segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Quando eu penso no futuro não me esqueço do passado"

(14 de Agosto de 2008)

Como boa historiadora e amante da música brasileira, me reservo o direito de falar de um dos compositores que mais admiro: Paulinho da Viola. Sou apaixonada pelo rítmo e ele é do tempo que samba de escola era cadenciado. Do tempo que ser músico popular era coisa de malandro, no mau sentido. Sim eu sinto saudade do que não vivi.“Tá legal. Tá legal, eu aceito o argumento. Mas não me altere o samba tanto assim”.

Eu o vi no sábado. Vieram primeiro os músicos e então ele entrou no palco. Calmo e tranqüilo, caminhava devagar como quem flutua em poesia Assim eu o vi enchendo o Centro de Convenções com sua musicalidade. Porque ele é assim, grande. Tenho a impressão que faz suas letras a cada “Bom Dia” que dirige a alguém, da maneira mais banal e natural que se possa fazer.

Carioca, nascido em Botafogo, escorpiano. Conheceu compositores e nomes do samba que eu nem sei o que eu faria se os visse. Viu Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Zé Ketti, Cartola, Nelson Cavaquinho e muitos outros. Cantou a Portela como ninguém mais.“Ah! Minha Portela! Não posso definir Aquele azul, não era do céu, nem era do mar. Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar”.

De seus encontros com os figurões da música nasceram letras que traduzem o que todos já sentimos.“”Ah coração teu engano foi esperar por um bem de um coração leviano que nunca será de ninguém”.Quem nunca sentiu uma dorzinha assim? Para quem não conhece aconselho escutar o CD acústico, pode parecer clichê, mas o formato favorece o trabalho desenvolvido nos mais de 40 anos de carreira.

Paciente como nunca, mesmo com o som em frangalhos fez apenas uma indagação após a microfonia, “Gostaria de saber o que João Gilberto faria se estivesse no meu lugar”. Contou histórias das músicas, explicou parcerias. Uma pequena aula de como pode nascer um samba.
Fez o não dito ser falado.“Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas. Eu também tenho algo a dizer, mas me foge a lembrança. Por favor, telefone, eu preciso”.

Homenageou Caymmi. E mais do que nos fazer ser navegados pelo mar enebriou a platéia que explodiu em aplausos.

Tatiana Coêlho

3 comentários:

Anônimo disse...

obrigada por me fazer sentir um pouquinho de como foi esse show!
e me faça o favor de não me deixar perder mais um show desses!

*arrepios*

Anônimo disse...

Gata, especialmente lindo esse texto … ah deu uma vontade ainda maior de ter ido ao show =(

Beijos!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Gata, especialmente lindo esse texto … ah deu uma vontade ainda maior de ter ido ao show =(

Beijos!!!!!!!!!!!