domingo, 12 de novembro de 2017

Diário de Bordo Ásia - cap VI

E finalmente chegamos a Chiang Mai, principal cidade do norte da Tailândia, um expoente comercial e cultural. O roteiro inteiro dependeu desse lugar e dessa data, o objetivo era assistir ao famoso festival das Lanternas, sim aquele do filme Enrolados.

Vencida a rodoviária “Não conta lá em casa”, horas de engarrafamento e entender o Cab alguma coisa de novo, ainda meio zonza de Dramin,  chegamos no hotel. A cidade já decorada com lanternas coloridas encantou de primeira. Como meu estômago hostil só me deixa viajar de barriga vazia sempre chego morta de fome. A grata surpresa foi descobrir um restaurante com as típicas receitas da mama. Um italiano simpático cheio de sotaque atendia, cozinhava e servia. 

E veio o dia de conhecer os elefantes. O único passeio que reservei do Brasil. Pathara Elephant Farm, uma fazenda de resgate e preservação dos mamíferos. Como elefante na Tailândia virou uma atração turística, as denúncias de maus tratos são frequentes, tivemos a preocupação de procurar um local que não explorasse irresponsavelmente os bichos. Vimos um elefantinho com um dia de nascido, ainda assustado se protegendo embaixo da mãe, que ferozmente ameaçava quem tentava mexer em sua cria. Observamos o pessoal da fazendo ajudando o bichinho a mamar na mãe sem a interferência do irmão ciumento. Além de outros bebês, fêmeas e machos, elefantes de várias idades. 

O passeio era ser cuidadora de elefante por um dia. Nos ensinaram a fazer amizade (dando comida, claro!) e os comandos em Thai para nos comunicarmos com eles, se liga na pronúncia e eu que não decoro nada. Depois foi hora do banho (e de levar banho). E por fim, o passeio em cima deles, um pouco assustador, mas tamo aqui vivas. “Once lifetime experience” sem dúvida! Didi Seanpooh!

Chiang Mai foi fundada em 1296, capital do antigo reino Lanna, uma organização completamente diferente da confusa Bangkok. Tem mais de 30 belíssimos templos, tudo é muito ligada à religião, 95% da população tailandesa é budista, prova disso são os tradicionais festivais Yee Peng e Loi Khatong que movimentam toda a cidade.

A saga de descobrir sobre o festival foi longa. A coisa mais difícil da Tailândia é se entender com as informações, aqui não tem tudo mastigado para turistas e não é simples achar boas fontes na internet. Com custo entendi que assistiríamos na mesma data dois diferentes festivais, ambos de natureza budistas, porém com manifestações e origens diferentes.

Minha felicidade (de dar pulinhos) foi achar placas em inglês na praça contando a história dos festivais. Yee Peng é o famoso festival das lanternas, acontece na lua cheia do segundo mês do calendário Lanna, acreditam que a luz acesa afaste os males. O segundo Loi Kathong, ocorre na 11° lua cheia do calendário Thai, é uma data em que são colocados Kathongs no rio, uma espécie de oferenda, em que também afasta energia ruim e traz prosperidade. Ou seja é um festival de luzes na água e no céu.

Decidimos fechar um passeio no hotel. Bem turistão, mas era o mais seguro para ver o festival. Foi uma grata surpresa, nossa hostes Bee, uma tailandesa de inglês impecável, respondeu todas as minhas quinhentas perguntas sobre o festival, fofíssima. Além de termos tido a imensa felicidade de fazer khatongs com uma senhora tailandesa extremamente habilidosa com folhas de bananeiras e muito gentil.

Assistimos a um show de dança tradicional, comemos a comida típica e lançamos nossos Khatongs iluminados na água. E veio o esperado momento, ascender as lanternas. Quando sobem é uma sensação dessas difíceis de encontrar palavras para explicar, é como se fosse uma só energia, uma reunião de bons pensamentos, “nada te perturbe, nada te aflija”. O céu fica incrivelmente lindo iluminado, é uma sensação de paz, de felicidade. A emoção é de fazer chorar os mais incrédulos.

A graça de estar em Chiang Mai nessa data é que toda a cidade vive os festivais. Em Wat Chiang Mun um grupo de senhores simpáticos servia comida para quem quisesse. Ganhamos velinhas para acender pela rua e completarmos a corrente de luz em volta do rio. Assistimos ainda a um desfile imenso que contava a historia do Loi Khatong. 


Chiang Mai foi mágica. A filosofia budista Theravada, a mais tradicional delas, é quase palpável pela cidade. Saio com a sensação de recomeço, de estar pronta para o que virá, de ter deixado tudo de mal nas águas do rio e céu acima. Foi fantástico poder participar de cerimônias. Khorb Khun Na Ka Chiang Mai! 


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