segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Privado???

(28 de Julho de 2008)

Depois da onda internet parece que importa muito mostrar o que acontece na vida do que efetivamente fazer alguma coisa. Não se pode mais andar sem uma máquina digital para fotografar qualquer acontecimento. As pessoas tiram fotos delas mesmas em milhares de ângulos e o pior: as publicam!!!

As vezes chega a ser trágico apreciar o fotologs e orkuts, fotos “euzinha”, “euzinha comendo”, ainda “euzinha no chuveiro”. Ah pra que??? Engraçado que ninguém põe um foto “Eu acordando na segunda-feira de ressaca”. Todos se amam na internet e são melhores amigos, por acaso você anda por aí dizendo para as pessoas “te amo”??? Não! Nem deve, porque se não a coisa fica banal e chata!

A matéria de sexta-feira na contracapa do caderno Cidades do Correio Braziliense sobre o pedido de casamento nas alturas (o-amor1) me fez pensar. Peraí o cara avisou o jornal que ia pedir a mulher em casamento??? E mais tinha um fotógrafo la dentro??? Isso deve ser alguma síndrome. Freud explicaria! Eu não sei o que é pior, a cena toda, ou o jornal publicar.

A vergonha: eu trabalho nesse jornal!!! Isso vai contra todas as teorias existentes sobre o que é noticia! Qual o evento em um homem pedir uma mulher em casamento seja lá onde for? Que eu me lembre isso faz parte da esfera privada, pode até ser de interesse do público, mas de revista de fofoca ou algo do gênero, não de um jornal que se diz sério e comprometido com o interesse público.

O que aconteceu com a privacidade das pessoas??? Aquele momento só seu e de mais ninguém. Gosto de fotos, realemente gosto delas, mas gosto mais da minha esfera privada. Alguns vão dizer que é bom ter registros guardados. Eu vou responder que quero lembrar do cheiro, do sentimento, das sensações, coisas que uma foto não pode me mostrar, minhas lembranças guardo na memória não em uma caixa!

Há quem deva ter ficado emocionada com a “demonstração” do noivo megalomaníaco, mas eu digo que quero ser pedida em casamento da mesma forma que a Júlia Roberts pede o Richard Geere em “Noiva em Fuga”. “Eu te garanto que teremos dificuldades, Eu te garanto que em algum momento um de nós, ou os dois vai querer pular fora, Mas eu também te garanto que se não te pedir para ficar comigo irei me arrepender pelo resto da minha vida!”. Não quero holofotes, nem fotos, quero que seja apenas ele e eu da maneira mais simples e exata que puder.

Tatiana Coêlho

2 comentários:

Anônimo disse...

clap clap clap
assino embaixo.
ótimo texto, moça revoltadinha.

ps: não tive coragem de ler essa matéria. iria sentir vergonha, juro.
beijos!!

Anônimo disse...

Fala muito, mas muito sério. Vergonha total. É por essas e outras que eu sinto vergonha pelos outros. Fiquei constrangida de ler … imagina se fosse meu amigo?

Juro. Não ter vergonha de dizer que ama a pessoa é uma coisa, agora isso ai é … não merece nem comentários.

PS: todo mundo tem que ler a matéria pra saber como nunca NUNCA pedir alguém com o minimo de juizo em casamento.