peça dentro do armário abarrotado eu poderia organizar o resto da minha rotina, achar tudo de novo, reorganizar horários, talvez te trouxesse de volta.


Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo texto!